domingo, 5 de abril de 2009

Fly, butterfly...

05:15h da manhã. Geralmente durmo a essa hora todos os dias. Olhei pro lado, vi que ela dormia profundamente. Era hora de sair dali antes de fazer mais besteiras.

Eu já tinha feito a minha parte. Agora ao acordar ela não choraria na minha frente. Já que ela nunca se sentiu confortável em fazer isso.


Sempre fui um cara meio complicado. As vezes eu queria, as vezes eu não queria.

Mas não dava pra prever. Nunca dava. Nem eu me previa. Mas ela sempre preveu...


Tinha tempos que eu não a via. Mas essa última semana, a saudade bateu. De uma forma inexplicável. Era uma saudade urgente. Eu precisava vê-la, conversar, beijar aquela boca que eu tava tão acostumado a beijar. E tentar consertar o meu erro.

Liguei pra ela numa quarta-feira. Tava assistindo um filme que ela adora. Liguei como quem não quer nada. Mas eu queria. Queria ela.


- Oi.

- E aí menina, como você tá? Te atrapalho ou podes falar?

- Não, tô só lendo umas coisas aqui de um processo. Trabalho.

- Sempre o trabalho, né?

- Dizem que ele dignifica o homem...

- Mas também cansa!


Ela riu. Eu adorava ver e ouvir esse riso. Nenhuma mulher tem um sorriso igual. É incrível.


- Eu tava assistindo O Melhor amigo da noiva. Lembrei de ti.

- Eu já vi esse filme 9 vezes!

- Não eram 5?

- Bom, a gente não se fala a algum tempo. Algumas coisas mudaram.

- Como o teu cabelo, né? Eu vi um dia desses que ele tá mais claro.

- Andou fuçando as fotos do meu orkut?

- Te vi atravessando a rua perto do parque.

- E porque não me chamou?

- Estavas acompanhada de um cara. Entrando no carro com ele. Não quis atrapalhar.

- Que isso! Era só um amigo do escritório.

- Não disse o que ele era, não precisa se justificar. Eu não tô tentando controlar tua vida.

- E e-eu também não disse que.. que estavas...


Eu senti um certo nervosismo na voz dela. Quando a gente namorava isso me deixava tranqüilo. Era sinal de que eu comandava a situação. Agora me apavora. Ela tem razão, não foi só o cabelo que mudou. Mudou o corpo, a voz, as atitudes. Ela mudou. Ela foi. Eu fiquei. Me sinto um nada quando eu percebo isso. Esse nervosismo, ela gagueja. Mas gagueja não porque ela tá nervosa em falar comigo sobre a vida dela. Mas porque ela quer esconder a verdade. Que ela tá melhor sem mim.

Nunca quis controlar sua vida. Mas fazia isso involuntariamente. A pressionei a continuar a faculdade que ela não gostava. Coagi a não jogar tudo por alto por causa do seu maior sonho. Eu fiz ela pintar o cabelo da cor que eu gostava e gostar das coisas que eu gostava. Ela não fez viagens por minha causa, nem novos amigos. Aliás, ela desfez algumas antigas amizades por minha culpa. Eu a fiz ser um clone meu. E ela foi. Mas o tempo passou e aquilo me cansou. Ela era muito eu. Eu precisava que ela fosse ela.


- Me desculpa. Olha... Eu só liguei porque pensei que a gente podia sair qualquer dia desses. Colocar o papo em dia...

- Não sei, eu ando muito cheia de trabalho e de estudo da pós. O escritório tá mais cheio de clientes a cada dia. Quase não tenho tempo livre!

- Que legal, amor...

- Oi?

- Digo, que legal, Anne! O escritório fazendo sucesso...

- Pois é...


Droga. Ela percebeu que eu tô tentando me aproximar. Maldito hábito. Ela costumava ser o meu amor. E eu era o amor dela. E agora? O que somos um para o outro?


- E então? Podemos jantar qualquer dia desses?

- Vou ver um dia livre, porque realmente ando muito atarefada.

- Qual é, Anne. É só um tempo pra um velho amigo!

- Tu não és meu amigo, e sabes disso.

- Ok, então um velho conhecido.

- Tudo bem. Acho que pode ser sexta, então. 20h?

- Por mim tá ótimo!

- Onde?

- Que tal comermos sushi? Tu adoras sushi...

- Tá. Tudo bem...


