tag:blogger.com,1999:blog-62644039275981844352024-02-19T09:45:07.656-03:00Embaixo das cobertasEu assumo, o nome surgiu também, infuenciado pela música "Artifício Mágico" da banda Luxúria. Mas o fato é que todo mundo, quando criança, corria pra cama e puxava o cobertor até cobrir todo o rosto, até que o medo passasse, não é? Vou confessar, que ainda faço isso hoje em dia. Mas o ruim não é ter medo. O ruim é não assumir do que se tem medo. Como diria o Bial "Ruim é o medo de ter medo". Aqui, há tudo aquilo que eu penso embaixo do meu cobertor, antes de dormir. =)Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-26077408342333544442017-09-08T17:53:00.000-03:002017-09-08T17:53:39.325-03:00SutilNa semi-luz do ambiente eu observei cada segmento curvilíneo do seu corpo. Seu corpo não é perfeito, não é esguio nem musculoso. Você não faz o tipo que estamparia uma capa de revista, muito menos o que levaria as mulheres a correrem atrás de você. Mas você tem algo, tem essa coisa que chama a atenção.<br />
Não posso dizer que existe essa química entre nós quando claramente tem mais que isso. Tem história, física e até literatura. Eu escreveria um livro sobre você, por você e com você. Mas não era a sombra que a luz da vela fazia de você na parede que realmente chamou minha atenção. Foi ver, na verdade, que a chama refletia nos seus olhos e os seus olhos... Ah! Eles são lindos!<br />
Esse brilho lindo de quando você fala com a maior satisfação do mundo sobre o seu trabalho e de repente aquilo que eu achava chato se torna interessantíssimo.<br />
Seus olhos transmitem franqueza, suas palavras transmitem sinceridade. E aí você diz, conhecendo como ninguém, todas as verdades com as quais até hoje eu não conseguia lidar. E faz com que eu retire o que havia varrido pra debaixo do tapete das minhas emoções e vá jogar na lixeira do desapego. Você me faz pensar em acreditar novamente naquilo que eu achei que só existia nos contos de fadas.<br />
Não, não é amor à primeira vista, é algo que transcende a matéria, a metafísica, que se solidifica ainda mais quando você mostra toda a sua simpatia, charme, inteligência e bom humor. Você é tão você e nada eu que me faz mudar minha opinião e achar que realmente os opostos se atraem. E quando você precisa levantar da mesa nem que seja por 2 minutos, eu juro que eu só consigo pensar em como eu pude passar tanto tempo me desgastando com quem definitivamente só me fazia mal.<br />
Daí você volta a se sentar na minha frente e eu volto a olhar os seus olhos completamente hipnotizada em querer saber como eles estão me enxergando, mas não pela estética. Com você eu não me importo se eu tenho celulites na bunda ou naquelas malditas estrias na minha barriga. Quem se importa com isso quando eu tenho um mundo inteiro de experiências e conhecimentos pra oferecer e sei que você não vai me tratar como uma mulher submissa.<br />
Quero te pedir em casamento. Agora.<br />
Quero comprar uma caixa de cervejas importadas ou uma torta de chocolate com morango e te pedir em casamento. Nada de alianças de noivado, declarações públicas, extravagantes ou um pinguim. Tudo isso é clichê, e você é tão diferente, tão singular, com tanta energia nova que desperta toda a minha vontade de ser a pessoa que eu sempre fui, pois não preciso mais me esforçar pra fingir ser quem eu não sou.<br />
Não preciso nem mais do pinguim. Eu mesma quero quebrar um tabu e te pedir em casamento antes que você perceba que estou entrando em pânico me perguntando como é que uma pessoa tão magnífica se interessaria por uma maluca como eu.Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-24187772043776027012012-04-23T18:44:00.000-03:002012-04-23T18:44:08.624-03:00AgridoceJá passavam das seis da manhã quando acordei. Lembro de dar uma última olhada no despertador antes de jogá-lo na parede. Anotei na lista: Comprar um despertador novo. Olhei o resto da minha lista de compras: Itens de higiene e remédios. Minha felicidade sintética. Gostaria que continuassem a fazer efeito. Gostaria de uma injeção de ânimo as vezes, gostaria de uma solução mágica para os meus problemas.<br />
<br />
<br />
Tudo são remédios. Desde criança eu tenho que tomar remédios para uma infinidade de coisas. Pra todas as dores possíveis e imagináveis, pra fortalecer ossos, músculos, fortalecer meu sistema imunológico. Olhei pra minha caixinha de remédios. Abarrotada de comprimidos, líquidos, sachês. Sou hipocondríaca, triste constatação. <br />
<br />
Repensei na minha vida e nas minhas atitudes. Estou sempre remediando coisas. Sempre arrumando soluções para problemas quando tudo que eu queria que não acontecesse, acabou por acontecer. Porque será que sempre tendo a querer remediar? Porque nunca evito? Porque nunca me previno? Acho que minha hipocondria avançou nos aspectos da minha vida e se fez presente no meu caráter de forma integral. <br />
<br />
Levantar da cama é um martírio. Em dias como esse eu queria ter 5 anos de idade, dizer que estou com dor de dente e ficar em casa. Não trabalhar, não estudar, não cuidar de casa, não resolver problemas, não fazer absolutamente nada além de me enrolar no cobertor, tomar leite, comer biscoitos e assistir desenho animado o dia todo. <br />
<br />
Mas a vida me chama. E os problemas malditos além de chamarem, ligam pra celular, por skype, mandam sms, chamam a atenção no MSN, mandam recados no facebook, sinal de fumaça, ligam até pra sua vizinha e pedem pra dar recado. Sim, os problemas te acham sempre. E não adianta fugir porque problemas existem dentro de você. Eu já até tentei jogá-los dentro do freezer e matá-los por hipotermia. Tentei afogá-los na piscina. Tentei afogá-los com vodka. Nada adiantou. <br />
<br />
Esse gosto agridoce que invade as papilas gustativas da minha mente me leva a pensar em tantas coisas. Odeio pensar. Queria desligar meu botão de pensar e ficar assim num modo de vôo, um piloto especial, talvez. Odeio agüentar pessoas, odeio esse mundo, odeio respirar, odeio ouvir, odeio ver, odeio constatar que minha vida é uma merda. Odeio minha vida, me odeio. Odeio odiar. Odeio amar. Odeio saudades. Odeio bipolarizar. Odeio.<br />
<br />
Entrei no carro, fui pro supermercado, fui na farmácia, atendi telefonemas que só me trouxeram mais problemas, fui pra faculdade, assisti aula, não prestei atenção nas matérias, ignorei metade das coisas que me faziam feliz. Me afundei mais ainda na minha depressão. Senti saudades, peguei o telefone, disquei um número, desliguei. Não tive coragem de dizer “Oi, te amo. Sinto saudades. Por favor, fique comigo e me faça feliz.” <br />
<br />
Liguei outro número para pedir pra ter de volta. Pra pedir colo e dizer “estou com medo”, pra dizer que me arrependo de todos os meus erros e que a partir de agora eu juro que vou tentar ser do jeito que querem que eu seja. Desliguei antes de chegar a chamar. Também não tive coragem. Fiquei na vontade. Sou uma mulherzinha idiota.<br />
<br />
Não estou de TPM, não estou triste. Só estou cansada. Cansada de ser eu, cansada de estar onde estou, com quem estou, do jeito que estou. Cansada dessa vida, cansada dessas pessoas, cansada desse mundo, cansada de resolver meus problemas, os problemas dos outros. Cansada. <br />
<br />
Estou apenas cansada. Ou não. Apenas estou. Não sou.<br />
<br />
Só sou hipocondríaca. Só quero um porre. Ou umas gotinhas de Rivotril. <br />
<br />
Vou dormir porque por sorte, ainda não odeio dormir.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGltDNX5cOXqjxa-k3FZTe_q0uhQ_7wEAPKKmZnIWTqQ4i21XOElRhftS5-lYMn9WfU74yA9Plde_Fy4ml9Hqeu08TorR_Lqp5rQmMfW63TSA7YgseUGpOTSfJ4yQd3DtQFZ8PUe9eBY/s1600/06.07.2009-Moda-Internacional.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpGltDNX5cOXqjxa-k3FZTe_q0uhQ_7wEAPKKmZnIWTqQ4i21XOElRhftS5-lYMn9WfU74yA9Plde_Fy4ml9Hqeu08TorR_Lqp5rQmMfW63TSA7YgseUGpOTSfJ4yQd3DtQFZ8PUe9eBY/s400/06.07.2009-Moda-Internacional.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-5746457258074610962011-12-31T15:46:00.001-03:002017-10-24T00:54:40.902-03:00Feliz Ano Novo!Eu sempre sou daquele tipo de gente que fica super ansiosa por algum evento. Daí chega a véspera do dia esperado e eu simplesmente começo a alternar euforia e depressão.<br />
É uma mistura de pessimismo com otimismo, alegria com melancolia, desejo de viver e uma vontade inenarrável de tomar o rivotril todinho e acabar com tudo de uma vez.<br />
<br />
E aí, passado o meu aniversário que é um marco no ano nessa minha instabilidade emocional, vem o períodos das festas de fim de ano.<br />
Resolvo beber todo natal porque sempre espero o Papai Noel e a felicidade mas nenhum dos dois vem. Então viro algumas doses e durmo pra esquecer que quando acordar de manhã não tem nenhum presente com meu nome embaixo da minha árvore nem tem ninguém me ligando dizendo que quer ficar comigo o resto da vida, casar, ter três filhos, dois gatos, um cachorro e uma casa com jardim chinês.<br />
<br />
Passa o Natal e eu me animo com o réveillon. Aí no dia 31 começa tudo de novo.<br />
Porque as pessoas festejam a passagem do dia 31/12 pro dia 01/01? É só mais um mês dos 12. Só mais um.<br />
Mas tem essa magia toda que envolve o réveillon. Essa coisa de esperar que o próximo ano seja melhor, que a vida seja melhor. De repente todo mundo é bom, todo mundo é educado e te deseja coisas boas pro próximo ano. Até o seu vizinho que você passa 364 dias sem nem dar bom dia quando vê você saindo do carro grita "Feliz Ano Novo".<br />
Pras pessoas é um começo. É um recomeço.<br />
<br />
Pra mim é só o fim. Fico inquieta com essa coisa toda, esse glitter todo, os fogos me ensurdecem, não me deixam nem ouvir meus pensamentos e eu só quero que aquilo tudo termine.<br />
As pessoas veem até mim me abraçar a meia-noite e eu dou um sorriso amarelo.<br />
Alguém pergunta se não estou feliz. Não é que não esteja feliz. Seria um crime não estar feliz pelo simples fato de estar viva, mas acho que estou apenas cansada.<br />
<br />
"O que é que essa menina tem? Tá ali toda solitária."<br />
"Deixa, ela é assim mesmo, depois melhora..."<br />
<br />
Eu sou assim. Depois eu melhoro. Quando acaba tudo, quando a festa acaba, quando os fogos cessam e as bolinhas do champanhe param de subir, eu melhoro. Acabou. É o novo ano. É fim do começo. Aleluia!Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-85266994260231626782011-08-28T22:27:00.006-03:002011-08-30T00:22:51.958-03:00Montanha russa.<div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;"><span style="font-family:verdana;">São 21:52h de um domingo quando comecei a escrever esse texto. Estou comendo penne com creme de atum, sozinha e escrevendo aquilo que eu não consigo falar. Nada consegue simbolizar mais o quão depressiva eu estou.
<br />Amanhã a terapeuta vai me perguntar como eu estou e eu vou responder que eu estou bem. Mas minha mentira será ignorada porque certamente ela não pode fazer nada além de me dar outras drogas pra eu seguir minha vida me dopando e fingindo pra mim e para todos que estou de fato, bem.
<br />Disseram-me que estabilizantes demoram a fazer efeito. Que eles levam pelo menos 2 meses pra começar a fazer o efeito esperado. Comecei a tomá-los já fazem 6 meses e estou sempre à espera do efeito que me foi prometido. Tive diversas recaídas, tive vontade de me matar, tive descontroles, surtos, e cada vez que eu olho no espelho eu vejo que eu minto pra terapeuta, pra minha família e pra mim mesma. Eu não estou nada bem e pareço estar longe da <em>Felicidadelândia</em>.
<br />Todos os meus planos parecem que nunca vão dar certo e que quanto mais eu sonho, mais eu caio no chão e ralo os joelhos. Quero sair na rua e tentar encontrar, tentar me encontrar. Mas quando eu me perdi? De quem eu me perdi? Do que eu me perdi? Eu me perdi?
<br />Preciso me encontrar, preciso encontrar quem eu amo, preciso encontrar o caminho do encontrar-se. Mas onde começa esse caminho? Será que eu não passei por ele e esqueci de olhar melhor? Essa estrada permite retornos ou é só uma linha reta de uma única mão?
<br />Apago a luz do quarto e deito pra esperar o sono. Tenho sonhos que parecem tão reais que parece que a qualquer minuto eu não vou mais acordar. E na atual situação eu acho que isso seria o melhor pra mim.
<br />Acordo sobressaltada, respirando forte com o coração num ritmo acelerado. Foi mais um sonho, estou viva. As coisas estão dentro do controle. Eu deveria estar feliz, mas não estou.
<br />Volto a dormir. Acordo bem, com vontade de abraçar até a parede. Brinco com o cachorro, digo bom dia pros vizinhos. Dou passagem pra todos os motoristas que encontro ao longo do dia. Cumprimento todas as pessoas que passam por mim e cantarolo alguma música com versos alegres.
<br />Tenho vontade de viajar, escrevo para velhos amigos dizendo o quanto gosto deles. Cozinho bem, acerto temperos. Trabalho eficientemente.
<br />De repente os fantasmas na minha cabeça começam a sussurrar coisas que eu quero só esquecer. E me fazem lembrar que não sou forte o bastante. Que até minha pose inabalável é uma mentira. A vida é uma mentira.
<br />E as verdades todas começam a vir em minha direção. Todas de uma vez. Feito pingos de chuva que se chocam violentamente contra o nosso corpo e doem de uma forma dolorosa, não dolorida. Uma chuva que dói. Tenho medo de tempestades. Tenho medo da vida real. Tenho medo desses altos e baixos. Dessa chuva e desse sol que ficam se alternando como num piscar de olhos.
<br />O telefone toca.
<br />- Oi Lívia, como você está?
<br />- Bem. E você?
<br />- Ótima. Tô ligando pra conversar sobre...
<br />
<br />Minha velha amiga começa a contar suas felicidades às vésperas do seu casamento. E tudo que mais me frustra é que enquanto ela pede minha opinião sobre flores e organzas, meu penne esfriou.</span> </span></div>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-33558331621860874812011-05-15T21:07:00.004-03:002011-08-28T22:44:23.217-03:00Um café, um cigarro e 15 minutos.<div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Meus dedos digitavam rápido o maldito trabalho que eu já não podia mais protelar. O escritório parecia pequeno demais pra minha raiva. Queria gritar, queria espernear, queria jogar um copo na parede.
<br />Mandei os estagiários irem almoçar.
<br />- Mas já, doutora? Ainda são 11h da manhã.
<br />- Meu filho, vai. Corre daqui enquanto você ainda tem tempo. Tô mandando ir logo. Voltem às 14h. Nada antes nem nada depois disso!
<br />
<br />Meu sócio tá com a filha doente no hospital. Essas coisas que criança nova vive pegando. Gripe ou coisa parecida.
<br />Casal de primeira viagem acha que qualquer resfriado já é uma tuberculose. Então deixa eles com as neuras deles que as minhas já são muitas.
<br />De repente eu parei e fiquei sentindo a ausência de vozes na minha sala. Eu poderia dizer silêncio mas compramos um escritório no 3º andar em uma avenida super movimentada. Levantei, joguei os saltos pra debaixo da mesa e andei descalça como se me livrando daqueles sapatos desconfortáveis minha alma também se sentiria confortável.
<br />Sentei no sofá mas ainda precisava de mais um conforto. Levantei e arranquei a meia-calça como se arrancasse minha própria pele saindo de um eu que não sou eu pra um que tenta ser eu.
<br />Meu divórcio saiu há um mês. E tem seis que eu não fumo nem bebo cafeína que é pra não piorar a insônia. Tô fazendo yoga, tai chi chuan, meditação e um milhão de coisas que meus amigos dizem pra eu fazer pra não ficar martelando minha própria cabeça do porquê joguei meu casamento no lixo.
<br />O fato é que meu casamento, como vários, não resistiu à crise dos sete anos e agora, cá estou divorciada e sem nem saber como paquerar alguém após 9 anos de absoluta monogamia. Os que mulheres com 33 anos fazem pra arranjar um namorado? Internet? Boates? Mulher já pode chegar no homem e ter a atitude de convidar pra sair? Pode pagar bebida na balada?
<br />Só o alívio da meia-calça não adiantava. Eu preciso de algo mais.
<br />
<br />Fui até a copa e abri o armário. Raul gosta de café extra-forte. Mas como amigo e sócio, pensando no meu bem estar, resolveu esconder a droga da viciada aqui. Achei o potinho. Cheiro de café de verdade. Não aquela água açucarada que eu venho bebendo. Peguei minha caneca, taquei água fervendo e três colheres bem cheias do café solúvel. Dei uma golada como uma criança beberia do rio de chocolate do Willy Wonka. Café é libertador. Café é vida!
<br />
<br /></span><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Subi pro terraço. Descalça e sem meia calça e já com a gola da blusa desfeita. Pouco apresentável, mas no terraço do prédio ninguém iria me incomodar ou roubar meu café.
<br />Fiquei lá observando a avenida. Aquele bando de gente apressada, carros indo e vindo. Criança chorando, cachorro latindo. Mas ao mesmo tempo que estava à minha frente, estava tão longe. Tão longe que consegui anular aquilo e olhar só o horizonte.
<br />De repente a porta se abre e um homem aparece. Um semi-engomadinho, gravata afrouxada e uma cara conhecida.
<br />
<br />-Oi
<br />-Olá
<br />-Tudo bem?
<br />-Sim
<br />-Fazendo o que aqui?
<br />-Nada
<br />-Você é assim sempre tão monossilábica?
<br />-Oi?
<br />-Ok, deixa pra lá. Miguel, 4º andar
<br />-Ehhrr Andrea, 3º andar
<br />-Aaah a advogada, né?
