domingo, 14 de junho de 2009

Eu não sei o que sentir...

Quando se tem 20 anos de idade, você vive sob a expectativa de que cada manhã é um dia a mais pra ser vivido.
Quando se tem 80 anos, a perspectiva é que é um dia a menos no tempo que resta a ser vivido na terra.

Dizem que só damos valor às pessoas e coisas quando as perdemos, ou pelo menos, quando sabemos que estamos prestes a perder.
O fato é que quando sabemos que vamos perder uma pessoa querida, sabemos que é a lei da vida. Mas por mais que você seja uma rocha inabalável, uma hora você vai ruir. E quando essa hora chega você chora, surta, se questiona, questiona Deus, questiona a medicina.
Nascemos, crescemos e morremos. Essa é a lei divina.
Eu vivo dizendo que Deus empresta as pessoas umas às outras. Somos todos Dele. Mas aqueles com quem mantemos uma relação socioafetiva são mandados à terra e depois de cumprida sua missão, tem de voltar a Ele. Nós também somos assim.
Tenho pensado na morte. No poder desestruturante que ela exerce sobre mim, sobre nós, sobre as pessoas das minhas relações socioafetivas. Tenho pensado até na minha morte. Não de um jeito que sempre pensei.
Medo não é a palavra mais próxima. Ou talvez seja. Quando temos medo é porque ainda temos algo a perder. Ouvi isso num episódio de Grey's Anatomy e isso tá na minha mente pelas últimas 24h.
Mas tenho pensado que mesmo que você esteja com 20 ou 80 anos, e seja a morte um fato esperado ou simplesmente uma surpresa desagradável, de uma forma ou outra, a perda que os entes queridos sentem é exclusivamente ligada ao fato de que todo costume retirado de súbito é extremamente doloroso.
É difícil de repente, estar num ambiente que outrora foi utilizado pela pessoa que agora não está mais em nosso convívio. Essa convivência pode ter durado 80 ou 20 anos, mas é dolorosa do mesmo jeito.
E é complicado viver mais 20 anos ou viver até os 80 sempre com aquela pontadinha de dor no coração cada vez que você lembra o porquê dessa saudade doer tanto.
Dia desses, li que saudade é o amor que fica. E se fica é porque foi verdadeiro. Verdadeiro o bastante pra ter sobrevivido ao tempo.
“Saudade dói mas não mata”. Eu também vivia dizendo isso. Até hoje.
Pode até não matar, mas com certeza nos mantém agonizando até o fim dos nossos dias.

Acho que agora sim, estou com medo de sentir saudades...