quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Você já comeu jabuticabas?

Eu nunca tinha visto uma jabuticaba antes. Pensava que elas eram iguais ameixas. Mas parecem mais com as uvas. Como disse minha mãe, elas devem ser primas. (ok, eu não achei graça na piadinha por esse papo de primos e mamãe continuou a empurrar o carrinho do supermercado)

Eu odeio fazer supermercado. Mas também adoro. Sim, quem me conhece, e sabe desse meu jeito bipolar de ser, entende isso perfeitamente. Que eu posso amar e odiar a mesma coisa ao mesmo tempo! Rá!

Eu odeio as filas do supermercado. Desde a fila do balcão de frios, passando pela fila da panificadora, até a fila do caixa pra pagar as compras. Mas fazer supermercado é interessante. Você pode achar coisas legais. Desde uma pessoa interessante, até sei lá.. Jabuticabas, por exemplo!

Não encontrei ninguém interessante. Também com minha mãe do lado, estressada e extremamente apressada procurando creme de leite, frango defumado e couves verdinhas, não tinha nem como.

Mas hoje me aconteceu algo legal, sabe? Eu sinto que as vezes eu tenho muito medo do novo. Como hoje, eu pensei em nem provar as jabuticabas por medo de não gostar. Elas estavam lá, roxinhas, brilhosinhas, apetitosas e delicadamente colocadas umas ao lado das outras, numa bandejinha. Eu olhei e pensei: “Vou levar pra provar”. Quando ia me virando pra colocar no carrinho, mamãe me perguntou o que era e eu respondi com naturalidade: “Jabuticabas”. E ela me indagou: “Já comestes jabuticabas?”. Respondi com mais naturalidade ainda: “Não. Nunca comi."

Mas... Pára tudooo!!! Eu nunca comi jabuticaba!


Pronto! Um diálogo curto sobre uma dezena de frutinhas roxinhas me fez pensar um monte de coisas. Eu tive medo de não gostar das jabuticabas e olhando pra bandejinha como se o mundo todo parasse ante a minha crise existencial "jabuticabícia", eu me fiz algumas perguntas. E se forem azedas? Amargas? E se eu não gostar? Será que eu posso comer? Será que não vai aumentar muito a minha glicemia?

“Ei mãe, volta aqui... E tu? Tu já comeu jabuticaba?”. Ela disse que não e aí eu me senti perdida. Todo filho parte do pressuposto que deve confiar na experiência de seus genitores pra construir 50 % da sua experiência de vida. O resto a gente aprende com a gente mesmo. Mas a minha mãe nunca comeu jabuticabas! Meu Deus e se eu não gostar da bendita fruta! Vou estragar dinheiro e desperdiçar um alimento! Um pecado, no mínimo! Ah mas o papai deve ter comido jabuticabas e se eu não gostar ele come, ué! Simples! Eu sou um gênio.
“Alô, pai? Oi pai! Olha só, tu já comeu jabuticabas?”. “Não é aquele negócio que parece um pêssego roxo?”. “Não pai, aquilo é ameixa!”. “Ah, então não sei o que é!”

Putz! Me senti desolada! E agora? Comer ou não comer jabuticabas? Eis a questão!

Celular de novo. “Alô, mano!?” “O que é que tu já queres me perturbar?” (meu irmão é muito educado!). “Tu já comeu jabuticaba? É bom?”. “O que é jabuticaba?”. “Uma fruta! Parece uma uva”. “Não, nunca! Tu sabes que eu nem gosto muito dessas coisas naturebas”

Ok, meu irmão era a pessoa errada. Ele nem faz o tipo “saúde”. A criatura tem como prato preferido, arroz, farofa, rosbife, batata frita e meio kg de maionese!

Olhei pras jabuticabas com uma cara de desespero. Elas olharam pra mim e aí eu fiquei pensando...

O que mais tem por aí é gente reclamando que não consegue ser feliz. Que não entende como não consegue ser plenamente feliz.
Ora, me sinto uma criança de cinco anos de idade respondendo uma pergunta óbvia, na minha opinião. Não consegue ser feliz, porque não se permite ser feliz.

Tá, quando eu falo isso sempre sei que vai chover comentários do tipo “É claro que eu me permito ser feliz!!”

É? Então diz aí. Por quantas vezes, você deixou de tomar banho na chuva por medo de pegar um resfriado? Por quantas vezes disse: Ah, eu não vou passar o fim de semana no interior onde nem energia elétrica tem! (Mas tem o ar puro, livre de tanto poluentes que a selva de pedra produz). E quando se deparou numa encruzilhada e teve que escolher entre o caminho A e caminho B, escolheu o B e depois ficou resmungando como seria o A ao invés de aproveitar as coisas boas que encontrou no B? Hein? Duvido se por muitas vezes, não ficou olhando crianças brincarem tão alegremente e teve vontade de participar da brincadeira, mas não foi. Não foi porque, se julga velho demais, inteligente demais, compromissado demais, ridículo demais a ponto de pegar uma boneca e fingir que está alimentando-a.
Certamente, que por várias noites, recostou a cabeça no travesseiro e ficou pensando na falta de coragem de dizer a alguém que lhe amava, ou confidenciou que alguma coisa não estava bem. Isso se chama empurrar com a barriga.

A acomodação sem dúvidas é o principal obstáculo pra que se tenha dias verdadeiramente felizes. Todo mundo tem direito de surpreender, de ser surpreendido.
Quantas oportunidades a gente não perde só por pensar sempre no depois? O depois é uma incógnita.