<br />-Sim.
<br />-Sempre vejo você no elevador.
<br />-Eu acho que eu nunca te vi.
<br />-Pois uma mulher bonita como você nunca passaria despercebida.
<br />- ...
<br />-Posso fumar?
<br />-Você veio aqui pra isso?
<br />-Você se incomoda?
<br />-Porque eu deveria?
<br />-Você vai ficar fazendo perguntas? Posso ou não?
<br />-Eu sou a sua consciência?
<br />-Hahaha. Tudo bem então.
<br />
<br />Eu podia pedir o telefone dele naquela hora. Ou podia me jogar pra cima dele de uma vez. Eu já tinha visto ele no elevador, na portaria, na garagem. Certa vez ele achando que eu não tava ouvindo comentou com um amigo que me achava gostosa. Não sou puritana, foi bom ter ouvido aquilo, mas deixei pra lá porque ainda era casada.
<br />
<br />-Me dá um cigarro?
<br />-Você fuma?
<br />-Não, meu celular descarregou e preciso mandar sinal de fumaça pra minha empregada não esquecer de alimentar meu gatos...
<br />-Hahaha. Engraçadinha. Mas é sério, você fuma?
<br />-Se você vai me fazer perguntas, sugiro que nos encontremos num tribunal pra fazer isso perante um juiz...
<br />-Calma, gata. Tá aqui seu cigarro
<br />-Obrigada. Tem seis meses que eu não fumo. Tô em crise de abstinência de nicotina.
<br />-Seis meses? E porque fumar justo agora?
<br />-Apenas não estou tendo um dia bom.
<br />-Por que?
<br />-Um caso chato, pessoas me irritando, meus pais querendo se mudar pra minha casa, e a filha da empregada comendo meus doces escondidos.
<br />-Então que tal no fim do expediente a gente sair pra tomar alguma coisa e eu te fazer relaxar, te dar algum prazer?
<br />
<br />Daí ele se aproximou. Pronto. Aí é o ponto. Homens bastam ver uma mulher com alguma fragilidade pra convidar pra sair. Senti a segunda, a terceira, a quinta e até a ré de intenções naquela pergunta. E definitivamente, nem com todo tai chi chuan e todo antidepressivo que houver nessa vida, eu ainda não estou pronta pra outro envolvimento afetivo.
<br />
<br />-Queridinho, obrigada pelo convite, mas todo prazer que você podia me dar durou os 15 minutos desse cigarro. Tenha um bom dia!</span></div>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-4174334140617402462010-11-28T04:01:00.005-03:002013-07-28T01:23:16.653-03:00Cicatrizes<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">A maioria das pessoas não gostam de ter cicatrizes e sentem vergonhas em mostrá-las. Escondem sob roupas, maquiagens ou tatuagens.<br /><br />Alguns pontos da síntese inflamam, a pele as vezes não convalesce como o esperado, a linha reta pode entortar e a cicatriz toma uma forma indefinida. Ou ainda, num processo biológico, um caso de quelóide pode agravar ainda mais a anatomia de um processo cicatricial.</span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Minhas cicatrizes são grandes e irregulares, uma em cada perna. Estão longe de serem cicatrizes delicadas. São agressivas aos olhos alheios. Causam incômodo e fazem as pessoas terem muita curiosidade, não conseguirem se segurar e acabar perguntando o que eu fiz para ter aquelas marcas enormes nas minhas pernas. Quando conto que são advindas de cirurgias para correção de um problema nos joelhos, sempre ouço "Poxa, mas tão nova". Sim, bem nova. Antes mesmo dos 30 anos que é para não ter problemas de desmineralização óssea ou antes mesmo de me ocupar com qualquer outra coisa que não seja a minha vida e a minha saúde. E quando dizem para eu procurar um cirurgião plástico para "ajeitar o problema" eu agradeço a sugestão e digo que estou bem do jeito que estou. </span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Eu amo as minhas cicatrizes. Elas são bem mais do que simples incisões feitas por um bisturi e depois suturadas. Há muito mais por trás delas. Há uma vida toda que foi intensamente vivida e bem aproveitada. Tem todos os planos que fiz e desfiz por inúmeras razões. Tem todas as experiências que acumulei durante minha vida toda. Tem sonhos, pesadelos, sede e fome de aspirações. Tem viagens realizadas, pessoas que conheci e sempre lembrarei e também aquelas que me tomam um esforço diário para tentar esquecê-las. Tem amores e ódios. Amizades, paixões, frustrações e orgulhos. Tem acontecimentos engraçados, tristes, tensos e até bizarros. Tem os idiomas que eu falo, o conhecimento que adquiri, as técnicas de defesa que aprendi ao lidar com todo tipo de gente. Tem sangue, choro, garra, esperança, suor e superação. Tem esforço - e algumas vezes também - cansaço. Mas se tem uma coisa que não existe em nenhum dos 33 pontos das suturas é desistência. Com toda dificuldade, com toda dor, com todo o ferimento, a persistência foi simplesmente a linha que sintetizou a pele novamente. </span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Sou uma pessoa ímpar. Tenho plena consciência disso. E diferente das pessoas que se envergonham, eu tenho muito, mas muito orgulho mesmo, das minhas cicatrizes que não são nada perfeitinhas e delicadas, bem pelo contrário, são tortas. São hardcore. São punk. São minhas. É a minha história que elas escreveram e também, claro, reescreveram.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Sempre que posso uso shorts. Tenho comprado vestidos cada vez mais curtos. Quero que as pessoas vejam minhas cicatrizes e se perguntem como eu posso ter aguentado a dor que elas causaram.<br />Como aguentei, nem sei. Mas sei que aguentei e ponto. Sou mais forte do que supunha. E aprendi mais coisas do que saber como fazer a assepsia de uma sutura.<br /><br />Já pensei em ampliar uma foto delas e colocar como um quadro no meu quarto para expressar todo o meu afeto por essas marcas que aqui existem e que são muito mais do que sinais de que tive meus fêmures fraturados em sacrifício para consertar minha estrutura óssea. Quero colocar como wallpaper no meu celular, nos meus computadores ou fazer uma estampa de camisa com a foto delas. Como se fossem troféus de uma importantíssima competição entre eu e mim mesma em que eu fui a campeã. Apenas porque elas mostram que tive dificuldades, limitações, provações e passei por traumas físicos e psicológicos mas me recuperei. Que a dor diminuiu, problemas foram consertados e embora sequelas tenham ficado, mantive a cabeça erguida, reuni coragem e encarei de frente uma coisa que várias outras pessoas protelam para fazer e se submetem a uma vida de analgésicos para disfarçar a dor.</span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Uma cicatriz existe pra mostrar que um sacrifício foi vencido com sucesso pois caso contrário, no lugar da cicatriz ainda existiria uma enorme ferida aberta causando uma dor contínua e deveras incômoda.</span></div>
Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-81083150238632988872010-10-01T06:30:00.002-03:002014-07-09T00:46:57.276-03:00Quanto mais eu preciso lembrar até que eu consiga esquecer?<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Sou cinéfila e sempre fui uma pessoa solitária. O combo filha única+antissocial+nerdice garantiu isso. Então a maior parte do meu tempo livre eu aproveitava pra ler e pra assistir filmes. São coisas que gosto e que de certa forma me fazem a companhia física da qual eu não disponho. Eu acho que eu me acostumei a ser só. Tanto é que quando eu arranjo uma companhia, se ela fica muito presente, os pólos se invertem e de alguma forma o universo conspira, ou talvez eu me auto sabote e aí volto a ser sozinha novamente. Namoros enchem o saco, terapeutas enchem o saco, amizades enchem o saco. Qualquer pessoa que se atreva a passar a linha de segurança máxima da minha privacidade, enche o saco.</span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">E aí eu corro e me escondo num lugar da minha mente onde só eu tenho acesso. Fico toda encolhidinha dentro de uma caixa de sentimentos. Eu sempre fui assim. Poucos amigos, muitos segredos quando se tratava dos meus sentimentos, muitos sonhos não compartilhados, muitas opiniões escondidas. Muitos gritos abafados. Nenhuma lágrima de medo na frente de ninguém. Se tem um sentimento que eu realmente escondo é o meu medo. Tenho medos incontáveis. Fundamentados nas mais diversas razões. Mas sempre finjo uma pose de durona e não deixo ninguém saber deles. Talvez seja esse meu maior problema nas terapias desde criança. Eu não conto os meus medos. Meus traumas me causam medo. E eu não falo dos meus traumas.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Freud ensina que nosso aparelho psíquico suprime todas as experiências que nos causam dor e o consequente abalo de nossa integridade psicológica. Nossa mente cria mecanismos de defesa que nos retiram da realidade dolorosa em que nos encontramos. Devo ter traumas escondidos na minha mente. Coisas que foram involuntariamente enviadas ao meu inconsciente. No entanto, ainda me restam traumas que eu gostaria que tivessem tido o mesmo destino. A mente é vasta e foge de qualquer entendimento humano. Desde os bilhões de neurônios aos milhares de processos cognitivos. Então por que somos capazes de esquecer certas coisas e em contrapartida precisamos nos lembrar constamente de outras? </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;"></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Certamente que tenho problema de memória. E quando digo problema de memória não é porque ela está falhando e me fazendo esquecer as coisas. Não. Muito pelo contrário, o problema da minha memória é que ela é uma garota muito sapeca e fica me fazendo lembrar o tempo todo daquilo que eu preciso esquecer. Ou que pelo menos me obriguei a esquecer.<br /><br />Dia desses acatei a indicação de um amigo e assisti o filme "O brilho eterno de uma mente sem lembranças" e comecei a refletir sobre ele. Quantas vezes eu não quis a melhor solução pra esse meu problema de memória... E a solução que o filme apresenta é mais fácil, mais prática e mais confortável. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Depois que uma relação termina, há dor para as duas partes. No entanto, uma sempre sente mais que a outra. Uma parte supera e segue em frente. A outra parte que fica com todo o sentimento acumulado esperando pra ser gasto finca o pé no terreno do abandono e se afunda num processo sadomasoquista sentimental. A dor sempre vem acompanhada de vários estágios. Desde a negação até a barganha. Cada pessoa responde de uma forma, mas algo é sempre recorrente: A cara de idiota na frente do espelho, em meios aos vestígios do escape – geralmente alimentício, alcoólico ou qualquer forma bem pouco saudável – as lágrimas e o desleixo estético, se perguntando “Porquê?” </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;"></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Eu juro que na hora em que a saudade sufoca, não cabe mais dentro de mim e resolve escorrer pelos olhos é quando eu mais queria poder deletar algumas coisas do sistema operacional da minha cabeça. É uma lixeira que nunca se esvazia e onde não existe obediência ao comando shift+del.<br />Queria eu poder enfiar numa caixa todos os objetos que me remetem à lembrança desse período, seus presentes e todos os objetos que me trazem suas lembranças à tona, dormir algumas horas e quando acordasse seria como se a sua presença na minha vida nunca tivesse existido. Como se nada tivesse acontecido.</span></div>
<div align="justify">
<br />
<span style="font-family: arial;"><span style="font-size: 130%;">Eu não teria me atrasado pra aula e não teria corrido pra subir por aquela escada naquele dia, nós não teríamos nos esbarrado, eu não faria amizade com nenhum de seus amigos, eu não teria lhe dado meu e-mail no laboratório pra gente conversar melhor, não teria contado nada dos meus medos, meus segredos ou meus sonhos. Nós não teríamos feito amizade. Não teria segurado sua mão nem teria sentido seu abraço enquanto meu pai estava à beira da morte. Eu nem teria aceitado sua presença nessa ocasião e muito menos teria chorado no seu colo. Eu não teria ninguém pra chamar de minha pessoa, ninguém pra rir junto das coisas que só eu acho graça. Eu não teria feito a viagem que colocou tudo a perder só porque eu achava que relações não funcionam à distância. Eu não teria sentido ciúmes nem teria me sentido ameaçada por uma pessoa que tem mais sorte do que eu por estar em sua companhia todos os dias. Não teria me cansado de ser só e implorado por sua companhia. Eu não teria criado um mundo só nosso, com costumes só nossos, onde éramos figuras heróicas e onde nos compreendíamos de forma completa reciprocamente e onde eu queria lhe salvar de todos os problemas do mundo só pra lhe fazer feliz. Eu jamais, teria tido alguém pra contar sobre os meus traumas, os meus medos e tudo aquilo que me incomodava. Não teria permitido que conhecesse o meu lado que eu nunca havia mostrado pra ninguém.</span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Eu não teria sido feliz com alguém por 3 anos sem precisar fingir ser quem eu não sou. Nada disso teria acontecido. Mas ainda assim, aceitaria apagar seus vestígios da minha memória pois apesar da importância das lembranças felizes esquecer é preciso depois do fim, já que tudo se torna tão dolorido.<br /><br />E tudo que eu queria agora era esquecer que cada vez que penso em nós, sinto o pesar de toda uma vida que poderia ter sido e acabou não sendo.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Acho mesmo que <em>Sou apenas uma garota complicada tentando encontrar paz de espírito.</em> Então, por favor, em um dia frio venha correr numa linda praia comigo e me diga...<br /><br />Tudo bem. Não há nada em você que eu não goste.</span></div>
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4f1rWWXRVULmBc6Qv3MBzDufJxCxVIWYJ20NhmwLaxMpp5PtsMkadaPF0oGkSTz50hq-o_WpSc0SULh_R5aLL_g1kIDP-qPxdYjV4PKbkV1G_ATmwJBEvZMpr41tja8Gz4BQ0wazzLm8/s1600/ETERNALSUNSHINEE.jpg"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4f1rWWXRVULmBc6Qv3MBzDufJxCxVIWYJ20NhmwLaxMpp5PtsMkadaPF0oGkSTz50hq-o_WpSc0SULh_R5aLL_g1kIDP-qPxdYjV4PKbkV1G_ATmwJBEvZMpr41tja8Gz4BQ0wazzLm8/s320/ETERNALSUNSHINEE.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5522934819060353442" style="cursor: hand; float: left; height: 233px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 388px;" /></span></a><span style="font-size: 130%;"><br /></span><br />
<div align="center">
</div>
Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-49629390024186944842010-09-18T06:21:00.007-03:002012-06-17T19:18:02.046-03:00A insônia, o gorila e a menina pensante.<span style="font-family: arial; font-size: 130%;">Dormi a uma hora, acordei ás quatro da manhã e perdi o sono. Enrolei na cama, virei pra um lado, virei pro outro, diminuí a temperatura do ar condicionado, percorri todos os canais da tv a cabo, desliguei a tv, tentei contar carneiros, porcos, elefantes, zebras, girafas e até bichos-preguiça que quem sabe demorando a contar o sono voltasse a habitar minha pessoa. Mas não tivemos acordo e ele resolveu se mandar pro Acre.<br />Tentei fechar os olhinhos e disse a mim mesma: "Mim mesma, você não vai fazer isso. Não pense. Não seja petulante. Vai dormir. Agora! Valendo!"<br />Mas lá ao longe, atravessando o Rio Guamá a fortes remadas, eles vinham. Rompendo o céu paraense, passando todos os sinais vermelhos, se valendo de que a essa hora não tem trânsito nenhum, acelerando e furando todos os sinais vermelhos, eles vinham. Dobraram a esquina da minha alameda com a velocidade de avião, se espreitaram pela porta da sala, derrubaram a porta de meu quarto, se esgueirando por entre os móveis e esparramaram-se sobre a cama ao meu lado. Pronto, comecei a pensar. Droga.<br />Aí todo esforço foi por água abaixo e de repente os pensamentos mais diversos tomaram-me de assalto.<br />E sabe-se lá porquê, além do pensamento habitual e recorrente de uma determinada pessoa que ainda é uma lacuna em minha vida, lembrei que no depósito de casa tem uns pares de caixas onde estão guardadas lembranças da minha infância. Algumas roupas e sapatos que minha mãe guardou, uns livros e muitos brinquedos. Já doei uma grande parte, mas alguns ficaram porque tem histórias especiais.<br />Brinquedos que herdei, que ganhei de pessoas que já viraram estrelinha, brinquedos que economizei mesada o ano todo pra comprar, coisas que comprei em viagens. Tudo lembranças. Boas lembranças. Cogitei a possibilidade de talvez escolher uns poucos e doar o resto. Assim, limpo espaço em casa e proporciono a diversão de algumas crianças.<br />Lembrei que há uma caixa só de pelúcias que tem uma lembrança especíalissima. Foram conquistadas numa época boa.<br />Quem tem lá pelos seus 20 anos, ou que pelo menos viveu grande parte da sua infância nos anos noventa, vai lembrar da febre que foram as máquinas de pelúcia. Espalhadas em todos os cantos, sempre cheia de luzinhas e pelúcias bonitinhas, chamava a atenção de qualquer um. Eu, modéstia à parte, me tornei uma expert naquela máquina. Com o tempo, acabou virando hobby pra mim. No começo, conseguia levar a garra até o meio da máquina e me contentava com o que viesse. Depois, já com a devida perícia, eu escolhia o bichinho que queria e o conseguia em questão de segundos. Perto de casa tinha uma lojinha que tinha uma máquina dessas e foi aonde eu consegui a maior parte da minha coleção. Quando eu chegava a dona da loja já vinha me olhar pescar minhas pelúcias. Todo dia levava no mínimo umas cinco pra casa. Sem contar nas que pegava por pedidos de pessoas que ficavam às minhas costas olhando meu desempenho. Consegui pra mais de 200 bichinhos. Era um vício. Se fosse esporte, eu podia me inscrever em algum campeonato.