Na quarta mal dormi. Depois de desligar o telefone, abri a gaveta e tirei de dentro de uma caixa uma blusa dela. Ela nem lembra que essa blusa tá aqui. Guardei depois que a gente terminou. Pensei em jogar fora, devolver, mas deixei lá. O perfume dela também ficou aqui. Meio vidro. As vezes eu borrifo ele sobre um travesseiro e chego até a sonhar com ela. Na caixa eu também guardei um par de brincos que tinha dado de presente de namorados e que ela devolveu dizendo que por serem caros eu podia dar pra outra, um monte de bilhetes com declarações de amor que ela deixava na minha mesa, fotos nossas, e um chaveiro de uma girafa de pelúcia. Tudo isso me lembrava ela. Só ela. Era o único pedaço dela que ainda me fazia acessível. Porque quando ela partiu da minha vida, levou também o pedaço do seu coração que eu achava que tinha. E devolveu o pedaço do meu. Preferia que ela tivesse devolvido só os brincos.

Na quinta, não conseguia nem trabalhar direito. Ficava olhando a foto dela no meu celular. Só tínhamos 3 fotos nos beijando. Ela dizia que não fazia caso. Só tiramos essas porque em uma eu tirei de surpresa e nas outras duas, eu insisti muito.


Enfim, chegou a sexta.

Liguei mais cedo perguntando se poderia ir buscá-la em casa. Depois de muito insistir, ela aceitou. Cheguei as 20:25h. Liguei avisando que estava esperando na frente do prédio.

Ela desceu já reclamando do atraso e dizendo que eu não perdia o velho costume de me atrasar.

E tinha razão. Não eram só aqueles 25 minutos que eu me atrasei. Me atrasei os 5 anos que a gente passou junto. Me atrasei muito.


Fomos a um restaurante que sempre gostamos. Serviam um sushi que ela adorava e que eu aprendi a gostar.

O jantar foi bom, ela me contou casos engraçados e bizarros que aconteciam nas suas audiências. Me falou sobre os planos de prestar concursos, de cursar novos idiomas. Falou que terminava a pós em dois meses, que tinha se formado no espanhol e havia começado o francês e o italiano. Senti uma frustração que nem quis dizer que abandonei o inglês. Nós dois rindo como dois bons amigos.

Mas eu não conseguia parar de pensar em beijar aquela boca com batom vermelho. Aliás, porque ela usa batom vermelho agora? E que maquiagem escura é essa? Pelo que eu me lembre ela sempre usou maquiagem clara. E batom nem pensar. Só brilho labial.

Como ela tá linda. Tá sexy. Quando a gente namorava eu nunca gostei que ela parecesse sexy pra ninguém.

E esse vestido roxo e tomara-que-caia? Ela sempre usou vestido de mangas.

Argolas douradas? Desde quando ela usa argolas?

E porque o cabelo dela tá solto? Ela sempre prendia o cabelo. E pior que tá lindo, natural desse jeito. Ela não pinta nem faz mais chapinha! Como essa mulher pode ter mudado tanto em um ano? E quando foi que ela começou a usar salto alto? Até onde eu sabia, ela não se incomodava em ser baixinha. A única coisa que não mudou foi o perfume. Só isso.

Deus do céu, ela tá me assustando com tanta mudança. Se eu sair correndo agora ainda dá tempo de dizer que tava tendo uma crise alérgica ao camarão.

Entre o 5º ou 6º saquê eu pedi a conta que ela não discutiu sobre rachar ou sobre quem deveria pagar. Ela nunca deixava eu pagar a conta inteira e eu sempre pedia pra fazer isso. Mas ela nem falou nada agora.

Perguntei se ela queria ver o luar no pier. Ela aceitou. Sempre fazíamos isso.


Tinha pensado em fazer uma noite diferente. Mas tive medo. Depois de vê-la tão mudada resolvi não revolucionar muito. Tinha que reconhecer alguma coisa nossa já que eu não reconhecia quase mais nada.

Ela não usava mais lente. Mas mesmo assim a lua refletiu nos seus olhos. E eu pude enxergar por um momento, em algum lugar ali, a minha menina, mesmo que num corpo de mulher.

Não consegui evitar e lhe roubei um beijo. Ela ficou furiosa e tentou me afastar. Mas eu não podia deixar aquele desejo pra lá. Então eu a beijei com toda a vontade que eu fiquei acumulando nos últimos meses.

Ela disse que eu não podia fazer aquilo. Que quando enfim ela tava conseguindo colar os caquinhos do seu coração eu não tinha o direito de estragar tudo, confundido a cabeça dela. E não tinha.

