sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A ambigüidade do "Eu te amo"

Um dos piores sentimentos experimentados por um ser humano, com certeza é a decepção.
Frustrar-se com algo ou alguém em quem você depositou uma confiança tamanha é simplesmente atormentador. É de perder o sono mesmo. Noites e noites. E ficar olhando pro nada, mais vegetando do que vivendo, se perguntando "Aonde foi que eu errei?"
Ora, eu não errei. Não errei porque em nenhum momento faltei com a verdade - Embora tenha quebrado o pacto individual de nunca se apaixonar - nas minhas atitudes e palavras. Não errei porque amar não é o erro, não se deixar ser amado é que é errado. Não errei porque fui corajosa. Porque não sei ser aquilo que esperam de mim sempre. Não abaixo a cabeça e digo que aceito se estou descontente. Assim como também não digo que não me importo se passo dias tentando saber se está tudo bem. E acima de tudo, não minto ou omito sobre o que estou sentindo. Se falei que amava, é porque amava.
Um "Eu te amo" é a mais linda frase que alguém pode dizer e ouvir, não é banal, não é torpe, não merece cair em desuso. Sei muito bem o peso dessas palavras, e o que elas significam em sua essência. Por isso que eu não errei!

Uma certa pessoa me falou que existem muitos significados escondidos por trás de um "Eu te amo", que ele pode significar "Fica comigo o resto da minha vida", ou que também pode ser interpretado como um "Me esquece". E completou dizendo que isso seria inerente a forma com que é dito, a intensidade, e o jeito de expressar. Porque afinal de contas, tudo é relativo.

Lógico que é. Viver por si só, já é relativo. Eu posso não gostar da chuva que me pega despreparada ao caminhar pela rua, enquanto essa mesma água alimenta a terra que dará bons frutos pra minha subsistência. Eu também posso reclamar ao ter que levantar cedo pra um compromisso ou simplesmente agradecer a Deus por ter acordado mais uma manhã. E posso ficar lembrando sempre de alguém que amei verdadeiramente, ou simplesmente esquecer que existimos conjugando os verbos na 1ª pessoa do plural.
Tudo é muito relativo. Ele tinha razão quando disse que dependia da pessoa que dizia o "Eu te amo".
Pois se antes o meu "Eu te amo" significava "Fica comigo o resto da minha vida", querendo dividir o que já nem cabia mais em mim, sonhando em ser feliz ao lado de alguém como ele, hoje esse mesmo "Eu te amo" que um dia eu disse com todas as forças do meu ser, colocando o meu coração em cada linha que teci pra dizer que era puro, verdadeiro e forte.. Ah.. esse que antes era maleável e sentimental, enrijeceu-se e tornou-se um ríspido, sutil e quase suplicante, "Me esquece"!

A vida dá muitas voltas. Não dá pra mudar nada do que aconteceu, mas dá pra refazer o plano de caminhada daqui pra frente. E sem dúvida, o "nós" deu lugar ao "você" e ao "eu". Separados. Cada um com a sua vida. Cada um no seu caminho que na verdade, nunca deveria ter cruzado o do outro.