<br />Mas lembro que apesar de conseguir várias pelúcias, um dia algo me desafiou. Como de costume, cheguei na loja, dei oi pra dona e pros funcionários, comprei umas fichas e fui me divertir. Quando no meio da máquina enxerguei uma pelúcia de um gorila. Ele não era bonito pra mais ninguém. Tinha cara de mal, era grande, preto, tinha uma banana em uma das mãos e estava preso no meio de um monte de outras pelúcias. A dona da loja me falou que mais cedo três pessoas tinham tentado tirá-lo e sem sucesso haviam desistido. Eu, teimosa do jeito que sou, enfiei na cabeça que eu queria aquele gorila. Tentei um monte de vezes e nada. Ele continuava lá. Me vinham até pelúcias que eu não queria e que acabei doando pra crianças que estavam me olhando e continuei tentando agarrar o gorila. Mas naquele dia tive que voltar pra casa sem ele. E assim a semana seguiu. Todos os dias, durante um mês inteirinho eu tentei pegar aquele gorila pra mim. Chegava a ter calafrios quando via alguém tentando, agarrando o gorila, a garra subindo, levando ele pra saída da máquina e de repente ele caía no meio dos outros bichinhos. Ufa! Respirava aliviada sabendo que ainda tinha chances. Um dia, cheguei para tentar mais uma vez pegar meu objeto de desejo. E em algumas poucas tentativas, consegui. Ele era meu. Não era um dia em que o sol estava mais brilhante ou o céu mais azul. Não chovia, nem tinha arco-íris. Não teve uma banda tocando aquela música do Ayrton Senna, nem estouro de fogos na rua. Ninguém veio me trazendo um buquê de flores, uma coroa de louro e me dando banho de champanhe. Pois ninguém ali, além de mim, sabia que o mundo tinha acabado de se tornar mais laranja, mais bonito e mais feliz. Eu era criança e tinha conseguido vencer um desafio. Eu queria muito uma coisa e me empenhei em consegui-la. Com meus poucos anos de estadia nessa vida, tinha aprendido uma lição importante sobre querer muito algo, tentar incansavelmente e conseguir.<br />Gostaria de saber em que momento da minha vida eu deixei essa lição de escanteio. Talvez ela estivesse na mesma caixa que o gorila e os outros bichinhos. O fato é que tenho que resgatar os dois. A lição e o gorila King.<br />Naquele dia, uma coisa torpe havia mudado muito de mim. Eu era uma criança mais madura. Já caminhando pra moldar a personalidade que tenho hoje. De tentar trocentas vezes, dar com a cara na porta o tempo todo, mas nunca desistir e aí, quem sabe, conseguir.<br />Saí da loja com várias pelúcias na mochila e o King na mão.<br />- Tchau, dona Socorro. Até amanhã!<br />- Parabéns, Anne. Vejo que você conseguiu seu macaquinho! Até amanhã!</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-84175498921767005732010-08-20T10:54:00.006-03:002010-08-20T11:25:21.970-03:00Rompendo invólucros.<span style="font-size:130%;"><span style="font-family:arial;">As pessoas vivem traçando linhas pra tudo. Sempre vivem em um dos extremos. Ou você está do lado esquerdo ou do direito. Se você ficar “em cima do muro” é crucificado.<br />Eu levei anos para aprender e finalmente entender que estar em cima do muro não me dava estabilidade alguma. Sempre que me decidia por um dos lados, não o aproveitava 100% e aí depois ficava me lamentando.<br /><br />Descobri que muito mais gente do que eu vive nessa filosofia do “E se”. Uma filosofia nada boa, mas tacitamente adotada pela esmagadora maioria das pessoas.<br />Vivem se perguntando como seria sua vida se um amor não tivesse acabado, se tivessem escolhido outra profissão se tivessem tido mais filhos, menos filhos. Se não tivessem se casado, se tivesse escolhido morango ao invés de chocolate.<br />E se... E se... E se...<br /><br />Tudo gera dúvidas. Nunca dá pra saber se uma coisa vai dar certo ou não, se a gente não tentar. O certo ou errado só aparecem no fim. É a explicação mais lógica e óbvia pro vocábulo: Resultado.<br />Hoje eu acordei e despertei. Despertei pra vida, pro meu futuro, pro que me espera e pro que eu espero. E foi bom. Bom de verdade ter esse despertar.<br /><br />É tão bom ter um tempo pra si mesmo. Andar de babydoll o dia todo, comer porcaria, comprar o que quiser, andar onde quiser, ser o quiser, cantar bem alto uma música infantil pra espantar os medos, apertar girafas de pelúcia, usar meias coloridas, se vestir do jeito que quiser...<br />E acima de tudo, ser você mesmo. É ótimo isso. É um tipo de felicidade inenarrável. E encantadoramente libertador.<br /><br />Vocês já pararam pra pensar e descobriram que as vezes tem gente na nossa vida que só bloqueia nosso crescimento pessoal?<br />São pessoas que sugam todo o seu ânimo de cruzar suas linhas. Que te tiram toda a vontade de tentar mudar o que está ruim. Geralmente, o discurso dessas pessoas começam com uma ponta de pessimismo. É como se você tivesse a obrigação ter uma vida miserável, como se não tivesse o direito de melhorar. Tudo porque essa pessoa diz que tá tudo bem em ser assim.<br /><br />Você não compra uma casa maior, não faz uma pós graduação, não abandona o curso que não gosta pra fazer algo que te deixe feliz, você não viaja só, não estuda outras coisas. E um dia simplesmente, você não é mais você. Acaba virando a outra pessoa. Acaba sendo as preteensões, o marionete, os desejos, os defeitos, os trejeitos de outra pessoa.<br /><br />E não raro, cegos de paixão, a gente jura que isso é amor. Amor bizarro esse, hein! Mas é bom que esse sadomasoquismo sentimental tem limite.<br />Há uma linha tênue entre o sofrimento dessa prisão e a alegria de estar livre. A linha está lá. Mas a gente demora pra enxergar.E quando a gente enxerga, bate o medo. Cruzar ou não cruzar a linha? Acomodar-se ou tentar o novo pra ser feliz?<br /><br />Mas aqui vai uma grande lição: Cruze a linha. Do outro lado você se encontra só com você mesmo e posso jurar que é a melhor coisa do mundo!<br /><br />E é exatamente nesse ponto que você deve procurar encontrar o seu amor-próprio. Não é quando as pessoas te dizem pra fazê-lo logo depois de uma decepção amorosa enquanto você se afoga em lexotan, nutella e vodca e passa meses na terapia pra curar o fato de que você vomita cada vez que pensa em determinada pessoa. Nesse momento você deve achar é um bom motivo que te incentive a melhorar, reunir forças pra sair do fundo do poço sem cometer suicídio ou homicídio e aí sim enxergar que a luz no fim do túnel até pode ser o trem vindo te acertar, mas você espera que seja o somente o sol em meio a toda escuridão que você se encontra. Depois de curadas as feridas, hora de cultivar dentro de si o desejo de melhora. A vontade própria de se amar para só então amar algo fora de você. É bom ter uma dose de egoísmo e pensar só em você as vezes.<br /><br />Passar a vida toda obecendo ordens não é o caminho certo. Acredite quando eu digo que tentar agradar a todo mundo é a autoestrada pro fracasso.<br /><br />Nunca se pode agradar a todos e essa máxima é muito válida. Se você acredita que quer agradar um grupo seleto, assim o faça. Mas pense se isso vale à pena. Existe uma linha entre egoísmo e altruísmo. E aí, como saber qual o tempo certo pra isso? Pergunte a si mesmo. Eu levei um ano.<br /><br />Mas hoje, do outro lado da linha eu realmente sinto que eu sei o que tenho que fazer, que eu sei o que quero e o que não quero.<br />Eu sei quem eu sou agora. De verdade, agora sei.<br /><br />E é com o devido orgulho que digo que encerrei velhos ciclos e abri novas portas</span><span style="font-family:verdana;">.</span></span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-55305662166023404532010-08-07T18:16:00.000-03:002010-08-07T18:17:57.067-03:00Querido diário<span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Hoje eu tive um dia atípico pois decidi ocupar minha mente ociosa aprendendo um novo idioma. Há um certo tempo atrás, logo após certas atribulações de minha vida, decidi que iniciaria um novo tempo para mim. Mudei alguns hábitos, adotei novas práticas, mudei móveis de lugar, reformei alguns pensamentos, perdoei pessoas, fui perdoada, tentei novas receitas, novas experiências, novos estilos. Até me policiei mais e comecei a agir de forma diferente com algumas pessoas. Me estressei menos, respirei mais. Disse muita coisa que guardava, ouvi o que queria e até o que não queria, mas relevei tudo pois afinal de contas estava cultivando minha paz interior visando a minha mudança e evolução pessoal.<br />Aí hoje... Acordei assustada as 06:30h com o celular vibrando na minha orelha e atordoadamente atendi minha mãe que muito delicadamente gritou do outro lado da linha que era pra eu levantar da cama pois já estava atrasada pra aula de francês. Assim o fiz, bem rapidamente e segui pro local do curso. Lá chegando, soube agradavelmente que naquele horário estava ocorrendo a aula de inglês e que o francês era somente as 14h. E para melhorar a situação o professor me recebeu numa sala cheia de crianças que não paravam de gritar um só segundo. Lindas crianças, querido diário. Lindas cordas vocais. Garanto que seus pais nem compraram vuvuzelas nessa Copa.<br />Saí da sala e no caminho fiquei pensando na secretária que me falou que o curso começava as 08h. Hoje a noite irei rezar para que uma daquelas crianças seja filho dela e se não for, que seu rebento assim se torne.<br />Como a agenda do meu sábado tinha sofrido essa brusca mudança resolvi sair em busca de comprar um dicionário de francês porque, sabe diário, eu não sei falar quase nada além de Voulez vouz coucher avec moi e sei que isso não é nada bonito de se ouvir de uma moça educada, pura e casta como eu numa conversa formal, a não ser que eu esteja de tailleur justinho, salto agulha, espartilho e máscara de mulher gato.<br />Com meu pai estressado do lado o que já ía ser cansativo, se tornou uma via crucis com direito a tortura no estilo Hannibal Lecter. Ainda mais quando, cansada, estourada, a ponto de partir pras vias de fato em qualquer ser vivo que ousasse me contrariar, já no 7ª estabelecimento comercial que entrei em busca do bendito dicionário, resolvi comprar umas maquiagens que vi numa vitrine. Mas a fila do caixa pra pagar foi um verdadeiro inferno. Tudo porque tinha uma infinidade de idosos na minha frente e alguns deles receberam a pensão do INSS em moedas, só pode. Depois de 30 minutos numa fila, consegui pagar e quando estava saindo da loja, já na entrada do estacionamento papai me esperava com uma expressão corporal/facial/comportamental que podia apenas sonhar em ter aquele controle remoto do Adam Sandler em “Click” pra avançar o discurso regado a reclamações sobre calor, cansaço e engarrafamento.<br />Voltei pra casa sem o dicionário. Nunca pensei que fosse tão ruim para encontrar um simples dicionário de francês. Incrível isso! Deve ser porque aqui nessas bandas, o povo acha que o “avoir” (verbo ter) com pronúncia do “oi” como “uá” é o que o urubu faz.<br />Mas a aula em si foi muito produtiva. Tá certo que eu quase nem lembro mais das regras gramaticais, mas até que deu pra entender boa parte das coisas. Aprender um novo idioma é motivador pra mim, mas ter que relembrar minhas antigas aulas de gramática faz eu lembrar do meu tempo de colégio e não guardo as melhores lembranças dessa época. E apesar de ter sentado numa cadeira na parede há duas fileiras de distância do resto da turma e sentir que todo mundo me olhava como se eu fosse a Carrie a estranha, posso dizer que o ponto alto da aula foi quando eu enfim aprendi a pronúncia correta de “Vous voulez”.<br />No fim da aula fiz até um novo amiguinho. Ele tem cabelos brancos e cinzas, bigode branco, olhos verdes bem claros. Eu o chamei de Ted e ele é esbelto, carinhoso, afetuoso e lindo. E sabe o que é melhor? Ele ficou me fazendo companhia durante os 30 minutos que fiquei mofando esperando papai resolver ir me buscar. Ele ficou lá, se esfregando no meu braço, fazendo aquele som inconfundível que eu sempre adorei ouvir porque ele, sem sombra de dúvidas, ele é verdadeiro. Ele fez aquele barulinho durante todo o tempo que eu tava dando carinho pra ele e quando eu fui embora, ele me olhou tristonho com aqueles olhos enormes, verdes e tristonhos e disse: Miau.<br />É querido diário, são novos tempos porém velhos hábitos. Ainda sou a mesma Lenna introspectiva, solitária e antissocial e de mudança mesmo só a reforma gramatical. Hunf!<br />Arrevoir, mon cheri.</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-53661376166772601192010-07-05T00:53:00.004-03:002014-07-09T00:29:10.084-03:00Após os cinco estágios de Kübler-Ross.<span style="font-family: verdana; font-size: 130%;">Lembro de certa vez, ter lido uma carta muito triste de uma mãe ao seu filho. Essa carta me chamou a atenção. A criança morreu de um motivo que eu desconheço. Era de uma família que eu também desconheço. E viveu uma vida do qual eu nunca sequer cruzei. Mas a dor de perder alguém é sempre igual.<br /><br />O desespero de não saber como seguir a vida sem a pessoa que você tanto amava. Seja ela seu ascedente, descendente, colateral ou cônjuge. A dor de olhar a vida que a pessoa deixou pra trás. Seus sonhos, seus planos, sua história. Sua família. O prato preferido que nunca mais irá comer. A música que nunca mais irá escutar.<br /><br />Como superar a dor da perda? Alguns dizem para se procurar Deus. Sim, concordo que esse é o melhor caminho. Deus consegue aliviar uma parte da nossa dor. Mas somos humanos e temos instintos, sentimentos, temos uma essência egoísta de querer tudo para nós o tempo todo. É uma condição humana primária. Querer ter exclusividade. Querer gozar da presença de outra pessoa eternamente. É um erro, mas somos humanos. Pecamos desde os primórdios. Então como levantar a cabeça e seguir adiante sem uma parte do nosso coração?<br /><br />Perdi minha avó há 12 meses. E ainda não consigo frequentar sua casa porque isso me machuca. Estar lá, olhar pra cadeira que era dela, a cadeira em que ela passava o dia todo sentada, onde fazia suas refeições e conversava com suas visitas, onde rezava o terço todas as noites, onde contava suas histórias, onde divertia sua família com suas piadas.<br />É tão difícil sentar na cadeira de balanço e olhar pro mesmo lugar que ela olhava todos os dias e saber que ela nunca mais sentará naquela cadeira. E tentar se balançar imaginando quando ela me ninava, quando dedilhava meus cabelos... Tão difícil olhar pra tudo isso e saber que nunca mais serei questionada sobre os estudos, os namorados e as férias.<br /><br />Tão triste cancelar os planos da minha festa de formatura onde tudo que fazia sentido era que ela subisse comigo ao palco como minha paraninfa e onde eu pudesse lhe entregar o meu diploma dizendo “Essa é pra você e por você, vó!”<br />Tão difícil comer creme de bacuri ou açaí e não sentir saudades de fazer isso com ela. Ou de aturar assistir o Silvio Santos na TV apenas porque ela gostava.É impossível ver o domingo como um feliz dia da semana quando todos os almoços depois da sua partida simplesmente perderam o sentido, perderam a graça e perderam a alegria.<br /><br />E é terrivelmente atormentador entrar no carro e dirigir até a sua casa e retornar na esquina anterior porque por um momento tive uma vã esperança de que talvez a enxergasse naquela janela, e mais uma vez pudesse ouvir "Ô filha, tá passeando?"<br /><br />Como, pergunto-me eu, como superar em 12 meses a falta de quem me fez feliz por 21 anos?<br /><br />Então todas as noites eu peço, eu rezo, eu imploro que Deus trate bem da minha vózinha porque ela é um tesouro, o meu grande tesouro a quem eu devotei todo o meu carinho, toda a minha atenção, por quem eu sacrifiquei meu sono por noites a fio num hospital, pra quem eu guardava meus domingos em meio a uma corrida rotina, pra quem as vezes eu cozinhava com tanto empenho, pra quem eu rezei a Deus a primeira vez pedindo um milagre, movida única e exclusivamente por amor.<br />Por todas as coisas nesses 21 anos, por todo amor recíproco, puro e verdadeiro é que hoje eu faço um esforço pra tentar entender que um dia estaremos juntas, no melhor lugar onde tudo é paz, amor e felicidade e onde nem a dor que meu coração sente agora, poderá nos atingir.<br /><br />Não é o silêncio que me incomoda. É a falta da voz dela...</span><br />
<br />
<br />
<div>
</div>
Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-7121332336232321212010-06-10T20:52:00.004-03:002010-10-01T03:15:58.382-03:00Memória olfativa<div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Acordei com o canto dos passarinhos. Costumava achar isso lindo. Agora odeio. Deve ser porque antes eu acordava depois de 8 maravilhosas horas de sono. Agora esses bichos sequer me deixam dormir. Entre o último pensamento antes de dormir e agora que olho pro relógio noto que não cheguei a dormir nem 2 horas completas. Droga. Maldita insônia.<br /><br />Levantei da cama e percebi que tem um buraco se formando no lado esquerdo. O meu lado. Isso só serve pra me deixar mais deprimida. Maldita indústria de colchões! Devem fazer isso conluiados com o capeta, só pode. O buraco no meu colchão parece gritar o quanto eu sou ridícula. Tenho vontade de jogar o colchão pela janela. Olho pela persiana e os raios de sol me cegam. Odeio o sol. Tô com preguiça. Vou ficar aqui quieta mesma. Eu a minha loucura e a minha insônia. As únicas coisas que não me largam.<br /><br />Estou há 3 dias sem tomar banho. Tem pacotes de comida artificial por todos os lados da casa. Já engordei uns 5 kg pelo menos. Meu cabelo não vê nada além do combinado shampoo-e-condicionador há mais de um mês. Parece que um furacão devastador invadiu a minha sala. E ter demitido a empregada pra ficar na minha fossa solitária sem ser importunada, me parece agora a pior ideia dos últimos tempos.<br />Abri o armário e peguei o tubo de creme dental. Notei que estava vazio. Que raiva. Queria duendes mágicos na minha casa. Queria uma empregada-robô. Queria uma aia. Queria ser a feiticeira pra só mexer o nariz e tudo ficar como eu quero. Quero a minha mãe, é isso. Tenho 29 anos, minha própria casa, minha vida independente e quero a minha mãe só porque não tenho creme dental. Dane-se! Vou usar o enxaguatório bucal. Depois meu dentista resolve meus problemas odontológicos com super cremes dentais de tecnologia de ponta e aqueles aparatos futurísticos de luz azul.<br /><br />A fome deu sinal de existência e na geladeira as únicas coisas próprias para consumo eram umas garrafas d’água, meio pote de nutella, duas cenouras, cinco latas de cerveja e uma caixa de leite de soja.<br />Nada disso era considerável palatável se misturado. Peguei uma cerveja, fechei a geladeira resmungando e decidi que ia ficar com fome mesmo. Passei a mão no pote de biscoitos que também estava vazio.<br />Droga! Alguém entrou aqui e roubou o meu creme dental, meu desodorante e minha comida! Que merda!<br />Mas não, não era isso. Essas coisas eu mesma tinha acabado. Ninguém roubaria nada disso de mim. Ele já havia me roubado meu amor e a sua presença naquela casa. Era por isso que eu não tinha mais nada. Porque ele era tudo. E se alguma coisa ali era mais vazia do que a minha despensa, com certeza era eu.