Depois de muita conversa, ela não relutou mais. E aceitou sem protesto mais um beijo.

Saímos dali e dormimos juntos no apartamento dela.

Ela estava tão linda, tão maravilhosa e tão perfeita que eu prendi o choro quando ela me abraçou pra dormir. E essa noite eu não dormi.

Fiquei olhando seus olhos cerrados e sua expressão de quem sonhava tão serenamente.


Antes das seis, eu me levantei com cuidado pra não acordá-la. Tomei banho, me vesti, e saí.

Na cabeceira da sua cama, deixei um bilhete: "Perdão. Você sempre foi o amor da minha vida. Mas não podemos mais ficar juntos. Porque você tem um mundo todo pra conquistar e eu não consigo nem sair do meu lugar pra te acompanhar. Te amo pra sempre. Espero que seja muito feliz com alguém que realmente te mereça."


Eu simplesmente não podia estragar a vida dela de novo. Deixei a minha borboletinha voar sozinha. Livre pra encantar outros jardins.

sábado, 21 de março de 2009

Só mais cinco minutinhos...

Pessoas falam muito. Meu professor de antropologia diz que a linguagem é a riqueza mais importante na cultura de uma sociedade. O fato é que pessoas falam muito. As vezes demais!

Eu falo muito. Freud, incorporado na minha professora de Psicologia forense, diz que eu talvez tenha me fixado na fase oral. Sim, aquela história que ninguém entende de que o bebê já tem prazer desde a amamentação. E ela também disse que pessoas fixadas na fase oral utilizam muito a boca. Mastigam coisas o tempo todo. Chicletes, tampas de caneta, canudinhos. Comem na hora do nervosismo, falam muito. Levam tudo à boca. Ok, sem piadinhas! Acho que eu realmente me fixei na fase oral que o Sigmund Freud inventou.

Mas as vezes eu gosto de ficar calada e barulho excessivo me irrita nessas horas. Isso é notório quando eu acordo. Preciso de 30 minutos pra entender e aceitar que eu estou acordada. E realmente, não adianta. Eu não falo com ninguém nesse lapso tempo. Mas eu não consigo entender que mesmo morando há 20 anos comigo, a minha mãe ainda insista em tentar manter um diálogo comigo nessa meia hora. É muita perseverança numa pessoa só.

Eu to lá, aninhada nas minhas cobertas, são 7h da manhã. Deus do céu, eu fui dormir às 4h, 5h e ela abre a minha porta pior do que um furacão, vai fazendo barulho, mexendo nas coisas. Incrível que ela adora minhas maquiagens. Eu já perdi a conta de quantos estojos, delineadores, blushs, sombras e batons eu já comprei pra ela só pra evitar isso. Mas ela insiste em abrir a minha porta no amanhecer sempre em busca de uma tal cor de que ela nunca acha nas maquiagens dela. Isso quando ela não faz pior: Quer uma sandália, um sapato, que geralmente está em uma caixa que ela vai passar um tempão procurando e isso vai ser repleto de barulhos e reclamações enquanto ela não acha. Aí ela martiriza ainda mais. Resolve calçar a sandália ali mesmo e ver se combina com o resto da roupa. E usa meu espelho e se maqueia ali mesmo. Diz que a luz é melhor do que a do banheiro. Tá, eu me mudo. Vou dormir no banheiro, então! Vou ter sossego lá? Pode ficar com meu quarto e usá-lo como closet! E quando eu acho que tá tudo resolvido, ela me pergunta se tá bom. Eu de olhos cerrados só resmungo “Umhum”. E aí ela começa a falar sobre alguma coisa que ela esqueceu de contar no jantar da noite anterior. E me dá as ordens do dia. Cuidar da casa, limpar, cozinhar, buscar alguma coisa, ligar pra não sei quem. Eu já tentei, coloquei um caderninho na mesa da sala. Ela podia usá-lo. Assim como colocar as maquiagens e os sapatos no armário do banheiro. Não deu certo, é claro. As poucos tudo foi voltando aos meus aposentos. Murphy me ama. Sem dúvidas!

Ok, eu consigo. Eu fui socializada. Eu não vou mandar a minha mãe à merda, por mais que ela esteja me enchendo o saco, junto com o sol que se espreme pelas lâminas da minha persiana que ela abriu quando entrou no meu quarto. E a TV também já foi ligada. O repórter tá lá falando sobre as notícias trágicas da noite anterior. Graças a Deus, ela saiu. Beleza, eu vou dormir! Começo a sentir uma paz... Pronto. Ela tá gritando pra vizinha do outro lado da alameda. O bebê dela é lindo. E ele tá começando a falar. Menino, cala a boca! Quando tu crescer vais sentir falta de ficar de bico calado.