O que importa é viver o agora, o presente. E que presente! Ontem já foi, não tem mais jeito. Pode chorar, se debater, espernear, surtar à La Amy Winehouse, mas já foi! Perdeu, playboy! Amanhã, iiih.. amanhã nem sei. Primeiro que não sei se vou estar aqui, ou aí, ou seja lá onde for. E nem sei se vou ser a mesma, integralmente. Ou se vou continuar seguindo a minha rotina. Aliás, eu nem sei se ainda vou ter uma rotina!

Portanto, eu ganhei um presentão de Deus! O HOJE!!! É no hoje que eu vou sonhar, que eu vou realizar meus sonhos, que eu vou chorar de alegria e de tristeza, que eu vou estudar, trabalhar, me estressar, ler, dormir, viver e amar. Sobretudo AMAR!

Não é porque eu não tenho mais um laço afetivo com alguém que eu vou deixar de viver e de amar. Tem um milhão de coisas pra amar. E eu amo a vida que eu tenho. Minha família, meus amigos, minha cadela, meus livros, meu conhecimento, meu mundo e a minha sobrinha!

E amo, muito, desesperadamente, inexoravelmente, incomensuravelmente... a minha vida! Com tudo que há nela. Com tudo que me transformou no que eu sou hoje. No hoje, no presente, no agora.
E esse é o meu presente. Continuar amando a minha vida.

Ah, e quanto as jabuticabas? Uma delícia! Doces, doces... Assim como o hoje. Um típico dia laranja! =D



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Passa o tempo. Tempo passa. Passatempo.

“A gente passa a vida toda procurando o amor verdadeiro. Mas desiste depois da maior decepção. Porque talvez, na realidade esse tal verdadeiro amor nem exista. Ou exista e a gente esteja ocupado demais pra percebê-lo. Amor é subjetivo, é mágico, metafísico... Embora haja decepções daquelas que fazem a gente pensar “Nasci pra ser sozinho”, depois de conhecer outra pessoa a gente volta a sentir aquilo tudo novamente. As pernas bambas, o calor no rosto, o coração batendo tão forte que é possível senti-lo na garganta...”


Eu tive vontade de lhe dizer tudo isso naquela ocasião. Porque depois daquela noite, a lua nunca mais brilhou de uma forma tão bela. Nunca mais, meu coração bateu tão acelerado, sentindo tua respiração quente no meu rosto, pele na pele, boca com boca, olhos nos olhos e eu pude sentir teu coração batendo perto do meu.

Por mais que o tempo já tenha passado, essa noite é uma das lembranças mais remotas e felizes que tenho de nós dois. O dia em que pelo menos por um único momento, meu sentimento foi correspondido. Impossível prever que seria a pessoa mais feliz do mundo quando estivesse do teu lado. Mais impossível ainda era prever que eu sentiria a tua falta mais do que qualquer outra coisa e que as tuas mãos, somente as tuas, poderiam me proporcionar os carinhos que me transmitiam segurança e proteção.

Não estava nos meus planos, me apaixonar. Também não estava, passar tanto tempo do teu lado. Era pra ser algo de só um dia, só do momento, nada sério. Apenas um passatempo, porque afinal, pra mim os homens sempre foram apenas passatempos e eu queria me divertir sem me apegar a compromisso algum.

Mas quando você me beijou eu senti como se tudo ao nosso redor sumisse. E de repente só existia nós dois. Teus olhos são lindos, de perto são mais castanhos. Parecem ter um brilho especial, ou seriam os meus que se refletiam neles? E as tuas mãos... Ah as tuas mãos são grandes e eu gosto de mãos que se encaixem perfeitamente nas minhas. As tuas costas largas de homem que protege a mulher num abraço aconchegante. E o teu cheiro, as notas amadeiradas e o âmbar... Elas estão impregnadas na minha mente até hoje. E cada vez que eu sinto teu cheiro, lembro do quanto me fizestes sentir tantas coisas da forma mais intensa.


Não sei se é uma coisa saudável me apegar só à lembranças, mas tenho vontade de comprar teu perfume pra ficar sentindo o cheiro dele cada vez que eu sentir saudades.


Eu já tirei tuas fotos da minha vista, só que não tive coragem de jogá-las fora. Estão guardadas numa agenda que fica sempre à mãos. Por mais que eu não as veja o tempo todo. Elas ficam lá. Bem acessível caso bata a vontade de olhar pro nosso momento casal, registrado num pedaço de papel que eu já deveria ter queimado, mas que me queima por dentro cada vez que eu tento isso.


Mas o nosso chocolate preferido continua sendo o meu chocolate preferido. Não sei se ainda é o seu, porque eu também não sou mais sua preferência em nada. Mas eu continuo gostando do chocolate, gostando de colecionar as figurinhas que vem nele. Um dia desses eu comi com um amigo. Não foi a mesma coisa. Ele jogou fora a embalagem com a figurinha. Você jamais faria isso. Sempre me davas a figurinha. Mas ele não é você. E foi quando eu virei pro lado olhei pra ele e percebi que a embalagem tinha ficado na lixeira foi que eu percebi que eu também tinha ficado pra trás no seu caminho. Assim como a figurinha na embalagem. Será que eu fui uma figurinha? As vezes eu acho que sim.

Eu tô sofrendo. Sofrendo muito. E cansei de me esconder sob uma capa de mulher-maravilha que é forte o bastante pra ser inabalável. Eu cortei meu cabelo, mas antes mesmo disso, eu já me sentia meio Sansão. O que eu tô querendo ao me mostrar forte, centrada, decidida e super-heroína? Você pra mim é kriptonita e eu senti isso hoje, em poucos minutos que ouvi sua voz no telefone, me tratando de igual pra igual. Eu te ignoro, você me ignora. Eu te desprezo e você me despreza.

Mas no fim, eu te amo. E você? Nem sei...