<br /><br />Fui tomar banho e no chuveiro vi que não tinha mais nada do meu sabonete líquido. Gosto dele porque cheira a morango. Procurei na prateleira de cima e havia o dele de chá verde. Era uma perfeita combinação, pois nossas peles tinham um casamento perfeito de aromas. Morango e chá verde. Na minha memória olfativa aquilo era sem dúvida a melhor coisa do mundo.<br />A última lembrança que eu tenho daquele cheiro foi quando ele foi embora e me deixou. Ele queria o que eu não podia dar. Ele queria o que eu não podia ser. Ele queria ir e eu queria ficar. Ele foi, eu fiquei.<br /><br />Fiz a minha escolha. Decidi que não queria casamento, que não queria filhos. Que queria gastar todo meu dinheiro comigo. Decidi não vencer meu medo. Não arrisquei. Ele queria arriscar. Queria um bebê, queria me dar o seu sobrenome. Ele queria uma família. E eu queria manter meu corpo e a minha disponibilidade de viajar. Ele queria crianças correndo pela casa no almoço de domingo. Eu tremia de pavor só de pensar na dor do parto. Ele queria ter uma mulher pra chamar de esposa e eu só queria continuar como eu tava. Ele queria acordar de madrugada pra cuidar de um bebê. Eu queria poder mandar ele pra casa dele cada vez que a gente brigasse. Ele queria alianças de ouro maciço nos nossos dedos e eu preferia que ele nos comprasse uma viagem pela Europa. Ele queria comprar uma casa maior com piscina e playground. Eu só pensava em reformar o quartinho do depósito e fazer ali o meu escritório. Ele comprou um carro maior que tinha o banco de trás com o tamanho perfeito pra se instalar uma cadeirinha de criança. Eu comprei diamantes.<br /><br />Naquela madrugada ele bateu a porta e se foi. E eu fiquei sozinha, chorando no chão da cozinha sentindo o cheiro marcante do morango enquanto o cheiro do chá verde se dissipava pelo ar.</span></div>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-77683054562579449932010-06-03T09:42:00.005-03:002010-06-03T10:03:31.792-03:00Então Amsterdã aconteceu.<span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Era mês de férias e eu não tinha viajado. A cidade estava mais tranquila do que de costume. Sem filas no supermercado eu podia me concentrar completamente nas minhas finanças e podia ficar parada lendo quantos rótulos eu quisesse.<br /><br />Estendi a mão e catei um desodorante pra mim. Lembrei do meu sabonete. Olhei de relance e vi que minha cera depilatória estava com preço em promoção. Mas pra que levar? Tem 3 meses que ninguém dá uma conferida lá na amiguinha. Fazer isso pra que? Me resolvo só com creme depilatório mesmo. Não vou ficar com a virilha coçando e com pelos encravados à toa.<br /><br />No supermercado só tem uma coisa que odeio mais do que filas. É que na maioria das vezes o que eu quero sempre está na prateleira de baixo. Então estou eu lá pagando cofrinho procurando o único desinfetante com cheiro que me é agradável quando ouço alguém exclamar: Letícia!<br />Virei pra olhar e percebi que era a Malu. Uma velha conhecida nossa. Ou minha. Nem sei. Ainda estou num período de adaptação dessa minha nova “identidade”.<br /><br />-Oi Malu! Tudo bom?<br />-Tudo! E com você?<br />-Bem.<br /><br />Isso não ia prestar. Queria ter o dom de bloquear pessoas ao vivo. Ou estar ali com status invisível. Mas não podia fazer nada a não ser torcer pra que ela não fizesse a cruel pergunta. Toda a minha fé se voltou no pedido mental de que ela não pronunciasse aquelas letras. Que aquele nome não saísse pela boca dela.<br /><br />-E então, cadê a Fernanda?<br /><br />Silêncio sepulcral. Me senti aquele esquilo da Era do gelo. Era como se eu estivesse dentro de um bloco de gelo. Congelada. Estática. Queria ter um ataque cardíaco ali naquela hora. Cair estatelada no chão como numa cena de novela mexicana. Sem falar nada. Olhos esbugalhados, uma tez pálida, a jugular pulando. Só desabar no chão como um prédio desaba quando é demolido. Queria uma nave espacial me abduzindo com seu néon verde. Queria um furacão no meio do corredor de produtos de limpeza. Queria uns terroristas da Al Qaeda correndo na minha direção e me arrastando dali. Queria exatamente tudo pra sumir da frente dela sem ter que responder àquela pergunta.<br /><br />- Ah ela... é... hum... ela viajou.<br />-Tá viajando, é? Pra onde? Quando ela volta? Vamos marcar alguma coisa. O Beto comprou um sítio no interior. Seria ótimo fazer um churrasco lá qualquer dia desses.<br /><br />Meu Deus que mulher burra! Falei “viajou”. Passado. Pretérito do verbo se foi, não volta mais, levou o meu cachorro e deixou a conta do condomínio pra eu pagar. Só isso.<br /><br />-Não Malu, a Fê viajou. Sem planos de volta. Ela tá morando em Amsterdã agora.<br />- Então vocês... Err... Vocês...<br /><br />Ela emudeceu. Como eu emudeci quando constatei a mesma coisa. Respondemos igual. Faltam as palavras quando você vê que uma história de amor terminou. Tudo o que resta é o silêncio. Ela levou o som da sala, levou sua TV, levou nosso cachorro. Era tudo dela. Tudo comprado com o dinheiro dela. Não tinha mais música tocando enquanto eu passava roupa, não tinha mais os latidos do pequeno Luke aos meus pés sentindo cheiro da comida na cozinha, eu só assistia novela no meu quarto onde ficava a minha TV porque o lugar da outra na sala espera até hoje pra ser preenchido por um quadro. Ou outra TV. Por hora não tem nada lá porque eu não tenho colo de ninguém pra deitar no sofá.<br /><br />-Pois é Malu. É isso. Acabou.<br />-Como assim, Letícia? Acabou assim do nada?<br />-Do nada não. Deu certo por 5 anos. Mas aí essas coisas acontecem.<br />-Eu sei. Mas me fala de você. Como você tá com tudo isso?<br />- Ah foi melhor assim. Foi melhor pras duas. A vida segue, né?<br /><br />Respondi mais 3 frases memorizadas da pilha de livros de auto-ajuda que andei lendo. Só queria que ela parasse de falar naquele assunto. Depois de alguns minutos de tortura psicológica, nos despedimos. E Malu falou “Fica bem!”<br /><br />Eu estava era bem acabada. Bem era uma palavra que não existia no meu dicionário naquele momento. Eu não estava bem depois de tudo aquilo. Tomei um monte de calmantes, chorei direto durante dias. Faltava ao trabalho porque enchia a cara de vodca, comia batata frita no café, pizza no almoço e sorvete no jantar. Tinha coisas entaladas. Queria ter mandado ela a lugares feios, queria ter jogado suas roupas pela janela. Havia noites que sonhava com isso. Ela na porta de casa gritando pra mim e eu jogando os Pradas dela lá no meio do asfalto. Jogando seu celular no vaso sanitário e dando descarga. Quebrando todos os vidros do carro dela com o meu rolo de macarrão como naqueles filmes italianos. Imaginei meus pratos de porcelana chinesa voando pela sala como discos de frescobol acertando a parede, os móveis, a maldita TV dela.<br /><br />Quis voar por horas, podia quase congelar na gélida Amsterdã mas queria jogar um balde de água nela enquanto ela estivesse fazendo chapinha. Queria sequestrar o cachorro de volta. Queria roubar o seu Ipod e dá-lo pra um mendigo na rua. Queria destruir todos os arquivos do laptop. Queria gritar na rua, no meu holandês enrolado que eu a odiava. Queria plantar drogas na mala dela. Queria processá-la. Queria extraditá-la de volta pro Brasil. Queria. Não fiz!<br /><br />Pelo contrário, saí do supermercado, voltei pra casa, guardei as compras e fui pro salão me presentear com um dia de beleza. Saí com o cabelo de cor e corte diferente. Me depilei, fiz as unhas, vários tratamentos estéticos. Saí transpirando superação e com uma aparência de atriz de Hollywood.<br /><br />Decidi que daria volta por cima. Saí na rua com uma particular missão de arranjar um novo amor. Poderia até virar hetero. Entrei na cafeteria e pedi um capuccino. Um rapaz encostou no balcão, sorriu pra mim e deu uma piscadela. Pediu um café e uma fatia de torta holandesa.<br /><br />Droga. Odeio os homens!</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-3277012290940339082010-05-30T19:20:00.004-03:002010-07-03T00:45:49.315-03:00Vazio.<span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Minha cabeleireira me encontrou na padaria e perguntou quando ia aparecer por lá pelo salão dela essa semana. Tive vontade de dizer “nunca”, mas meu restinho de sociabilidade me permitiu sorrir amarelo e responder “Logo mais. Rotina. Trabalho. Muito!”
<br />Quando ela se afastou percebi que dei uma resposta quase “tuitada”. Idéia geral em menos de 140 caracteres. Não consigo mais nem montar frases claras.
<br />Na hora de fazer meu pedido um ato falho me acometeu e acabei pedindo 10 pães franceses, 200g de pão de queijo, um vidro de requeijão, 300g de queijo prato, 300g de presunto e um garrafa grande de suco de uva. O que geralmente pedia e durava por 2 dias. Paguei minhas compras no caixa e no caminho de casa me ocorreu: quem comeria tudo aquilo?
<br /></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Me deu vontade de pegar as sacolas e ir pro aeroporto. Pegar o primeiro voo que tivesse e viajar por duas horas pra tomar café com os meus pais. Mas seria muita loucura. E eu tinha que trabalhar mais tarde.
<br /></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Tomei café sozinha. Estava sozinha. Era sozinha. O tempo passava e eu continuava sozinha. Só uma xícara de café, só um sanduiche, só dois pães de queijo, só um copo de suco. Só. E eu também, só. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;"></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Uma semana antes, quando cheguei em casa ela ainda não havia chego. Fui tomar banho e como se meu sexto sentido me cutucasse pra mostrar algo, olhei pro balcão e o perfume dela não estava ali. Tentei não bancar a paranoica. Mas já podia prever que alguma coisa estava acontecendo. Ela já estava estranha há semanas. Mas nunca falava nada. Quando eu perguntava o que ela tinha ela só respondia “nada.” E assim a vida seguia. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;"></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Mas naquele dia, depois do banho ela me esperava sentada na cama, chaves e bolsa nas mãos. Vesti o roupão e fui lhe dar um beijo. Ela virou o rosto e me afastou com o antebraço. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Temos que conversar, Luana. Preciso ser honesta com você. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-O que foi, amor? O que aconteceu? </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Estou indo embora. Nós não damos mais certo. Não consigo mais fazer isso. Me sinto presa, sufocada, acorrentada. Vou viajar. Consegui uma bolsa de estudos pra fazer meu doutorado em Yale. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Bolsa de estudos? Você subornou alguém lá dentro? Pelo que eu saiba essas coisas demandam tempo. Um teste prévio. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Eu fiz a prova no ano passado. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-E quando planejava me contar isso? No meu aniversário de 80 anos? </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Só quero ser honesta com você. Eu te amo, mas isso não funciona mais...</span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Isso? Nós, você quer dizer, né? Quanta amabilidade. Seu amor e sua sinceridade são tocantes, minha cara! </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Odeio esse seu jeito irônico. Isso me irrita muito! </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Eu também odeio seu jeito de fugir de tudo e se trancar no seu mundo impenetrável e expulsar qualquer pessoa que te dê um pouquinho de amor. Mas por nós, eu aturei isso todos esses anos! Por você! </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Não torne as coisas mais difíceis pra gente. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Você é quem fez ficar pior. Podia ter saído sem se despedir. Você sempre foge de tudo mesmo... </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Eu tinha que conversar com você e explicar tudo. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Explicar o quê, mulher?! Que você está mais uma vez chutando a minha bunda e me colocando pra fora da sua vida? Você fez isso há anos atrás e está fazendo isso agora novamente. Na sua segunda chance. Vai embora mesmo. Você nunca me amou. Faça isso logo de uma vez! </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;"></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Ela se calou. Imóvel na beira da cama. Talvez por não esperar que aquela fosse minha reação. Ininteligivelmente eu não derramei uma lágrima sequer na sua frente. Dei-lhe as costas e fui pentear meus cabelos no banheiro. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;"></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Nós podemos continuar amigas. Não há por que ter brigas, ou choros. Ninguém precisa se machucar aqui... </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">-Você ainda está aí? Quer dinheiro para o táxi? </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;"></span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Depois de exatas 12 escovadas que me arrancaram alguns fios de cabelo eu ouvi a porta bater. Corri pra sala com uma vã esperança de que suas malas continuassem ali. Que suas chaves estivessem penduradas no porta-chaves de florzinhas. Não estava. Nada mais estava ali. Suas roupas não estavam mais no guarda-roupa. Havia um espaço vazio na estante de livros, havia o espaço do perfume no balcão, os quadros de fotos, da TV da sala. Só ficaram espaços vazios. A minha cama vazia. E eu, completamente vazia. </span>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">
<br />Deitei no sofá sem nem saber o que sentir. Havia sido novamente abandonada. Minha cabeça girava tentando digerir tudo aquilo. Tudo vazio.
<br />
<br />O telefone tocou. Mediante meu “alô” quase afônico, do outro lado ouvi um português empenhado com traços marcantes de inglês, me perguntar:
<br />
<br />-Por favor, poderia falar com a senhora Talita Martins?
<br />-Ela foi pro inferno, meu senhor. Pro inferno!!!</span>
<br />
<br />
<br /></span>
<br />Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-47618255706829183032010-05-29T19:45:00.006-03:002010-08-15T22:55:28.674-03:00A importância da aposição*<span style="font-family:verdana;font-size:85%;"><em>*Na Medicina as suturas cirúrgicas contínuas tem uma subdivisão em relação à aparência e a aposição visa a união entre as bordas do tecido no mesmo plano.</em></span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;"><strong></strong></span>
<br /><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:verdana;">Depois de 7 horas de cirurgia, Samantha dava o último ponto da sutura no paciente e sentia que enfim poderia ir pra casa descansar. Ultimamente tinha feito muitos plantões além do seu horário habitual. Se tornar atendente cirúrgica era seu maior sonho desde o ingresso na escola de Medicina. Há 6 meses seu sonho enfim tornara-se realidade. A carga de trabalho havia aumentado de forma que todos a sua volta perguntavam-se como ela dava conta da rotina atribulada. Passava horas sem dormir. Chegava a dobrar plantões. Atendia emergências e cirurgias eletivas. </span>
<br /></span><span style="font-family:verdana;">
<br /><span style="font-size:130%;">Tudo que ela queria era manter-se o máximo de tempo possível na sala de operações onde encontrava paz e sossego. Onde tinha o controle de tudo em suas mãos pelo menos no tempo que decorria cada cirurgia.
<br />Cirurgiões gostam de controlar, gostam de comandar a situação, se sentem deuses invencíveis. Samantha não baixava a cabeça, não ficava calada quando algum colega questionava sua escolha cirúrgica, dificilmente acatava sugestões sobre que tipo de técnica utilizar. Estava em estudo constante sempre buscando novidades em tratamentos. Era antenada com os avanços da medicina e gostava de ganhar destaque por isso. Sentia um prazer incomensurável cada vez que atendia um paciente que lhe dizia "Recebi as melhores indicações sobre você, doutora. Me disseram que você é a melhor".
<br />Ela era a melhor na sua área. Sabia disso. Mas só tinha essa certeza na vida. Pois sua profissão era a única coisa que desempenhava impecavelmente.
<br />Quando finalizava a cirurgia ficou pensando em que ponto utilizaria na síntese da pele. Tinha de fazer uma sutura contínua, mas sabia que a simples não era uma boa escolha a ser usada naquela área já que o tecido seria submetido à tensão. Precisava usar um ponto que propiciasse maior segurança.
<br />
<br />Usou então uma sutura contínua festonada em que a cada passagem através dos tecidos o fio une-se ao ponto passado anterior garantindo assim que cada ponto tenha ponto reserva que garante a estruturação da sutura. Apesar de esta técnica ter um maior dispêndio de tempo e de material a escolheu porque a grande vantagem é a notável estabilidade na eventualidade da falha de um nó ou pedaço da linha. Quando isto ocorre não causa perda de toda a sutura. Além de que, o tecido apresentaria uma tendência mínima a movimentar-se e com isso abalar o processo de cicatrização.
<br />
<br />Na casa dos pais todos testavam sua paciência ao falar todo dia sobre o estilo de vida que ela estava levando. Estava cansada de ser criticada por sua escolha. A mãe mandava que ela tirasse mais folgas, o pai dizia que a qualquer hora ela desmaiaria de cansaço. O irmão empenhava-se num mantra que vinha desde a preocupação com a sua saúde até a crítica de que ela estaria "passando do ponto" de casar.
<br />
<br />Certo dia fez as malas, bateu a porta da sala gritando que não precisava de ninguém ali pra controlar sua vida e saiu de casa. Foi morar com o namorado pra livrar-se das conversas familiares. Brigava com todos, sofria calada, chorava no chuveiro. Sabia que seu jeito de ser não era dos melhores e mais agradáveis, mas não se empenhava em melhorar. Bradava a plenos pulmões que era assim mesmo e quem não gostasse que ela só lamentava porque não iria mudar pra agradar ninguém. No fundo, Samantha sabia que não mudava por sua própria incompetência. Sabia que era ela e tão somente ela quem sabotava todas as suas relações afetivas.