E mamãe tá lá aos berros “Oi meu amor, bom diiiiiia!” “Lindo! Como você tá? Dormiu bem?”. Com certeza ele dormiu. Eu é que não dormi! “Olha ele tá aprendendo a dizer tia Sandra. É sou eu, a tia Sandra. Titiiiiaaaaaa Saaaaandraaaaa. Que lindo!”. É mãe, daqui a pouco ele já tá até dando palestra de desenvolvimento infantil!

Aí ela começa a conversar com o meu pai. Mas eles não conversam. Eles berram! Deus amado, e como berram! Mamãe é filha de uma espanhola e papai de uma portuguesa. Mas eu posso jurar de pé junto que eles na verdade tem descendência italiana! Ô gente pra falar alto o tempo todo!

Oi, dá licença, eu posso dormir só mais um pouquinho?

Não! Cristo amado, lá vem ela de volta. Agora ela pegou um perfume meu que ela adora! Eu gostava dele, mas já dei pra ela. E ela ainda deixa no meu quarto. Assim como o bendito perfume que eu dei no Natal depois de muitas reclamações e que eu dei meus preciosos R$200 na esperança desse dinheiro comprar a minha tranqüilidade matinal. Ledo engano. Porque ela não leva os perfumes pro banheiro? Pro quarto dela? Porque, meu Deus? Por anos eu agradeci por não ter irmãos e ter que dividir meu quarto com alguém. Mas crescer e começar a dividir as coisas com a mãe, eu acho que é pior. Pelo menos se fosse uma irmã eu podia mandar à merda. Mas é a minha mãe, caceta! O que eu faço? Enfio a cabeça embaixo do travesseiro. É uma forma mais segura.

E aí depois que ela já fez tudo isso, falou que nem uma matraca e eu só fiz “Umhum” pra todas as respostas sejam negativas ou positivas, ela me dá um beijo e me deseja bom dia.

Ah não. Espera. Antes disso eu já ouvi um discurso de uma hora sobre eu ser muito mal-humorada. Culpe a TPM, culpe a insônia, culpe os professores de antropologia e psicologia, assuma a sua culpa também. Eu já pedi, já implorei, já avisei. Meia hora. Só isso! Depois dos benditos 30 minutos, tudo é mais seguro. Juro!

Mas o fato é que quando ela não me dá um beijo, eu sinto falta. Fazer o quê. Mãe é mãe. Ela me deu cromossomos, leite, comida, carinho, remédio, apoio. É mãe, afinal. E com tudo, eu já me acostumei com ela e me acostumei a amá-la mesmo ela dando uma de Regina Volpato no meu quarto de manhã.

E então nada mais me resta. Tenho de levantar da cama e encarar o chuveiro. E lá vou eu, com a cara inchada, me entupir de café pra estudar um monte de coisas pra falar. Por quê? Porque o poder de uma advogada está na sua argumentação, na sua retórica, na sua oratória. Ou seja, eu serei paga pra falar que nem uma matraca. É mãe, obrigada pela carga genética, nessa hora!

Pessoas falam demais. O Freud fala demais. Minha mãe fala demais.Minha família fala demais. Meus professores falam demais. Eu falo demais. O repórter fala demais. Meus vizinhos falam demais. E eu só queria dormir.

Porra Sigmund, não Freud, doido!

domingo, 8 de março de 2009

Mulher, cobre os peitos e mostra a tua capacidade!

