sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mudar é uma questão de força de vontade

Essa não é mais uma carta de amor. Sequer uma declaração apaixonadamente recalcada. Na verdade, se for pra classificar, acho que isto é uma carta-suicídio. Calma, eu não me mataria por você. Aliás, não valeria ser suicida ou homicida por um motivo tão banal.

Mas estou matando uma parte de mim. A parte que tu conhecestes nesses 9 meses. A menina, que fala como criança, que é 24h por dia, teu apoio, teu porto seguro, entregue à tua submissão. Matando a menina que move céus e terras pra te fazer sorrir. Que deixou de viver a própria vida em razão de viver a tua. A menina que chorava cada vez que tu causava a frustração dela.

Estou suicidando a menina, que um dia ousastes achar que era tua.

Enquanto tu saías com os amigos pra beber, farrear e se esbaldar na esbórnia, eu ficava em casa procurando motivos pra entender porque eu simplesmente não conseguia ser teu amor. Se era o corpo que não tava em forma, se era a diferença de assuntos que nos agradassem. Numa das nossas DRs tu falastes que não tínhamos nada a ver. Engraçado que era só pra algumas coisas. Devo dizer que fora das quatro paredes, então? Se for, realmente não temos nada a ver um com outro.

Enquanto tu viras inúmeras garrafas de cerveja, eu tomo uma ou duas latinhas porque eu tenho que estudar no outro dia e porque eu bebo pra mim, não pros outros. Enquanto tu procuras novas mulheres pra acrescentar à tua lista enorme do celular, eu procuro novas pessoas que me ensinem coisas novas, úteis à minha vida. Que se tornem amigos. Que me contem sobre viagens, me mostrem uma visão de mundo diferente da minha. Enquanto tu dormes com outros corpos, pensando em como ganhar o título de garanhão, eu durmo pensando em como eu vou crescer intelectualmente. Enquanto tu pensas pra que farra vai no fim de semana, eu penso como vai ser a minha vida daqui há 5 anos. Enquanto tu calculas quantas cervejas precisa dar pra menina que estais de olho pra ela poder acabar na tua cama no fim da noite, eu calculo quanto tempo eu vou precisar ter pra aprender um novo idioma, pra estudar um assunto novo, pra malhar, nadar e treinar. Aliás, volto a treinar essa semana porque precisarei desenvolver mais a minha mente do que os meus músculos. Já perdi 7 kg. Não porque tinhas vergonha de me apresentar pros seus amigos. E sim porque eu tenho de melhorar a minha saúde e meu condicionamento físico pra estar no time que disputará o próximo campeonato.

Estou matando a menina que te ligava todo dia pra saber como estavas. A mesma menina que se preocupava se estavas triste ou com raiva e agüentava calada todas as respostas ríspidas e as atitudes estúpidas, típicas de quem não ta nem aí pra quem tá sempre do lado.

E agora renasci mulher. A que não vai atrás de outros homens, pra dar na mesma moeda o troco que merecias. Nem a que vai sair pra bares e lugares que freqüentas, pra forjar um encontro por acaso e emprestar um amigo que não conheces e fingir que é o atual namorado. Ganho mais ficando em casa.

Mas sim a mulher que vai ter o tempo pra si mesma. Pra aprender um novo idioma, pra conhecer um novo estilo de pintura. Pra estudar, pra ler um novo autor. Pra ver muitos filmes. Aliás, desde que você se distanciou, acrescentei mais 9 à lista. E uma série nova. Uma que tu me apresentou. Obrigada!

E obrigada por mostrar que a vida é melhor sem ti. Sem as madrugadas em claro tentando adivinhar se estavas bem. Os fins-de-semana sem notícias tuas, o gasto menor com as ligações do celular, as horas a menos na internet e olhando o mundo lá fora, as leituras a mais, o tempo livre para os amigos, pra mudar a decoração da sala, pra mudar meus móveis de lugar, pra cuidar das minhas plantinhas, pra passear com a minha cadela, pra ver o pôr-do-sol... Enfim, por todas as mudanças que provocastes, muito obrigada!Porque definitivamente minha vida só é completa com você... Com você bem longe! =D