<br />Foi seu orgulho que lhe fez perder amigos, namorados, o carinho da família. Até o gato tinha morrido de depressão depois do abandono dela. Samantha não gostava da vida que levava. O trabalho nada mais era do que uma fuga da sua realidade. Nada que ela fazia dava certo. Nenhum namoro sobrevivia há um ano. Ela de fato, só tinha o trabalho. Era o que lhe dava forças pra continuar vivendo embora esse não fosse seu maior desejo em muitos momentos.
<br />Mas passados 4 meses que morava com o namorado a situação da casa dos pais se repetia. Ele reclamava de sua ausência. Passavam dias sem se falar pois seus horários de entrada e saída em casa não mais se conciliavam. Jantares eram adiados, programas com amigos eram cancelados em cima da hora, o namorado ia sozinho aos aniversários dos parentes, os almoços de domingo eram interrompidos pelas chamadas de emergência do hospital. Não havia folgas, não havia férias. Os pacientes vinham em primeiro lugar. Esquecia-se de priorizar quem a amava. Preferia manter relações com pessoas distantes de sua realidade do que envolver-se a fundo com as que estavam a seu redor.
<br />
<br />O namorado começava a brigar e Samantha não tinha paciência então gritava sempre sua frase pré-definida “Eu sou assim mesmo. Se você não gosta de mim então vá embora”. Mas falava aquilo da boca pra fora porque sabia que ele sempre lhe perdoava no fim das contas.
<br />As vezes, não raro, quando deitava pra dormir chegava até a pensar em casar. Imaginava seu vestido, o bolo, a festa, o salão repleto de violetas e Thiago de fraque preto lhe esperando no altar. Chegava a se arrepender das brigas e enquanto o observava dormindo no sofá colocava na cabeça que quando acordassem iriam conversar e resolver tudo.
<br />Mas ao primeiro raiar de sol sua coragem se desfazia como fumaça e o despertador denunciava que as pré-rondas começariam em meia hora. Saía de casa e ignorava mais uma vez a voz dentro de sua cabeça que lhe dizia pra acordá-lo e dizer que lhe amava pedindo desculpas pelas brigas. Enterrava no fundo da alma a vontade de ir tomar café com a família e perguntar como estavam. Ignorava completamente o súbito desejo de pegar o celular e discar o número da melhor amiga – com quem tinha brigado por motivos infundados – pra marcar um almoço e fazerem as pazes para matar a saudade que lhe consumia.
<br />Samantha não fez nada disso. Ignorou tudo que não cheirasse a éter ou tivesse correlação com a medicina. Achava que o trabalho lhe bastaria. Que se amasse o trabalho, se ganhasse muito dinheiro com ele, seria feliz. Esqueceu-se de que o dinheiro só compra acessórios de alegria momentânea.
<br />
<br />Mas naquela noite, ao terminar o último ponto da sutura decidiu que ia mudar de uma vez por todas. Que seria mais benevolente, mais flexível, mas dócil. Saiu da sala de operações, se trocou e dirigiu até em casa. Teve uma desagradável surpresa quando abriu a porta do apartamento e viu que só restavam suas coisas e um bilhete sobre a mesa com a letra de Thiago explicando que eles não davam mais certo. Que não era aquilo que ele queria da vida apesar de muito lhe amar. Observou no canto esquerdo do papel uma letra machada. Supôs ser uma lágrima. Um sentimento ruim lhe arrebatou. Olhou pra cama recém-vazia do gato na varanda e se sentiu mais sozinha ainda.
<br />
<br />Com os olhos marejados foi em direção à casa dos pais. O porteiro sem entender porquê ela estava ali comentou que eles tinham se mudado há quase um mês e que não sabia lhe dizer pra onde teriam ido.
<br />Dirigiu pela cidade sem rumo algum. Encostou o carro em qualquer esquina, pegou o celular e ligou pra amiga. Sabia que apesar de tudo, ela iria relevar a briga, lhe perdoaria e daria carinho e colo pra chorar. O celular chamou duas vezes sem resposta alguma. Na terceira tentativa a voz irritada do outro lado da linha – sem lhe dar qualquer chance de falar algo primeiro – disse: Quando eu quis conversar, você não quis. Quando eu pedi desculpas você não aceitou. Quando eu precisei de você de verdade, você me ignorou e me abandonou. Não temos nada a conversar, Sam!</span></span><span style="font-size:130%;">
<br /></span><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:verdana;">A chamada finalizou-se antes que ela sequer conseguisse balbuciar qualquer palavra em sua defesa.
<br />
<br />O fio havia se arrebentado e isso abalou todo o resto do trabalho. Não havia pontos enlaçados para garantir a segurança ou facilitar o recomeço. Confiou nos pontos simples achando que eles suportariam a pressão, mas viu que todos os pontos haviam se rompido e sua ferida estava fragilmente exposta. Costurava sua trajetória com pontos simples pois só sabia fazer pontos reservas com a vida de outras pessoas.</span>
<br /></span><span style="font-family:verdana;">
<br /><span style="font-size:130%;">Samantha soube da pior forma possível que ela passou a vida toda costurando sua vida com uma sutura simples ao invés de tecer uma sutura festonada.</span></span><span style="font-size:130%;">
<br /></span></strong></span>
<br />Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-30412209213319774852009-07-03T22:21:00.005-03:002009-07-03T22:35:55.757-03:00Insight<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;" rel="File-List" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;" rel="themeData" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;" rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:10.0pt; line-height:115%;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Há três anos eu fazia terapia.
<br />Porque eu sentia que precisava da ajuda de um profissional que me ajudasse a "consertar" a minha cabeça que andava meio confusa.
<br />Depois de um ano e alguns meses, tive que interromper meu tratamento por que minha terapeuta mudou de cidade.
<br />
<br />Passei os últimos dois anos, achando que não precisava mais de terapia, nem dos remédios nem nada do tratamento pro meu transtorno bipolar.
<br />Ledo engano.
<br />A pior parte de um tratamento é quando você não tem o insight. Ou seja, o que a psicologia define como percepção.
<br />Então você está em negação, que Freud explica com um dos mecanismos de defesa do nosso aparelho psíquico.
<br />Algo que te faz mal, te causa dor. Então você não aceita que aquilo esteja acontecendo.
<br />E isso funciona, por um lapso de tempo.
<br />Mas quando a negação acaba você tem a real noção da dimensão daquele problema, e a dor parece triplicar.
<br />É atormentador quando isto ocorre.
<br />
<br />Então, depois de três anos de negação, eu caí na real e voltei pra terapia.
<br />Mas mesmo mantendo a rotina de psicólogos desde a pré-escola, eu nunca tinha entendido qual o real sentido de ficar uma hora olhando pra cara de uma pessoa desconhecida e contar o que está se passando comigo.
<br />Achava que eu podia fazer isso com qualquer amigo, com a minha mãe, com a minha cadela.
<br />Afinal, eu só precisava de um ouvido que aturasse ouvir os acontecimentos que de alguma forma me abalavam.
<br />Mas hoje, por motivos de força maior mesmo que eu nem tenha conseguido me consultar com a minha terapeuta, eu tive o meu insight e enfim percebi a função da psicoterapia.
<br />
<br />Vivemos em um mundo em que a conversa é cada vez menos valorizada. Deixa-se tudo muito subentendido.
<br />Falo isso por experiência própria.
<br />Eu tenho muita dificuldade em conversar com as pessoas.
<br />Falo muito. Sobre política, economia, justiça, psicologia, sociedade, culinária, ouço problemas de amigos, aconselho, dou dicas de beleza... Mas conversar tem uma conotação mais profunda.
<br />Mesmo o amigo mais íntimo, mesmo a amiga pra quem contei da minha primeira vez, do meu primeiro piercing, mesmo o amigo pra quem liguei e pedi abrigo quando saí de casa, mesmo todos eles sabendo muito de mim, definitivamente, não sabem tudo de mim.
<br />Tem coisas que nem eu mesma sei colocar pra fora.
<br />Porque apesar de falar muito, eu não sei expressar fielmente.
<br />E aí é que entra a terapia. Pra ajudar a descobrir como me descobrir. Como me conhecer melhor.
<br />E como ninguém é uma ilha, como ninguém consegue viver inteiramente só, eu precisei de pessoas estranhas, que não me julgariam, nem me repreenderiam, pra contar como eu me sinto a respeito disso.
<br />Aliás, eu achava uma palhaçada pagar alguém que fica o tempo todo me perguntando "Como você se sente a respeito disso?" cada vez que eu contava um acontecimento diferente.
<br />Sim, é preciso ficar repetindo a mesma pergunta para que eu saiba e diga como me sinto e como saber lidar com aquilo.
<br />Quero respostas, e para tê-las preciso formular perguntas. Então preciso saber como isso afeta minha mente e minha vida para saber como proceder.
<br />
<br />E por não conseguir expressar meus sentimentos, é que agora que acabou a minha negação e eu tive meu insight, me sinto completamente triste e perdida no mundo quando lembro que estou perdendo uma pessoa da qual eu me esqueci de dizer de fato, que a amava e sempre a amei profundamente. Tudo pela péssima mania de deixar as coisas subentendidas.
<br />
<br />Eu simplesmente deixei nas entrelinhas por 20 anos o quanto eu amava a minha avó, e agora no seu leito de morte eu percebi que não lembrei de dizer aquelas três palavrinhas de peso enorme e vasto significado.
<br />
<br />Que pena não ter o poder de voltar no tempo!</span> </p> Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-88823886838114085052009-06-14T16:10:00.002-03:002009-06-14T16:13:25.442-03:00Eu não sei o que sentir...<span style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Quando se tem 20 anos de idade, você vive sob a expectativa de que cada manhã é um dia a mais pra ser vivido.<br />Quando se tem 80 anos, a perspectiva é que é um dia a menos no tempo que resta a ser vivido na terra.<br /><br />Dizem que só damos valor às pessoas e coisas quando as perdemos, ou pelo menos, quando sabemos que estamos prestes a perder.<br />O fato é que quando sabemos que vamos perder uma pessoa querida, sabemos que é a lei da vida. Mas por mais que você seja uma rocha inabalável, uma hora você vai ruir. E quando essa hora chega você chora, surta, se questiona, questiona Deus, questiona a medicina.<br />Nascemos, crescemos e morremos. Essa é a lei divina.<br />Eu vivo dizendo que Deus empresta as pessoas umas às outras. Somos todos Dele. Mas aqueles com quem mantemos uma relação socioafetiva são mandados à terra e depois de cumprida sua missão, tem de voltar a Ele. Nós também somos assim.<br />Tenho pensado na morte. No poder desestruturante que ela exerce sobre mim, sobre nós, sobre as pessoas das minhas relações socioafetivas. Tenho pensado até na minha morte. Não de um jeito que sempre pensei.<br />Medo não é a palavra mais próxima. Ou talvez seja. Quando temos medo é porque ainda temos algo a perder. Ouvi isso num episódio de Grey's Anatomy e isso tá na minha mente pelas últimas 24h.<br />Mas tenho pensado que mesmo que você esteja com 20 ou 80 anos, e seja a morte um fato esperado ou simplesmente uma surpresa desagradável, de uma forma ou outra, a perda que os entes queridos sentem é exclusivamente ligada ao fato de que todo costume retirado de súbito é extremamente doloroso.<br />É difícil de repente, estar num ambiente que outrora foi utilizado pela pessoa que agora não está mais em nosso convívio. Essa convivência pode ter durado 80 ou 20 anos, mas é dolorosa do mesmo jeito.<br />E é complicado viver mais 20 anos ou viver até os 80 sempre com aquela pontadinha de dor no coração cada vez que você lembra o porquê dessa saudade doer tanto.<br />Dia desses, li que saudade é o amor que fica. E se fica é porque foi verdadeiro. Verdadeiro o bastante pra ter sobrevivido ao tempo.<br />“Saudade dói mas não mata”. Eu também vivia dizendo isso. Até hoje.<br />Pode até não matar, mas com certeza nos mantém agonizando até o fim dos nossos dias.<br /><br />Acho que agora sim, estou com medo de sentir saudades...</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-78612564363665414062009-05-23T22:50:00.003-03:002009-05-24T00:34:40.788-03:00Craniotomia jornalística<span style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Mais uma vez, eu deveria estar estudando e escrevendo alguma coisa de útil pro meu Projeto Interdisciplinar de Psicologia e DAF no qual deveria escrever sobre Violência e Terrorismo em relação à Ética do Advogado.<br /><br />Fiquei horas olhando pra minha tela. Escrevi, apaguei, escrevi, apaguei, escrevi.<br />Não, não tava bom. Apaguei de novo.<br />Eu simplesmente adoro escrever, mas esses tempos eu não tô rendendo muita coisa.<br /><br />Enfim, depois de assistir uma aula de Psicologia Forense e debater a questão da Violência, das causas de agressão e avaliar os dados estatísticos da violência no Brasil e no mundo, pensei eu que poderia escrever algo. Só que a cabeça realmente não tá ajudando muito.<br /><br />Mas vou dizer o que eu acho da violência hoje em dia.<br />Divergindo fervorosamente da minha professora de Psicologia, acredito sim, que todos nascemos com um potencial agressivo. Mas as nossas experiências de vida é que vão definir a que ponto esse potencial irá evoluir.<br />A prova disso é que tem aqueles dias que o sentido de "Que vontade de matar fulano" sai um pouco do enredo literal e assume uma conotação um pouco mais preocupante.<br />Aula de Psicologia grátis: Segundo Freud, nosso aparelho psíquico é estruturado em 3 partes. O ID, o Ego e o Superego.<br /></span><blockquote style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;"><span style="font-size:130%;"><br />O <span style="font-style: italic;">ID</span> é regido pelo princípio da satisfação imediata do prazer.<br />O <span style="font-style: italic;">Superego</span> é responsável pela censura extrema dos nossos desejos, pois é regido pelo princípio da realidade.<br />Já o <span style="font-style: italic;">Ego</span> assume a postura de mediador entre os dois supracitados e busca resolver o impasse existente quando há o confronto entre o desejo e a repreensão de não atendê-lo.<br /><br />A agressão é a ação humana cercada de intencionalidade de ferir, magoar ou lesar outrem.</span></blockquote><span style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;font-size:130%;" ><br /><br />Enfim, a explicação psico-orgânica da violência está no fato de que então o indivíduo agressor tem problema na harmonia entre as 3 estruturas do seu aparelho psíquico.<br />Mas então como explicar a propagação da violência? Mídia!<br />A mídia e o seu sensacionalismo barato.<br /><br />Falando exclusivamente da imprensa na minha cidade, posso dizer que perdem muito tempo pensando em ganhar cada vez mais dinheiro e se esquecem de divulgar coisas mais interessantes que de fato ajudariam a manter a sociedade devidamente informada.<br />Não é segredo pra ninguém que os cadernos policias de jornais paraenses mostram a verdade nua e crua dos crimes ocorridos nesta região.<br />E não é incomum ver fotografias mostrando vísceras sobre calçadas, ou corpos envoltos em poças de sangue, sempre com a multidão por perto feito urubu sobrevoando a carniça.<br />Eu sei que muitos casos ali retratados são de meliantes que morreram por acertos de contas com a polícia, a sociedade ou por outros meliantes. E lógico que eu defendo a dignidade deles, afinal, são pessoas detentoras de direitos e deveres como qualquer outra, mas em algum momento deturparam suas condutas e se tornaram uma ameaça a boa convivência social.<br />Então porque um jornal pode estampar a imagem de uma pessoa como se fosse uma coisa banal? Onde fica o respeito com os mortos? Ou só porque a capacidade civil se encerra com a morte, acha-se no direito de veicular a imagem sem respeitar a memória da família?<br />E aí então que a violência ganha forças e se enraíza na sociedade.<br /><br />Dados antropológicos revelam que não exista nenhuma sociedade no mundo que esteja livre da violência. Mas como temos sensibilidades jurídicas diferentes, em muitas o conceito de crime varia. Em algumas sociedades africanas é prática corriqueira extirpar o clitóris das mulheres que atingem a maturação sexual para que as mesmas não tenham nenhum um tipo de prazer no ato sexual que pra eles é visto com o intuito único de procriação.<br />Já em algumas sociedades asiáticas, o filho varão é superestimado, o que resulta na morte de inocentes meninas, depois ou até mesmo antes do fim da gestação.<br />E aqui na nossa cultura? Aborto e infanticídio são crimes, assim como a multilação clitoriana.<br />Mas somos diferentes, somos multiculturais.<br /><br />E deveríamos nos sentir os melhores? Não!<br />Em alguns pontos, somos mais humanos, já que vivemos num Estado Democrático de Direito e portanto, primamos pelo bem comum.<br />Mas por outro lado, essa democracia saiu do controle de nossas mãos, representadas pelas mãos dos nossos governantes.<br />Fala-se em voltar à época da Ditadura. Mas não nos esqueçamos que a Ditadura repreendia o direito à informação, expressão e desenvolvimento intelecto-cultural das pessoas. Direitos estes, previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na nossa Constituição Federal.<br /><br />O fato é que a mídia acaba sendo uma faca de dois gumes. Ela passa sim muita informação útil. Tanto que quando uma nova lei que beneficia uma grande parte da sociedade é aprovada e entra em vigor, ela é amplamente divulgada, assim como campanhas de conscientização de cidadania.<br />Mas não podemos fazer vista grossa e ignorar que os jornais falam e mostram mais violência do que boas notícias.<br />Eu inclusive já até escrevi sobre o reality show dos horrores que a Globo sempre transmite. E ampliando mais o olhar, até os desenhos animados assistidos por nossas crianças impõe a violência desde cedo. Estamos acostumados com os super-heróis que matam e ficam impunes porque agem em defesa dos oprimidos. Desde quando é certo ensinar a uma criança que é aceitável que ela faça justiça com suas próprias mãos?<br />Agora que eu cresci e entrei pro mundo jurídico, não consigo ver nada além de homicídios qualificados nesses casos hipotéticos. Não cabe nem legítima defesa na maioria.<br />E por falar em crianças, eu não gosto de qualquer uma. Na verdade, só das que considero meus sobrinhos. Mas as que começam sua carreira artística precocemente na TV me dão nos nervos. Por serem fabricadas por adultos que as utilizam somente com intuito de ganhar dinheiro e assim, interrompendo a infância normal desta criatura que certamente crescerá e provavelmente se tornará um adolescente problemático. Exemplos disso são Ashley e Mary Kate Olsen e Macaulay Culkin.<br /><a href="http://desciclo.pedia.ws/wiki/Macaulay_Culkin" class="l" onmousedown="return rwt(this,'','','res','10','AFQjCNG2NzcCaDjSWA0aetGaRQ-Gq3eEug','&sig2=sOdAIksUyM27UDV0N01TqQ')"><em></em></a>Mas no último domingo aconteceu a coisa mais ridícula que eu já vi na TV brasileira em relação a esses astros infantis.