Reza a lenda que o dia da Mulher foi instituído em homenagem à trabalhadoras queimadas vivas num galpão de uma fábrica durante uma greve. Elas apenas estavam exercendo um direito seu. Inerente à sua condição de trabalhadoras. E ainda há energúmenos que dizem que mulher é sexo frágil!
Ah sim, claro... Mas me diz que tal de sexo frágil é esse que agüenta uma cera quente arrancando os pelos de uma área super sensível, todos de uma só vez?
Somos um sexo muito forte. A gente se ferra com escoliose por causa do salto alto, trombose por causa do uso do anticoncepcional com cigarro, insônia pelo consumo excessivo de cafeína pra dar conta de todas as tarefas que muitas das vezes contam com o trabalho dentro e fora de casa.
Fazemos banho de lua, coloração, alisamento e outras químicas com produtos que às vezes passamos mais de 6h sentadas numa cadeira de salão sentindo o fedor de amônia. E amônia fede muito! Fazemos até depilação perianal no dia da noiva (e eu nem vou tecer mais comentários sobre isso).
Vivemos bonitas e impecáveis porque mulher relaxada ninguém dá crédito.
Passamos a vida toda após os 12 anos sangrando e sentindo dor todo mês. E NÃO morremos. Aliás, as mais guerreiras como eu, encaram até um julgamento de quase 6h, um dia inteiro de trabalho no escritório e faxina da casa, sentindo que está parindo um alien lentamente.
E eu já comentei sobre as benditas espinhas que aparecem nos 5 dias antes disso? Elas acabam com qualquer festa e dependendo do nível de poder de erupção do vulcão que cresce no meio da tua cara, nem maquiagem resolve, aliás, só evidencia mais o problema.
E por falar em festa. A Lei de Murphy se faz presente em muitas delas. O vestido é lindo, impecável. Mas é fato, a lei de Murphy impera e aí, a calcinha vai marcar. E fica o dilema entre ir com ou sem. Sim porque se usar com todo mundo vai ver o movimento de sobe-e-desce da sua bunda. E se não usar, é mais fácil as pessoas ficarem se perguntado se a calcinha está lá ou não. Homens, acreditem, não é como não usar cueca. Pelo menos, por experiência própria, eu não senti toda essa liberdade, não. Sem contar o medo do vento ou de cair no chão. Deus me livre!!! Aí você decide por uma calcinha fio dental. Ótimo, problema resolvido! Ela não marca sob o vestido. Ok, 5 minutos depois a constatação: Aquela merda incomoda pra cacete!!!
Mas vale tudo pra ficar bonita. Então você se submete a um fio ficar assando suas partes íntimas.
E por falar em esforço, quem já casou e quem tá intimamente ligada ao universo das noivas por causa de trabalho, como eu, sabe o esforço que é os 8 meses que antecedem o enlace. São regimes durante meses pra entrar e permanecer no vestido. E o casamento dura só uma noite. Por que não podemos ser como os orientais e comemorar por longos dias? Pelo menos valeria à pena as milhares de salada ingeridas!
E aí o casamento acontece. Acabou o os esforços? Não! Se antes você chegava em casa do trabalho, faculdade ou balada e podia ir dormir com fome por causa da preguiça e do cansaço que imperava, isso já era. A não ser que você mande seu marido ir se virar e com isso perder o casamento ou mandá-lo comer no fast food mais próximo e ter de ver o príncipe virar um sapo, você vai ter que ir até o fogão e preparar alguma coisa. E que seja uma comida boa, bem palatável. Do contrário você ouvirá que é preguiçosa, desleixada e que a "mamãezinha" é que fazia comida boa. Se controle. Por mais que a vontade seja de colocar veneno de rato no suco de maracujá fingindo que são os resíduos da semente, se controle! Não vale à pena. Ganha-se mais com o divórcio. Vai por mim. Eu sou civilista!
E aí aturamos a bendita escoliose de novo quando decidimos perpetuar a espécie. Os enjôos, as tonturas, os vômitos, as roupas que não servem mais, as roupas novas que só vendem nas lojas especializadas que por sua vez vivem lotadas de grávidas estressadas com seus filhos pentelhos, os desejos estranhos e ao fim das 40 semanas, a dor do parto que não chega nem aos pés de um chute no saco!
E sabe o que é pior? Você olha pras grávidas estressadas com seus filhos pentelhos e sabe que aquele é seu futuro próximo se você não optar pela laqueadura depois do seu primeiro filho.
E mais dores vêm quando eles nascem. Afinal de contas, alguém enfiou uma faca na sua barriga e no seu útero pra tirar a criança de lá e depois costurou isso. E você anda igual a um robô nos dias seguintes. E a amamentação? Eu não sei, mas uma amiga da qual eu acompanhei a gravidez de perto, me disse que dói muito. Eu devo imaginar que sim, afinal a pele rachou e tá em carne viva. Deus do céu, só de imaginar preciso de um analgésico!
Mas ininteligivelmente há aquelas que decidem passar por isso de novo! “Alôôô Bento XVI, temos uma canonização a ser feita aqui!!!”
Daí, eles crescem. E a barriga do marido também, na maioria das vezes. E proporcional a tudo isso, a sua jornada de trabalho diária. O seu chefe não tá nem aí se você divide seu dia entre marido, filhos, casa, trabalho e estudo (Sim porque a gente faz pós, mestrado, doutorado pra ganhar mais dinheiro pra ver se sobra um pouquinho pra comprar uma bolsa nova ou pintar o cabelo, pelo menos.). Não importa o que você faz fora do trabalho, importa que lá dentro você tem de dar contar do seu serviço, com ou sem TPM. E aí quando você reclama da sobrecarga de afazeres, ouve com uma certa ironia que nós sempre lutamos pelos direitos iguais e que o seu colega tem o mesmo trabalho e uma família pra sustentar. "Merdaaa, pega essa desgraçada que queimou o sutiã! Vaca nojenta, frustrada e mal-amada!"
Ok, mas ele tem uma mulher como eu que faz tudo pra ele dentro de casa.
Você dá uma rebanada e volta ao seu trabalho. Não esqueçamos que nessa hora o seu pé tá latejando dentro do sapato de bico fino e salto alto, mas um sapato lindo de morrer. Ou se por uma felicidade do destino, você pode trabalhar vestida mais confortavelmente, ainda assim, suas pernas estarão inchadas. E isso é por causa dos malditos hormônios. A gente retém líquido com mais facilidade. E muitas das vezes os ignorantes saem com aquela: "Tá gordinha, hein? Tá na hora de fazer um regime, uma academia"
"Pô, se eu tivesse tempo e dinheiro sobrando eu fazia uma drenagem linfática pra te mostrar quem é a gordinha, cacete! E se eu estiver acima do peso, vai fazer o que? Me espancar?"
Mas é porque eles não sabem o que é a felicidade de comer um chocolate no ápice do seu estresse.
E você pega o carro no fim do expediente. Mas se lembra que a Lei de Murphy acompanha você? Pois é. Por um complô do universo, durante o seu trajeto urbano algo se coloca na frente do seu veículo. Algo ou alguém. Se tudo der certo, apesar dos pesares, só cortes e escoriações ou somente danos aos veículos. E claro, tirar dinheiro da poupança que você tava fazendo pra ir passar um mês viajando pra pagar o seu e o prejuízo do outro!
Quando você desce do carro pra avaliar a real situação, o que você ouve? Não, não é o Frank Sinatra cantando "Can’t take my eyes off you"! É um ignorante análogo ao que falou das gordurinhas falando a clássica: "Tinha que ser mulher". Certo, você tenta se controlar e não deixar aflorar novamente o seu instinto homicida. E tenta conversar com o indivíduo. Mas ele pra piorar a situação solta: "Devia era tá pilotando o fogão de casa. Depois que ganharam direito a estudar e votar querem achar que podem pensar e fazer de tudo.". Tá, agora eu te apóio, enfia uma tapa bem no meio das fuças do idiota. Se a mãe dele não o fez, você faz.
E aí você é taxada de barraqueira, louca, descontrolada.
Com tudo resolvido, você chega em casa, pensando que seu dia cão acabou e já vai abrindo o armário pra pegar um calmante que te dará uma linda e maravilhosa noite de sono. Quando você vê, lá... Bem no cantinho da sala, perto da TV. Uma barata! E o seu marido tá assistindo o futebol. Você pede educadamente pra ele tirar aquele monstro que invade a tranqüilidade do seu lar, mas o drible do Ronaldinho é mais hipnotizante que as técnicas clínicas do finado Freud. Você mesma vai, reunindo toda a coragem do mundo e tasca uma sandália nela. Ok, você acabou de manchar o seu tapete com os restos mortais do inseto. E lá vai você limpar tudo. Intervalo do futebol. Você já fez o jantar, já lavou uma roupa, já lavou a louça, já arrumou a sala, já viu se o filho fez a lição e só tem uma hora que você chegou em casa. Nesse mesmo tempo, o seu marido só bebeu duas cervejas e petiscou alguma coisa largado no sofá.
E aí você entra no banheiro pra tomar um banho relaxante. Cadê a luz? A lâmpada queimou! Ótimo! "Deus, tem um raio aí em cima pra cair na minha cabeça?"
Você pede pro seu querido esposo ir contornar a situação. Mesmo que nada. E aí você lembra do tapete ainda molhado e cheirando à sabão.
Janta com sua família, lava a louça, arruma tudo, põe o filho pra dormir e vai deitar.
Ele tá lá, roncando. E ele já foi o príncipe encantado dos seus sonhos. Mas lá ele tinha menos barriga, mais cabelo, mais músculo, mais dinheiro e claro, não roncava e nem soltava gases!
E aí depois dessa via crucis você repousa a cabeça e descansa pensando porque só um dia pra você ser homenageada? E os outros 364?
Mas acima de tudo, você se sente feliz. Feliz, porque de uma forma ou outra você se realizou, mesmo que um pouquinho. Seus filhos são lindos. Seu marido é companheiro. E você não tem mais 5 anos de idade. Apesar de a brincadeira de casinha agora ser de verdade, veja pelo lado bom... Você pode ir pra festa e usar maquiagem e sutiã sem sua mãe lhe repreendendo!