<br />Eu não suporto a Maísa. Mas quem acompanhou o programa vespertino que ela faz ao lado do Silvio Santos e tem o mínimo de compaixão pela existência alheia também deve ter achado repugnante o que aconteceu. Eu particularmente não assisto nem TV no domingo. Mas como estava com a minha avó que é telespectadora fiel da programação do SBT acabei vendo. Aquilo ali foi uma agressão gratuita.<br />Pra quem pegou o bonde andando, esta criança se feriu ao bater a cabeça no suporte de uma câmera. A produção do programa em vez de procurar retirar a menina do palco e lhe prestar o devido socorro para avaliar se ela não tinha ferimentos, simplesmente a manteve no ar, sob choros, gritos e lágrimas da menor e as gargalhadas fervorosas da platéia, do apresentador e da equipe do programa.<br />Se não me falha a memória, ela não deve sequer contar mais do que 7 anos de idade. O que de acordo com as nossas leis que originam o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) menor não pode nem trabalhar. E a situação se complica ainda mais porque ela foi exposta em cadeia nacional quando chorava pedindo por ajuda.<br />E se fala em uma mídia que respeita a sociedade? É esse tipo de respeito que nos ofertam?<br />Reitero que eu não gosto dela, mas mesmo assim, saio em favor do ser indefeso ali naquele circo dos horrores e pensei que se fosse minha filha, não havia contrato milionário ou fama no mundo que viesse a compensar o desrespeito a que ela foi submetida.<br />Devemos pensar mais a respeito da relação entre a mídia e a violência. Há que se tomar medidas mais enérgicas que proíbam que toda essa carnificina nos seja enfiada goela abaixo. Mal ligamos a televisão ou lemos o jornal de manhã cedo e já nos deparamos com a violência escancarada a nossa frente. Chega a ser indigesto ver isso durante o café da manhã.<br /><br />É isso que eu penso sobre a violência. Não é só colocar mais policias na rua, construir mais cadeias, reformar o Código Penal e nem só melhorar a educação. É um conjunto de políticas públicas que vão além dessas mudanças. Há que se mudar também a educação jornalística de hoje. Nada contra jornalistas, até porque tenho uma grande amiga, jornalista, blogueira e mãe exemplar, Mari Camata (<a href="http://alamaryjanne.blogspot.com/">http://alamaryjanne.blogspot.com</a>) que manda muito bem no seu trabalho sem precisar apelar para o sensacionalismo.<br /><br />Agora, bem que isso podia prestar pro meu Projeto, mas deixa pra lá. Pelo menos desabafei como jovem, como feminista, como advogada e sobretudo como ser humano.</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-54645625258815400032009-04-05T07:12:00.003-03:002010-01-28T03:08:06.521-03:00Fly, butterfly...<p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">05:15h da manhã. Geralmente durmo a essa hora todos os dias. Olhei pro lado, vi que ela dormia profundamente. Era hora de sair dali antes de fazer mais besteiras.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><?xml:namespace prefix = o /><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Eu já tinha feito a minha parte. Agora ao acordar ela não choraria na minha frente. Já que ela nunca se sentiu confortável em fazer isso.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Sempre fui um cara meio complicado. As vezes eu queria, as vezes eu não queria.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Mas não dava pra prever. Nunca dava. Nem eu me previa. Mas ela sempre preveu...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Tinha tempos que eu não a via. Mas essa última semana, a saudade bateu. De uma forma inexplicável. Era uma saudade urgente. Eu precisava vê-la, conversar, beijar aquela boca que eu tava tão acostumado a beijar. E tentar consertar o meu erro.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Liguei pra ela numa quarta-feira. Tava assistindo um filme que ela adora. Liguei como quem não quer nada. Mas eu queria. Queria ela.<br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Oi.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- E aí menina, como você tá? Te atrapalho ou podes falar?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Não, tô só lendo umas coisas aqui de um processo. Trabalho.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Sempre o trabalho, né?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Dizem que ele dignifica o homem...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Mas também cansa!</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Ela riu. Eu adorava ver e ouvir esse riso. Nenhuma mulher tem um sorriso igual. É incrível.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Eu tava assistindo O Melhor amigo da noiva. Lembrei de ti.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Eu já vi esse filme 9 vezes!</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Não eram 5?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Bom, a gente não se fala a algum tempo. Algumas coisas mudaram.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Como o teu cabelo, né? Eu vi um dia desses que ele tá mais claro.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Andou fuçando as fotos do meu orkut?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Te vi atravessando a rua perto do parque.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- E porque não me chamou?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Estavas acompanhada de um cara. Entrando no carro com ele. Não quis atrapalhar.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Que isso! Era só um amigo do escritório.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Não disse o que ele era, não precisa se justificar. Eu não tô tentando controlar tua vida.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- E e-eu também não disse que.. que estavas...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Eu senti um certo nervosismo na voz dela. Quando a gente namorava isso me deixava tranqüilo. Era sinal de que eu comandava a situação. Agora me apavora. Ela tem razão, não foi só o cabelo que mudou. Mudou o corpo, a voz, as atitudes. Ela mudou. Ela foi. Eu fiquei. Me sinto um nada quando eu percebo isso. Esse nervosismo, ela gagueja. Mas gagueja não porque ela tá nervosa em falar comigo sobre a vida dela. Mas porque ela quer esconder a verdade. Que ela tá melhor sem mim. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Nunca quis controlar sua vida. Mas fazia isso involuntariamente. A pressionei a continuar a faculdade que ela não gostava. Coagi a não jogar tudo por alto por causa do seu maior sonho. Eu fiz ela pintar o cabelo da cor que eu gostava e gostar das coisas que eu gostava. Ela não fez viagens por minha causa, nem novos amigos. Aliás, ela desfez algumas antigas amizades por minha culpa. Eu a fiz ser um clone meu. E ela foi. Mas o tempo passou e aquilo me cansou. Ela era muito eu. Eu precisava que ela fosse ela.<br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Me desculpa. Olha... Eu só liguei porque pensei que a gente podia sair qualquer dia desses. Colocar o papo em dia...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Não sei, eu ando muito cheia de trabalho e de estudo da pós. O escritório tá mais cheio de clientes a cada dia. Quase não tenho tempo livre!</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Que legal, amor...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Oi?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Digo, que legal, Anne! O escritório fazendo sucesso...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Pois é...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Droga. Ela percebeu que eu tô tentando me aproximar. Maldito hábito. Ela costumava ser o meu amor. E eu era o amor dela. E agora? O que somos um para o outro?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- E então? Podemos jantar qualquer dia desses?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Vou ver um dia livre, porque realmente ando muito atarefada.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Qual é, Anne. É só um tempo pra um velho amigo!</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Tu não és meu amigo, e sabes disso.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Ok, então um velho conhecido. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Tudo bem. Acho que pode ser sexta, então. 20h? </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Por mim tá ótimo!</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Onde?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Que tal comermos sushi? Tu adoras sushi...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">- Tá. Tudo bem...</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Na quarta mal dormi. Depois de desligar o telefone, abri a gaveta e tirei de dentro de uma caixa uma blusa dela. Ela nem lembra que essa blusa tá aqui. Guardei depois que a gente terminou. Pensei em jogar fora, devolver, mas deixei lá. O perfume dela também ficou aqui. Meio vidro. As vezes eu borrifo ele sobre um travesseiro e chego até a sonhar com ela. Na caixa eu também guardei um par de brincos que tinha dado de presente de namorados e que ela devolveu dizendo que por serem caros eu podia dar pra outra, um monte de bilhetes com declarações de amor que ela deixava na minha mesa, fotos nossas, e um chaveiro de uma girafa de pelúcia. Tudo isso me lembrava ela. Só ela. Era o único pedaço dela que ainda me fazia acessível. Porque quando ela partiu da minha vida, levou também o pedaço do seu coração que eu achava que tinha. E devolveu o pedaço do meu. Preferia que ela tivesse devolvido só os brincos. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Na quinta, não conseguia nem trabalhar direito. Ficava olhando a foto dela no meu celular. Só tínhamos 3 fotos nos beijando. Ela dizia que não fazia caso. Só tiramos essas porque em uma eu tirei de surpresa e nas outras duas, eu insisti muito.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Enfim, chegou a sexta.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Liguei mais cedo perguntando se poderia ir buscá-la em casa. Depois de muito insistir, ela aceitou. Cheguei as 20:25h. Liguei avisando que estava esperando na frente do prédio.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Ela desceu já reclamando do atraso e dizendo que eu não perdia o velho costume de me atrasar.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">E tinha razão. Não eram só aqueles 25 minutos que eu me atrasei. Me atrasei os 5 anos que a gente passou junto. Me atrasei muito.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Fomos a um restaurante que sempre gostamos. Serviam um sushi que ela adorava e que eu aprendi a gostar. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">O jantar foi bom, ela me contou casos engraçados e bizarros que aconteciam nas suas audiências. Me falou sobre os planos de prestar concursos, de cursar novos idiomas. Falou que terminava a pós em dois meses, que tinha se formado no espanhol e havia começado o francês e o italiano. Senti uma frustração que nem quis dizer que abandonei o inglês. Nós dois rindo como dois bons amigos.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Mas eu não conseguia parar de pensar em beijar aquela boca com batom vermelho. Aliás, porque ela usa batom vermelho agora? E que maquiagem escura é essa? Pelo que eu me lembre ela sempre usou maquiagem clara. E batom nem pensar. Só brilho labial. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Como ela tá linda. Tá sexy. Quando a gente namorava eu nunca gostei que ela parecesse sexy pra ninguém. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">E esse vestido roxo e tomara-que-caia? <span style="font-size:0;"></span>Ela sempre usou vestido de mangas. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Argolas douradas? Desde quando ela usa argolas?</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">E porque o cabelo dela tá solto? Ela sempre prendia o cabelo. E pior que tá lindo, natural desse jeito. Ela não pinta nem faz mais chapinha! Como essa mulher pode ter mudado tanto em um ano? E quando foi que ela começou a usar salto alto? Até onde eu sabia, ela não se incomodava em ser baixinha. A única coisa que não mudou foi o perfume. Só isso.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Deus do céu, ela tá me assustando com tanta mudança. Se eu sair correndo agora ainda dá tempo de dizer que tava tendo uma crise alérgica ao camarão. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Entre o 5º ou 6º saquê eu pedi a conta que ela não discutiu sobre rachar ou sobre quem deveria pagar. Ela nunca deixava eu pagar a conta inteira e eu sempre pedia pra fazer isso. Mas ela nem falou nada agora.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:0;"></span></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Perguntei se ela queria ver o luar no pier. Ela aceitou. Sempre fazíamos isso.<br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Tinha pensado em fazer uma noite diferente. Mas tive medo. Depois de vê-la tão mudada resolvi não revolucionar muito. Tinha que reconhecer alguma coisa nossa já que eu não reconhecia quase mais nada.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Ela não usava mais lente. Mas mesmo assim a lua refletiu nos seus olhos. E eu pude enxergar por um momento, em algum lugar ali, a minha menina, mesmo que num corpo de mulher. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Não consegui evitar e lhe roubei um beijo. Ela ficou furiosa e tentou me afastar. Mas eu não podia deixar aquele desejo pra lá. Então eu a beijei com toda a vontade que eu fiquei acumulando nos últimos meses.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Ela disse que eu não podia fazer aquilo. Que quando enfim ela tava conseguindo colar os caquinhos do seu coração eu não tinha o direito de estragar tudo, confundido a cabeça dela. E não tinha.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Depois de muita conversa, ela não relutou mais. E aceitou sem protesto mais um beijo.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Saímos dali e dormimos juntos no apartamento dela. </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Ela estava tão linda, tão maravilhosa e tão perfeita que eu prendi o choro quando ela me abraçou pra dormir. E essa noite eu não dormi.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Fiquei olhando seus olhos cerrados e sua expressão de quem sonhava tão serenamente.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Antes das seis, eu me levantei com cuidado pra não acordá-la. Tomei banho, me vesti, e saí.</span></p><span style="FONT-WEIGHT: bold"></span><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Na cabeceira da sua cama, deixei um bilhete: "Perdão. Você sempre foi o amor da minha vida. Mas não podemos mais ficar juntos. Porque você tem um mundo todo pra conquistar e eu não consigo nem sair do meu lugar pra te acompanhar. Te amo pra sempre. Espero que seja muito feliz com alguém que realmente te mereça."</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><span style="font-size:100%;">Eu simplesmente não podia estragar a vida dela de novo. Deixei a minha borboletinha voar sozinha. Livre pra encantar outros jardins.</span></p>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-30793126837592628322009-03-21T20:12:00.005-03:002009-03-21T20:52:07.740-03:00Só mais cinco minutinhos...<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:10.0pt; line-height:115%;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Pessoas falam muito. Meu professor de antropologia diz que a linguagem é a riqueza mais importante na cultura de uma sociedade. O fato é que pessoas falam muito. As vezes demais!</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Eu falo muito. Freud, incorporado na minha professora de Psicologia forense, diz que eu talvez tenha me fixado na fase oral. Sim, aquela história que ninguém entende de que o bebê já tem prazer desde a amamentação. E ela também disse que pessoas fixadas na fase oral utilizam muito a boca. Mastigam coisas o tempo todo. Chicletes, tampas de caneta, canudinhos. Comem na hora do nervosismo, falam muito. Levam tudo à boca. Ok, sem piadinhas! Acho que eu realmente me fixei na fase oral que o Sigmund Freud inventou.</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Mas as vezes eu gosto de ficar calada e barulho excessivo me irrita nessas horas. Isso é notório quando eu acordo. Preciso de 30 minutos pra entender e aceitar que eu estou acordada. E realmente, não adianta. Eu não falo com ninguém nesse lapso tempo. Mas eu não consigo entender que mesmo morando há 20 anos comigo, a minha mãe ainda insista em tentar manter um diálogo comigo nessa meia hora. É muita perseverança numa pessoa só. </span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Eu to lá, aninhada nas minhas cobertas, são 7h da manhã. Deus do céu, eu fui dormir às 4h, 5h e ela abre a minha porta pior do que um furacão, vai fazendo barulho, mexendo nas coisas. Incrível que ela adora minhas maquiagens. Eu já perdi a conta de quantos estojos, delineadores, blushs, sombras e batons eu já comprei pra ela só pra evitar isso. Mas ela insiste em abrir a minha porta no amanhecer sempre em busca de uma tal cor de que ela nunca acha nas maquiagens dela. Isso quando ela não faz pior: Quer uma sandália, um sapato, que geralmente está em uma caixa que ela vai passar um tempão procurando e isso vai ser repleto de barulhos e reclamações enquanto ela não acha. Aí ela martiriza ainda mais. Resolve calçar a sandália ali mesmo e ver se combina com o resto da roupa. E usa meu espelho e se maqueia ali mesmo. Diz que a luz é melhor do que a do banheiro. Tá, eu me mudo. Vou dormir no banheiro, então! Vou ter sossego lá? Pode ficar com meu quarto e usá-lo como closet! E quando eu acho que tá tudo resolvido, ela me pergunta se tá bom. Eu de olhos cerrados só resmungo “Umhum”. E aí ela começa a falar sobre alguma coisa que ela esqueceu de contar no jantar da noite anterior. E me dá as ordens do dia. Cuidar da casa, limpar, cozinhar, buscar alguma coisa, ligar pra não sei quem. Eu já tentei, coloquei um caderninho na mesa da sala. Ela podia usá-lo. Assim como colocar as maquiagens e os sapatos no armário do banheiro. Não deu certo, é claro. As poucos tudo foi voltando aos meus aposentos. Murphy me ama. Sem dúvidas! </span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Ok, eu consigo. Eu fui socializada. Eu não vou mandar a minha mãe à merda, por mais que ela esteja me enchendo o saco, junto com o sol que se espreme pelas lâminas da minha persiana que ela abriu quando entrou no meu quarto. E a TV também já foi ligada. O repórter tá lá falando sobre as notícias trágicas da noite anterior. Graças a Deus, ela saiu. Beleza, eu vou dormir! Começo a sentir uma paz... Pronto. Ela tá gritando pra vizinha do outro lado da alameda. O bebê dela é lindo. E ele tá começando a falar. Menino, cala a boca! Quando tu crescer vais sentir falta de ficar de bico calado. </span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">E mamãe tá lá aos berros “Oi meu amor, bom diiiiiia!” “Lindo! Como você tá? Dormiu bem?”