O fato é que na verdade, todo dia é dia da mulher, todo santo dia, elas lutam pra ter seus direitos resguardados e acabar de vez com o estereótipo mal interpretado de que mulher é "sexo frágil". A mulher que é mãe, filha, irmã, sogra, cunhada, amiga, prima... Ou tudo isso ao mesmo tempo, porque se tem uma coisa que mulher sabe ser muito bem, é versátil. Afinal, aliar casa, trabalho, filhos e TPM, é motivo pra beatificação!
Parabéns às mulheres guerreiras, sonhadoras, protetoras, apaixonadas por um amor verdadeiro, pela vida, pelo trabalho, pela família, por algum cretino...
Enfim, parabéns para esses seres que sabem muito bem as dores e as cores de serem fêmeas, mulheres, divas, rainhas... cromossomos XX!
Afinal, homem que diz que mulher é frouxa e cheia de frescura devia era depilar virilha, cuidar das crianças, ter cólica, TPM e andar de salto... Queria ver qual seria a frescura, então!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Você já comeu jabuticabas?

Eu nunca tinha visto uma jabuticaba antes. Pensava que elas eram iguais ameixas. Mas parecem mais com as uvas. Como disse minha mãe, elas devem ser primas. (ok, eu não achei graça na piadinha por esse papo de primos e mamãe continuou a empurrar o carrinho do supermercado)

Eu odeio fazer supermercado. Mas também adoro. Sim, quem me conhece, e sabe desse meu jeito bipolar de ser, entende isso perfeitamente. Que eu posso amar e odiar a mesma coisa ao mesmo tempo! Rá!

Eu odeio as filas do supermercado. Desde a fila do balcão de frios, passando pela fila da panificadora, até a fila do caixa pra pagar as compras. Mas fazer supermercado é interessante. Você pode achar coisas legais. Desde uma pessoa interessante, até sei lá.. Jabuticabas, por exemplo!

Não encontrei ninguém interessante. Também com minha mãe do lado, estressada e extremamente apressada procurando creme de leite, frango defumado e couves verdinhas, não tinha nem como.

Mas hoje me aconteceu algo legal, sabe? Eu sinto que as vezes eu tenho muito medo do novo. Como hoje, eu pensei em nem provar as jabuticabas por medo de não gostar. Elas estavam lá, roxinhas, brilhosinhas, apetitosas e delicadamente colocadas umas ao lado das outras, numa bandejinha. Eu olhei e pensei: “Vou levar pra provar”. Quando ia me virando pra colocar no carrinho, mamãe me perguntou o que era e eu respondi com naturalidade: “Jabuticabas”. E ela me indagou: “Já comestes jabuticabas?”. Respondi com mais naturalidade ainda: “Não. Nunca comi."

Mas... Pára tudooo!!! Eu nunca comi jabuticaba!


Pronto! Um diálogo curto sobre uma dezena de frutinhas roxinhas me fez pensar um monte de coisas. Eu tive medo de não gostar das jabuticabas e olhando pra bandejinha como se o mundo todo parasse ante a minha crise existencial "jabuticabícia", eu me fiz algumas perguntas. E se forem azedas? Amargas? E se eu não gostar? Será que eu posso comer? Será que não vai aumentar muito a minha glicemia?

“Ei mãe, volta aqui... E tu? Tu já comeu jabuticaba?”. Ela disse que não e aí eu me senti perdida. Todo filho parte do pressuposto que deve confiar na experiência de seus genitores pra construir 50 % da sua experiência de vida. O resto a gente aprende com a gente mesmo. Mas a minha mãe nunca comeu jabuticabas! Meu Deus e se eu não gostar da bendita fruta! Vou estragar dinheiro e desperdiçar um alimento! Um pecado, no mínimo! Ah mas o papai deve ter comido jabuticabas e se eu não gostar ele come, ué! Simples! Eu sou um gênio.
“Alô, pai? Oi pai! Olha só, tu já comeu jabuticabas?”. “Não é aquele negócio que parece um pêssego roxo?”. “Não pai, aquilo é ameixa!”. “Ah, então não sei o que é!”