. Com certeza ele dormiu. Eu é que não dormi! “Olha ele tá aprendendo a dizer tia Sandra. É sou eu, a tia Sandra. Titiiiiaaaaaa Saaaaandraaaaa. Que lindo!”. É mãe, daqui a pouco ele já tá até dando palestra de desenvolvimento infantil!</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Aí ela começa a conversar com o meu pai. Mas eles não conversam. Eles berram! Deus amado, e como berram! Mamãe é filha de uma espanhola e papai de uma portuguesa. Mas eu posso jurar de pé junto que eles na verdade tem descendência italiana! Ô gente pra falar alto o tempo todo!</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Oi, dá licença, eu posso dormir só mais um pouquinho?</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Não! Cristo amado, lá vem ela de volta. Agora ela pegou um perfume meu que ela adora! Eu gostava dele, mas já dei pra ela. E ela ainda deixa no meu quarto. Assim como o bendito perfume que eu dei no Natal depois de muitas reclamações e que eu dei meus preciosos R$200 na esperança desse dinheiro comprar a minha tranqüilidade matinal. Ledo engano. Porque ela não leva os perfumes pro banheiro? Pro quarto dela? Porque, meu Deus? Por anos eu agradeci por não ter irmãos e ter que dividir meu quarto com alguém. Mas crescer e começar a dividir as coisas com a mãe, eu acho que é pior. Pelo menos se fosse uma irmã eu podia mandar à merda. Mas é a minha mãe, caceta! O que eu faço? Enfio a cabeça embaixo do travesseiro. É uma forma mais segura.</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">E aí depois que ela já fez tudo isso, falou que nem uma matraca e eu só fiz “Umhum” pra todas as respostas sejam negativas ou positivas, ela me dá um beijo e me deseja bom dia. </span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Ah não. Espera. Antes disso eu já ouvi um discurso de uma hora sobre eu ser muito mal-humorada. Culpe a TPM, culpe a insônia, culpe os professores de antropologia e psicologia, assuma a sua culpa também. Eu já pedi, já implorei, já avisei. Meia hora. Só isso! Depois dos benditos 30 minutos, tudo é mais seguro. Juro! </span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Mas o fato é que quando ela não me dá um beijo, eu sinto falta. Fazer o quê. Mãe é mãe. Ela me deu cromossomos, leite, comida, carinho, remédio, apoio. É mãe, afinal. E com tudo, eu já me acostumei com ela e me acostumei a amá-la mesmo ela dando uma de Regina Volpato no meu quarto de manhã.</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">E então nada mais me resta. Tenho de levantar da cama e encarar o chuveiro. E lá vou eu, com a cara inchada, me entupir de café pra estudar um monte de coisas pra falar. Por quê? Porque o poder de uma advogada está na sua argumentação, na sua retórica, na sua oratória. Ou seja, eu serei paga pra falar que nem uma matraca. É mãe, obrigada pela carga genética, nessa hora!</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Pessoas falam demais. O Freud fala demais. Minha mãe fala demais.Minha família fala demais. Meus professores falam demais. Eu falo demais. O repórter fala demais. Meus vizinhos falam demais. E eu só queria dormir.</span></p> <p style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;" class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;">Porra Sigmund, não Freud, doido!</span></p> Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-63524208159271752842009-03-08T20:49:00.001-03:002009-03-08T20:50:36.558-03:00Mulher, cobre os peitos e mostra a tua capacidade!<span style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;font-size:130%;" >Reza a lenda que o dia da Mulher foi instituído em homenagem à trabalhadoras queimadas vivas num galpão de uma fábrica durante uma greve. Elas apenas estavam exercendo um direito seu. Inerente à sua condição de trabalhadoras. E ainda há energúmenos que dizem que mulher é sexo frágil!<br />Ah sim, claro... Mas me diz que tal de sexo frágil é esse que agüenta uma cera quente arrancando os pelos de uma área super sensível, todos de uma só vez?<br />Somos um sexo muito forte. A gente se ferra com escoliose por causa do salto alto, trombose por causa do uso do anticoncepcional com cigarro, insônia pelo consumo excessivo de cafeína pra dar conta de todas as tarefas que muitas das vezes contam com o trabalho dentro e fora de casa.<br />Fazemos banho de lua, coloração, alisamento e outras químicas com produtos que às vezes passamos mais de 6h sentadas numa cadeira de salão sentindo o fedor de amônia. E amônia fede muito! Fazemos até depilação perianal no dia da noiva (e eu nem vou tecer mais comentários sobre isso).<br />Vivemos bonitas e impecáveis porque mulher relaxada ninguém dá crédito.<br />Passamos a vida toda após os 12 anos sangrando e sentindo dor todo mês. E NÃO morremos. Aliás, as mais guerreiras como eu, encaram até um julgamento de quase 6h, um dia inteiro de trabalho no escritório e faxina da casa, sentindo que está parindo um alien lentamente.<br />E eu já comentei sobre as benditas espinhas que aparecem nos 5 dias antes disso? Elas acabam com qualquer festa e dependendo do nível de poder de erupção do vulcão que cresce no meio da tua cara, nem maquiagem resolve, aliás, só evidencia mais o problema.<br />E por falar em festa. A Lei de Murphy se faz presente em muitas delas. O vestido é lindo, impecável. Mas é fato, a lei de Murphy impera e aí, a calcinha vai marcar. E fica o dilema entre ir com ou sem. Sim porque se usar com todo mundo vai ver o movimento de sobe-e-desce da sua bunda. E se não usar, é mais fácil as pessoas ficarem se perguntado se a calcinha está lá ou não. Homens, acreditem, não é como não usar cueca. Pelo menos, por experiência própria, eu não senti toda essa liberdade, não. Sem contar o medo do vento ou de cair no chão. Deus me livre!!! Aí você decide por uma calcinha fio dental. Ótimo, problema resolvido! Ela não marca sob o vestido. Ok, 5 minutos depois a constatação: Aquela merda incomoda pra cacete!!!<br />Mas vale tudo pra ficar bonita. Então você se submete a um fio ficar assando suas partes íntimas.<br />E por falar em esforço, quem já casou e quem tá intimamente ligada ao universo das noivas por causa de trabalho, como eu, sabe o esforço que é os 8 meses que antecedem o enlace. São regimes durante meses pra entrar e permanecer no vestido. E o casamento dura só uma noite. Por que não podemos ser como os orientais e comemorar por longos dias? Pelo menos valeria à pena as milhares de salada ingeridas!<br />E aí o casamento acontece. Acabou o os esforços? Não! Se antes você chegava em casa do trabalho, faculdade ou balada e podia ir dormir com fome por causa da preguiça e do cansaço que imperava, isso já era. A não ser que você mande seu marido ir se virar e com isso perder o casamento ou mandá-lo comer no fast food mais próximo e ter de ver o príncipe virar um sapo, você vai ter que ir até o fogão e preparar alguma coisa. E que seja uma comida boa, bem palatável. Do contrário você ouvirá que é preguiçosa, desleixada e que a "mamãezinha" é que fazia comida boa. Se controle. Por mais que a vontade seja de colocar veneno de rato no suco de maracujá fingindo que são os resíduos da semente, se controle! Não vale à pena. Ganha-se mais com o divórcio. Vai por mim. Eu sou civilista!<br />E aí aturamos a bendita escoliose de novo quando decidimos perpetuar a espécie. Os enjôos, as tonturas, os vômitos, as roupas que não servem mais, as roupas novas que só vendem nas lojas especializadas que por sua vez vivem lotadas de grávidas estressadas com seus filhos pentelhos, os desejos estranhos e ao fim das 40 semanas, a dor do parto que não chega nem aos pés de um chute no saco!<br />E sabe o que é pior? Você olha pras grávidas estressadas com seus filhos pentelhos e sabe que aquele é seu futuro próximo se você não optar pela laqueadura depois do seu primeiro filho.<br />E mais dores vêm quando eles nascem. Afinal de contas, alguém enfiou uma faca na sua barriga e no seu útero pra tirar a criança de lá e depois costurou isso. E você anda igual a um robô nos dias seguintes. E a amamentação? Eu não sei, mas uma amiga da qual eu acompanhei a gravidez de perto, me disse que dói muito. Eu devo imaginar que sim, afinal a pele rachou e tá em carne viva. Deus do céu, só de imaginar preciso de um analgésico!<br />Mas ininteligivelmente há aquelas que decidem passar por isso de novo! “Alôôô Bento XVI, temos uma canonização a ser feita aqui!!!”<br />Daí, eles crescem. E a barriga do marido também, na maioria das vezes. E proporcional a tudo isso, a sua jornada de trabalho diária. O seu chefe não tá nem aí se você divide seu dia entre marido, filhos, casa, trabalho e estudo (Sim porque a gente faz pós, mestrado, doutorado pra ganhar mais dinheiro pra ver se sobra um pouquinho pra comprar uma bolsa nova ou pintar o cabelo, pelo menos.). Não importa o que você faz fora do trabalho, importa que lá dentro você tem de dar contar do seu serviço, com ou sem TPM. E aí quando você reclama da sobrecarga de afazeres, ouve com uma certa ironia que nós sempre lutamos pelos direitos iguais e que o seu colega tem o mesmo trabalho e uma família pra sustentar. "Merdaaa, pega essa desgraçada que queimou o sutiã! Vaca nojenta, frustrada e mal-amada!"<br />Ok, mas ele tem uma mulher como eu que faz tudo pra ele dentro de casa.<br />Você dá uma rebanada e volta ao seu trabalho. Não esqueçamos que nessa hora o seu pé tá latejando dentro do sapato de bico fino e salto alto, mas um sapato lindo de morrer. Ou se por uma felicidade do destino, você pode trabalhar vestida mais confortavelmente, ainda assim, suas pernas estarão inchadas. E isso é por causa dos malditos hormônios. A gente retém líquido com mais facilidade. E muitas das vezes os ignorantes saem com aquela: "Tá gordinha, hein? Tá na hora de fazer um regime, uma academia"<br />"Pô, se eu tivesse tempo e dinheiro sobrando eu fazia uma drenagem linfática pra te mostrar quem é a gordinha, cacete! E se eu estiver acima do peso, vai fazer o que? Me espancar?"<br />Mas é porque eles não sabem o que é a felicidade de comer um chocolate no ápice do seu estresse.<br />E você pega o carro no fim do expediente. Mas se lembra que a Lei de Murphy acompanha você? Pois é. Por um complô do universo, durante o seu trajeto urbano algo se coloca na frente do seu veículo. Algo ou alguém. Se tudo der certo, apesar dos pesares, só cortes e escoriações ou somente danos aos veículos. E claro, tirar dinheiro da poupança que você tava fazendo pra ir passar um mês viajando pra pagar o seu e o prejuízo do outro!<br />Quando você desce do carro pra avaliar a real situação, o que você ouve? Não, não é o Frank Sinatra cantando "Can’t take my eyes off you"! É um ignorante análogo ao que falou das gordurinhas falando a clássica: "Tinha que ser mulher". Certo, você tenta se controlar e não deixar aflorar novamente o seu instinto homicida. E tenta conversar com o indivíduo. Mas ele pra piorar a situação solta: "Devia era tá pilotando o fogão de casa. Depois que ganharam direito a estudar e votar querem achar que podem pensar e fazer de tudo.". Tá, agora eu te apóio, enfia uma tapa bem no meio das fuças do idiota. Se a mãe dele não o fez, você faz.<br />E aí você é taxada de barraqueira, louca, descontrolada.<br />Com tudo resolvido, você chega em casa, pensando que seu dia cão acabou e já vai abrindo o armário pra pegar um calmante que te dará uma linda e maravilhosa noite de sono. Quando você vê, lá... Bem no cantinho da sala, perto da TV. Uma barata! E o seu marido tá assistindo o futebol. Você pede educadamente pra ele tirar aquele monstro que invade a tranqüilidade do seu lar, mas o drible do Ronaldinho é mais hipnotizante que as técnicas clínicas do finado Freud. Você mesma vai, reunindo toda a coragem do mundo e tasca uma sandália nela. Ok, você acabou de manchar o seu tapete com os restos mortais do inseto. E lá vai você limpar tudo. Intervalo do futebol. Você já fez o jantar, já lavou uma roupa, já lavou a louça, já arrumou a sala, já viu se o filho fez a lição e só tem uma hora que você chegou em casa. Nesse mesmo tempo, o seu marido só bebeu duas cervejas e petiscou alguma coisa largado no sofá.<br />E aí você entra no banheiro pra tomar um banho relaxante. Cadê a luz? A lâmpada queimou! Ótimo! "Deus, tem um raio aí em cima pra cair na minha cabeça?"<br />Você pede pro seu querido esposo ir contornar a situação. Mesmo que nada. E aí você lembra do tapete ainda molhado e cheirando à sabão.<br />Janta com sua família, lava a louça, arruma tudo, põe o filho pra dormir e vai deitar.<br />Ele tá lá, roncando. E ele já foi o príncipe encantado dos seus sonhos. Mas lá ele tinha menos barriga, mais cabelo, mais músculo, mais dinheiro e claro, não roncava e nem soltava gases!<br />E aí depois dessa via crucis você repousa a cabeça e descansa pensando porque só um dia pra você ser homenageada? E os outros 364?<br />Mas acima de tudo, você se sente feliz. Feliz, porque de uma forma ou outra você se realizou, mesmo que um pouquinho. Seus filhos são lindos. Seu marido é companheiro. E você não tem mais 5 anos de idade. Apesar de a brincadeira de casinha agora ser de verdade, veja pelo lado bom... Você pode ir pra festa e usar maquiagem e sutiã sem sua mãe lhe repreendendo!<br /><br />O fato é que na verdade, todo dia é dia da mulher, todo santo dia, elas lutam pra ter seus direitos resguardados e acabar de vez com o estereótipo mal interpretado de que mulher é "sexo frágil". A mulher que é mãe, filha, irmã, sogra, cunhada, amiga, prima... Ou tudo isso ao mesmo tempo, porque se tem uma coisa que mulher sabe ser muito bem, é versátil. Afinal, aliar casa, trabalho, filhos e TPM, é motivo pra beatificação!<br />Parabéns às mulheres guerreiras, sonhadoras, protetoras, apaixonadas por um amor verdadeiro, pela vida, pelo trabalho, pela família, por algum cretino...<br />Enfim, parabéns para esses seres que sabem muito bem as dores e as cores de serem fêmeas, mulheres, divas, rainhas... cromossomos XX!<br />Afinal, homem que diz que mulher é frouxa e cheia de frescura devia era depilar virilha, cuidar das crianças, ter cólica, TPM e andar de salto... Queria ver qual seria a frescura, então!</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-78317433899871515602009-02-18T23:36:00.008-03:002010-07-24T23:45:09.556-03:00Você já comeu jabuticabas?<span style="font-size:130%;"><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Eu nunca tinha visto uma jabuticaba antes. Pensava que elas eram iguais ameixas. Mas parecem mais com as uvas. Como disse minha mãe, elas devem ser primas. (ok, eu não achei graça na piadinha por esse papo de primos e mamãe continuou a empurrar o carrinho do supermercado)</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Eu odeio fazer supermercado. Mas também adoro. Sim, quem me conhece, e sabe desse meu jeito bipolar de ser, entende isso perfeitamente. Que eu posso amar e odiar a mesma coisa ao mesmo tempo! Rá!</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Eu odeio as filas do supermercado. Desde a fila do balcão de frios, passando pela fila da panificadora, até a fila do caixa pra pagar as compras. Mas fazer supermercado é interessante. Você pode achar coisas legais. Desde uma pessoa interessante, até sei lá.. Jabuticabas, por exemplo! </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Não encontrei ninguém interessante. Também com minha mãe do lado, estressada e extremamente apressada procurando creme de leite, frango defumado e couves verdinhas, não tinha nem como.</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Mas hoje me aconteceu algo legal, sabe? Eu sinto que as vezes eu tenho muito medo do novo. Como hoje, eu pensei em nem provar as jabuticabas por medo de não gostar. Elas estavam lá, roxinhas, brilhosinhas, apetitosas e delicadamente colocadas umas ao lado das outras, numa bandejinha. Eu olhei e pensei: “Vou levar pra provar”. Quando ia me virando pra colocar no carrinho, mamãe me perguntou o que era e eu respondi com naturalidade: “Jabuticabas”. E ela me indagou: “Já comestes jabuticabas?”. Respondi com mais naturalidade ainda: “Não. Nunca comi."<br /><br />Mas... Pára tudooo!!! Eu nunca comi jabuticaba!</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Pronto! Um diálogo curto sobre uma dezena de frutinhas roxinhas me fez pensar um monte de coisas. Eu tive medo de não gostar das jabuticabas e olhando pra bandejinha como se o mundo todo parasse ante a minha crise existencial "jabuticabícia", eu me fiz algumas perguntas. E se forem azedas? Amargas? E se eu não gostar? Será que eu posso comer? Será que não vai aumentar muito a minha glicemia?</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >“Ei mãe, volta aqui... E tu? Tu já comeu jabuticaba?”. Ela disse que não e aí eu me senti perdida. Todo filho parte do pressuposto que deve confiar na experiência de seus genitores pra construir 50 % da sua experiência de vida. O resto a gente aprende com a gente mesmo. Mas a minha mãe nunca comeu jabuticabas! Meu Deus e se eu não gostar da bendita fruta! Vou estragar dinheiro e desperdiçar um alimento! Um pecado, no mínimo! Ah mas o papai deve ter comido jabuticabas e se eu não gostar ele come, ué! Simples! Eu sou um gênio.</span><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >“Alô, pai? Oi pai! Olha só, tu já comeu jabuticabas?”. “Não é aquele negócio que parece um pêssego roxo?”. “Não pai, aquilo é ameixa!”. “Ah, então não sei o que é!”</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Putz! Me senti desolada! E agora? Comer ou não comer jabuticabas? Eis a questão!</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Celular de novo. “Alô, mano!?” “O que é que tu já queres me perturbar?” (meu irmão é muito educado!). “Tu já comeu jabuticaba? É bom?”. “O que é jabuticaba?”. “Uma fruta! Parece uma uva”. “Não, nunca! Tu sabes que eu nem gosto muito dessas coisas naturebas”</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Ok, meu irmão era a pessoa errada. Ele nem faz o tipo “saúde”. A criatura tem como prato preferido, arroz, farofa, rosbife, batata frita e meio kg de maionese!</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Olhei pras jabuticabas com uma cara de desespero. Elas olharam pra mim e aí eu fiquei pensando... </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >O que mais tem por aí é gente reclamando que não consegue ser feliz. Que não entende como não consegue ser plenamente feliz.</span><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Ora, me sinto uma criança de cinco anos de idade respondendo uma pergunta óbvia, na minha opinião. Não consegue ser feliz, porque não se permite ser feliz. </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Tá, quando eu falo isso sempre sei que vai chover comentários do tipo “É claro que eu me permito ser feliz!!” </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >É? Então diz aí. Por quantas vezes, você deixou de tomar banho na chuva por medo de pegar um resfriado? Por quantas vezes disse: Ah, eu não vou passar o fim de semana no interior onde nem energia elétrica tem! (Mas tem o ar puro, livre de tanto poluentes que a selva de pedra produz). E quando se deparou numa encruzilhada e teve que escolher entre o caminho A e caminho B, escolheu o B e depois ficou resmungando como seria o A ao invés de aproveitar as coisas boas que encontrou no B? Hein? Duvido se por muitas vezes, não ficou olhando crianças brincarem tão alegremente e teve vontade de participar da brincadeira, mas não foi. Não foi porque, se julga velho demais, inteligente demais, compromissado demais, ridículo demais a ponto de pegar uma boneca e fingir que está alimentando-a. </span><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Certamente, que por várias noites, recostou a cabeça no travesseiro e ficou pensando na falta de coragem de dizer a alguém que lhe amava, ou confidenciou que alguma coisa não estava bem. Isso se chama empurrar com a barriga.</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >A acomodação sem dúvidas é o principal obstáculo pra que se tenha dias verdadeiramente felizes. Todo mundo tem direito de surpreender, de ser surpreendido.</span><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Quantas oportunidades a gente não perde só por pensar sempre no depois? O depois é uma incógnita. </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >O que importa é viver o agora, o presente. E que presente! Ontem já foi, não tem mais jeito. Pode chorar, se debater, espernear, surtar à La Amy Winehouse, mas já foi! Perdeu, playboy! Amanhã, iiih.. amanhã nem sei. Primeiro que não sei se vou estar aqui, ou aí, ou seja lá onde for. E nem sei se vou ser a mesma, integralmente. Ou se vou continuar seguindo a minha rotina. Aliás, eu nem sei se ainda vou ter uma rotina! </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Portanto, eu ganhei um presentão de Deus! O HOJE!!! É no hoje que eu vou sonhar, que eu vou realizar meus sonhos, que eu vou chorar de alegria e de tristeza, que eu vou estudar, trabalhar, me estressar, ler, dormir, viver e amar. Sobretudo AMAR! </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Não é porque eu não tenho mais um laço afetivo com alguém que eu vou deixar de viver e de amar. Tem um milhão de coisas pra amar. E eu amo a vida que eu tenho. Minha família, meus amigos, minha cadela, meus livros, meu conhecimento, meu mundo e a minha sobrinha! </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >E amo, muito, desesperadamente, inexoravelmente, incomensuravelmente... a minha vida! Com tudo que há nela. Com tudo que me transformou no que eu sou hoje. No hoje, no presente, no agora.</span><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >E esse é o meu presente. Continuar amando a minha vida. </span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" >Ah, e quanto as jabuticabas? Uma delícia! Doces, doces... Assim como o hoje. Um típico dia laranja! =D<br /><br /></span></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUCVJNyUDQkp8gJSDK66Q2NRx7h1TaTt06jICfeDtTrk4zlrHAC8uwF-RTapOuTa82Pofr6r2hCjZsS0-i2lGEG_l4ec7R8tPKN2Ii0vRegeexJcPbmTP-RC6ae-KGiswsicIu36BSAo/s1600-h/800px-Jabuticaba_fruto.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5304707688323128994" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 235px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUCVJNyUDQkp8gJSDK66Q2NRx7h1TaTt06jICfeDtTrk4zlrHAC8uwF-RTapOuTa82Pofr6r2hCjZsS0-i2lGEG_l4ec7R8tPKN2Ii0vRegeexJcPbmTP-RC6ae-KGiswsicIu36BSAo/s320/800px-Jabuticaba_fruto.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-size:130%;"><span style="FONT-WEIGHT: bold;font-family:lucida grande;" ><br /></span></span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-53459446715837479162009-02-02T20:24:00.004-03:002009-02-02T20:37:04.072-03:00Passa o tempo. Tempo passa. Passatempo.<span style="font-weight: bold;font-size:130%;" ><span style="font-family:lucida grande;">“A gente passa a vida toda procurando o amor verdadeiro. Mas desiste depois da maior decepção. Porque talvez, na realidade esse tal verdadeiro amor nem exista. Ou exista e a gente esteja ocupado demais pra percebê-lo. Amor é subjetivo, é mágico, metafísico... Embora haja decepções daquelas que fazem a gente pensar “Nasci pra ser sozinho”, depois de conhecer outra pessoa a gente volta a sentir aquilo tudo novamente. As pernas bambas, o calor no rosto, o coração batendo tão forte que é possível senti-lo na garganta...”</span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br /><br />Eu tive vontade de lhe dizer tudo isso naquela ocasião. Porque depois daquela noite, a lua nunca mais brilhou de uma forma tão bela. Nunca mais, meu coração bateu tão acelerado, sentindo tua respiração quente no meu rosto, pele na pele, boca com boca, olhos nos olhos e eu pude sentir teu coração batendo perto do meu.</span><br /><span style="font-family:lucida grande;">Por mais que o tempo já tenha passado, essa noite é uma das lembranças mais remotas e felizes que tenho de nós dois. O dia em que pelo menos por um único momento, meu sentimento foi correspondido. Impossível prever que seria a pessoa mais feliz do mundo quando estivesse do teu lado. Mais impossível ainda era prever que eu sentiria a tua falta mais do que qualquer outra coisa e que as tuas mãos, somente as tuas, poderiam me proporcionar os carinhos que me transmitiam segurança e proteção.</span><br /><br /><span style="font-family:lucida grande;">Não estava nos meus planos, me apaixonar. Também não estava, passar tanto tempo do teu lado. Era pra ser algo de só um dia, só do momento, nada sério. Apenas um passatempo, porque afinal, pra mim os homens sempre foram apenas passatempos e eu queria me divertir sem me apegar a compromisso algum. </span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br />Mas quando você me beijou eu senti como se tudo ao nosso redor sumisse. E de repente só existia nós dois. Teus olhos são lindos, de perto são mais castanhos. Parecem ter um brilho especial, ou seriam os meus que se refletiam neles? E as tuas mãos... Ah as tuas mãos são grandes e eu gosto de mãos que se encaixem perfeitamente nas minhas. As tuas costas largas de homem que protege a mulher num abraço aconchegante. E o teu cheiro, as notas amadeiradas e o âmbar... Elas estão impregnadas na minha mente até hoje. E cada vez que eu sinto teu cheiro, lembro do quanto me fizestes sentir tantas coisas da forma mais intensa. </span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br />Não sei se é uma coisa saudável me apegar só à lembranças, mas tenho vontade de comprar teu perfume pra ficar sentindo o cheiro dele cada vez que eu sentir saudades.</span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br />Eu já tirei tuas fotos da minha vista, só que não tive coragem de jogá-las fora. Estão guardadas numa agenda que fica sempre à mãos. Por mais que eu não as veja o tempo todo. Elas ficam lá. Bem acessível caso bata a vontade de olhar pro nosso momento casal, registrado num pedaço de papel que eu já deveria ter queimado, mas que me queima por dentro cada vez que eu tento isso.</span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br />Mas o nosso chocolate preferido continua sendo o meu chocolate preferido. Não sei se ainda é o seu, porque eu também não sou mais sua preferência em nada. Mas eu continuo gostando do chocolate, gostando de colecionar as figurinhas que vem nele. Um dia desses eu comi com um amigo. Não foi a mesma coisa. Ele jogou fora a embalagem com a figurinha. Você jamais faria isso. Sempre me davas a figurinha. Mas ele não é você. E foi quando eu virei pro lado olhei pra ele e percebi que a embalagem tinha ficado na lixeira foi que eu percebi que eu também tinha ficado pra trás no seu caminho. Assim como a figurinha na embalagem. Será que eu fui uma figurinha? As vezes eu acho que sim.<br /><br /></span><span style="font-family:lucida grande;">Eu tô sofrendo. Sofrendo muito. E cansei de me esconder sob uma capa de mulher-maravilha que é forte o bastante pra ser inabalável. Eu cortei meu cabelo, mas antes mesmo disso, eu já me sentia meio Sansão. O que eu tô querendo ao me mostrar forte, centrada, decidida e super-heroína? Você pra mim é kriptonita e eu senti isso hoje, em poucos minutos que ouvi sua voz no telefone, me tratando de igual pra igual. Eu te ignoro, você me ignora. Eu te desprezo e você me despreza.</span><br /><br /><span style="font-family:lucida grande;">Mas no fim, eu te amo. E você? Nem sei...</span></span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-20829290769439841322009-01-17T15:39:00.011-03:002009-03-08T20:48:41.107-03:00Tenho mais cérebro do que bunda<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <o:officedocumentsettings> <o:relyonvml/> <o:allowpng/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--><link rel="themeData" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CUsers%5CLenna%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:10.0pt; line-height:115%;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--><span style="font-weight: bold;font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Falei com ele mais cedo no MSN. Até cogitei a possibilidade de voltar, mas eu não vou negar que estou com um certo receio. Acho que porque apesar de descobrir que eu o amo, nossa relação terminou muito desgastada.
<br />
<br />Recebi a ligação de um amigo me convidando pra sair. Disse que ia pensar e retornaria a ligação em alguns minutos. Pensei em ter que tirar a camisola, tomar um banho, me arrumar, arrumar o cabelo, fazer maquiagem e encarar um salto alto. Era um trabalho muito árduo e eu tava morrendo de preguiça. Mas aí pensei que eu podia conhecer alguém interessante na noite. Sempre conheci gente interessante na Belém by night. Mas como são raríssimas essas minhas saídas, geralmente eu nunca mais encontro, depois.
<br />
<br />E lá fui eu. Decidi por um look básico com pouco brilho. Também não abusei de maquiagem. Uma sombra dourada com degradê marrom e gloss. Apenas me certifiquei de esconder bem as olheiras das noites de sono conturbadas e colocar um blush rosa pra aparentar saúde. Ultimamente eu tenho aparentado muita saúde física. Ter emagrecido alguns quilos tem me garantido elogios dos amigos e umas e outras cantadas. Pena que só de homem comprometido.
<br />
<br />Eu tava apresentável. Com um salto médio pra não cansar muito e num look bem natural (eu não faço o tipo que se liga em tendência de moda. Visto o que acho que fica bom em mim e sempre acerto, ainda bem!). Quando encontrei com meus amigos, uma amiga disse:”Hoje promete. Vou te arrumar um namorado! Missão da noite”. Ela e outra amiga saíram decididas a fazer isso, depois da fossa que eu passei quando terminei com o meu ex, em meio a muitas decepções, brigas e discussões que me fizeram declarar pros meus amigos: Não quero mais vê-lo nem pintado de ouro. Odeio ele. Quero que ele se exploda!
<br />
<br />Era um dia chuvoso. Um típico dia cinza. Eu tava com raiva e disse isso pela milésima vez. E foi então que o meu melhor amigo me deu o veredicto dele: “Não vou mais permitir isso. Tu não vais voltar com ele”.
<br />
<br />Fomos para um lugar legal, eu tava morrendo de frio, mas a comida tava ótima. Não bebi nada além de coca zero. Minha amiga tava revoltada. Sempre saímos e enchemos a cara pra afogar as mágoas ou simplesmente pra ficar falando merda e rindo. E eu lá com hipotermia e tomando coca-cola. Eu não tava afim de beber. Não era um dia pra beber. Embora eu tivesse muitas mágoas pra afogar, a minha cabeça não tava aqui. Tava lá, tava lá do lado dele, com ele, nele. Sei lá. Mas depois de ler um “Sinto muitas saudades também”, eu queria ficar em casa, me agarrando ao fio de lembrança que restava dos melhores momentos com ele. Minha família descobriu nosso relacionamento, de algum modo descobriu. Então isso me rendeu certas represálias. Eu disse que já tinha acabado, e eu achei que já tinha mesmo. Mas um dia eu acordei com aquela mesma sensação de 6 meses atrás. Que é ele que eu quero. Que é ele que eu amo. E que vale à pena viver essa história porque ele me completa.
<br />
<br />E me certifiquei disso ontem. O lugar era legal, tinha caras bonitos. Conversei com uns tantos. Conheci um amigo de uma das meninas. Estávamos todos juntos olhando o show, a banda tocava “Último Romance”. Ele me disse que também adorava Los Hermanos e lamentava o fim da banda. Não gostei do sorriso dele, era forçado e dava na cara que a qualquer momento ele ia me roubar um beijo. Mas gostei do perfume dele, era marcante, diria quase envolvente. Notas amadeiradas. Definitivamente, adoro perfume masculino. Mas aquele em especial me trazia à memória, só o meu amor. Seria um complô do universo? Conheço um cara numa noite que saí confusa entre partir pra outra ou voltar pra mesma e quando conheço alguém que parecia interessante, ele usa o mesmo perfume. Maldito cheiro. Por várias vezes, ele ficou impregnado na minha pele depois de um abraço. Quando de repente, o cara entre uma cerveja e outra, falou no meu ouvido: Você tem um bumbum lindo, desculpa mas não deu pra não reparar.
<br />
<br />Eu já ouvi isso um monte de vezes e a minha resposta pra isso é só uma: Ignoro. Simplesmente ignoro. Posso conversar com uma planta até, mas a pessoa eu deixo de lado.
<br />
<br />Eu sempre fui isso pra todos os homens que eu conheci na minha vida. Só uma bunda bonitinha. Tô de saco cheio disso! Tenho muita cultura, entendo de vários assuntos. Li um monte de livros, vi um monte de filmes, sou uma companhia agradável na maior parte do tempo.
<br />
<br />E aí eu posso dizer que nisso, ele é diferente. Lógico que ele deve ter achado a minha bunda excitante, mas ele não ficava falando isso. Quando eu perguntei pra ele uma vez, o que mais tinha chamado atenção dele em mim, ele respondeu que era o jeito despreocupado que eu vivia os meus dias. Ele disse que adora o brilho do meu olhar quando eu falo empolgada sobre girafas, ou sobre alguma coisa da faculdade. E ele disse que eu sou muito engraçada. Mas nunca, nos primeiros 3 meses, sequer mencionou palavras baixas que se referiam a imensa massa adiposa que localiza-se na minha parte glútea.
<br />
<br />Pronto! Custava os homens serem assim? Não, ele não é perfeito, caro leitor. Mas ele foi o que mais se afastou do meu conceito de “Imperfeição”. Ele também não é o meu príncipe encantado, mas ele me acordava com um beijo e sempre que eu corria algum “perigo”, se ele não pudesse me salvar pelo menos ele me abraçava pra eu não me sentir tão sozinha. E mesmo que ele não fosse o homem dos meus sonhos, eu sonhei com ele por muitas noites quando me descobri apaixonada.
<br />
<br />Tudo o que queria era um cara que me respeitasse como mulher. Que entendesse minha TPM, mesmo que nem aturasse, mas que pelo menos entendesse. Que me enxergasse como uma mulher inteligente, culta, simpática, autêntica e interessável. Tudo, menos só mais uma bunda bonita.
<br />
<br />E o cara de ontem, me deu uma certeza de uma vez por todas. Que não devo sair por aí à procura de outras pessoas. Meu coração já pertence a alguém. Um alguém que eu tô contando os dias, os 11 exatamente, a contar de hoje, pra reencontrar e voltar a ser feliz.</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6264403927598184435.post-43793629769358089442008-11-11T15:46:00.010-03:002009-08-01T22:08:38.848-03:00Eu senti medo.<span style="color: rgb(0, 0, 0); font-weight: bold;font-family:lucida grande;font-size:130%;" >O amor definitivamente não é o tipo de sentimento que covardes possam sentir. O amor exige coragem. Muita coragem.<br />Coragem de enfrentar preconceitos, de acreditar que vai dar certo, de não se importar com opiniões pessimistas. Coragem pra viver a vida a dois. Pra saber a hora certa de dizer sim e não. Pra saber se vale à pena insistir quando tudo se desgastou ou se é melhor sacrificar sua felicidade em nome da felicidade do outro.<br />Eu fui corajosa, todos os dias. Sentir o frio na barriga me dava essa certeza. Porque só podia saber que estava sendo corajosa quando sentia medo. O medo de parecer vulgar ao tomar a iniciativa. O medo de ouvir um não quando pedia um beijo. O medo de ver que estava sendo usada. Senti medo, e não me envergonho por isso. Acho que até me sinto orgulhosa.<br />Sim! Palmas pra mim que senti medo de amar e superei esse medo!<br />A vida toda eu procurei um bom motivo pra não me envolver, pra não pensar sequer em depender de alguém pra tornar meus dias mais interessantes. Gastei muito tempo me tornando interessante que esqueci de me tornar interessável.<br />Mas aí um belo dia eu olhei por lado e vi que ele sempre esteve lá. Que era quem me conhecia e me aturava até na TPM. Que era quem nem ligava se a minha bolsa não combinava com o meu sapato, ou se eu não tinha feito chapinha. Era pra quem eu chorava todas as minhas dores e dividia todas as minhas alegrias. Com quem eu sonhei ir ao altar com um vestido cor de pérola bordado de cristal, o buquê de rosas vermelhas e a minha sobrinha de dama de honra.<br />Não vou dizer que a gente não deu certo. A gente deu certo pelo tempo que tinha de dar. Eu fiz muitas loucuras, me desfiz de pessoas, de coisas, de sentimentos que não me eram mais úteis. Escondi ele da minha família e de quem mais não enxergasse que o nosso relacionamento era algo bonito e verdadeiro. Cometi um grande erro para nos privar preocupações posteriores. Ele me deu um novo ponto de vista pra olhar a vida. Ele me fez melhor. Se a gente errou se envolvendo, não foi culpa de ninguém. Ele me amou no tempo dele e eu descobri isso muito tardiamente. Tão tarde que ele mal aproveitou.<br />Claro que eu deveria dar uma chance pra nossa amizade. Mas eu não consigo, eu simplesmente não consigo. É um defeito, eu sei. Mas espero que ele acredite que “Pra sempre” não dura só até amanhã de manhã. E enquanto essa pontinha de frustração de ter ficado no “quase” insistir em ficar alojada no meu coração, eu simplesmente não poderei olhá-lo com outros olhos.<br />Também não vou me culpar se eu não sou bonita o suficiente, se não sou gostosa, se não curto os mesmos programas. Um amigo em comum disse que não conseguia entender porque eu e ele nos dávamos tão bem, sendo tão diferentes. Uma pessoa emendou: Os opostos se atraem.<br />A verdade é que nada disso se explica. Que o amor não se explica. Só se sente. Unicamente isso.<br />Ele vai viver a vida dele e eu vou viver a minha. Vai levar muito tempo pro nosso tempo passar pra mim e eu fico feliz que já tenha passado pra ele que pelo menos não é mais tão doloroso. Vou tentar ao extremo, voltar a ser sua amiga. Ainda tem litros de lágrimas pra chorar, cada vez que eu ver que ele já me superou, mas também haverá mil sorrisos cada vez que eu notar que ele está feliz. Porque eu tentei fazê-lo feliz, mas sendo a felicidade algo tão subjetivo, jamais saberia os seus parâmetros para julgar isto.<br />E eu fico em paz, porque afinal... Ninguém é culpado por não termos ficado juntos pro resto das nossas vidas.</span>Lenna Cunhahttp://www.blogger.com/profile/16822963533131727480noreply@blogger.com1