Putz! Me senti desolada! E agora? Comer ou não comer jabuticabas? Eis a questão!

Celular de novo. “Alô, mano!?” “O que é que tu já queres me perturbar?” (meu irmão é muito educado!). “Tu já comeu jabuticaba? É bom?”. “O que é jabuticaba?”. “Uma fruta! Parece uma uva”. “Não, nunca! Tu sabes que eu nem gosto muito dessas coisas naturebas”

Ok, meu irmão era a pessoa errada. Ele nem faz o tipo “saúde”. A criatura tem como prato preferido, arroz, farofa, rosbife, batata frita e meio kg de maionese!

Olhei pras jabuticabas com uma cara de desespero. Elas olharam pra mim e aí eu fiquei pensando...

O que mais tem por aí é gente reclamando que não consegue ser feliz. Que não entende como não consegue ser plenamente feliz.
Ora, me sinto uma criança de cinco anos de idade respondendo uma pergunta óbvia, na minha opinião. Não consegue ser feliz, porque não se permite ser feliz.

Tá, quando eu falo isso sempre sei que vai chover comentários do tipo “É claro que eu me permito ser feliz!!”

É? Então diz aí. Por quantas vezes, você deixou de tomar banho na chuva por medo de pegar um resfriado? Por quantas vezes disse: Ah, eu não vou passar o fim de semana no interior onde nem energia elétrica tem! (Mas tem o ar puro, livre de tanto poluentes que a selva de pedra produz). E quando se deparou numa encruzilhada e teve que escolher entre o caminho A e caminho B, escolheu o B e depois ficou resmungando como seria o A ao invés de aproveitar as coisas boas que encontrou no B? Hein? Duvido se por muitas vezes, não ficou olhando crianças brincarem tão alegremente e teve vontade de participar da brincadeira, mas não foi. Não foi porque, se julga velho demais, inteligente demais, compromissado demais, ridículo demais a ponto de pegar uma boneca e fingir que está alimentando-a.
Certamente, que por várias noites, recostou a cabeça no travesseiro e ficou pensando na falta de coragem de dizer a alguém que lhe amava, ou confidenciou que alguma coisa não estava bem. Isso se chama empurrar com a barriga.

A acomodação sem dúvidas é o principal obstáculo pra que se tenha dias verdadeiramente felizes. Todo mundo tem direito de surpreender, de ser surpreendido.
Quantas oportunidades a gente não perde só por pensar sempre no depois? O depois é uma incógnita.

O que importa é viver o agora, o presente. E que presente! Ontem já foi, não tem mais jeito. Pode chorar, se debater, espernear, surtar à La Amy Winehouse, mas já foi! Perdeu, playboy! Amanhã, iiih.. amanhã nem sei. Primeiro que não sei se vou estar aqui, ou aí, ou seja lá onde for. E nem sei se vou ser a mesma, integralmente. Ou se vou continuar seguindo a minha rotina. Aliás, eu nem sei se ainda vou ter uma rotina!

Portanto, eu ganhei um presentão de Deus! O HOJE!!! É no hoje que eu vou sonhar, que eu vou realizar meus sonhos, que eu vou chorar de alegria e de tristeza, que eu vou estudar, trabalhar, me estressar, ler, dormir, viver e amar. Sobretudo AMAR!

Não é porque eu não tenho mais um laço afetivo com alguém que eu vou deixar de viver e de amar. Tem um milhão de coisas pra amar. E eu amo a vida que eu tenho. Minha família, meus amigos, minha cadela, meus livros, meu conhecimento, meu mundo e a minha sobrinha!

E amo, muito, desesperadamente, inexoravelmente, incomensuravelmente... a minha vida! Com tudo que há nela. Com tudo que me transformou no que eu sou hoje. No hoje, no presente, no agora.
E esse é o meu presente. Continuar amando a minha vida.

Ah, e quanto as jabuticabas? Uma delícia! Doces, doces... Assim como o hoje. Um típico dia laranja! =D



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Passa o tempo. Tempo passa. Passatempo.

“A gente passa a vida toda procurando o amor verdadeiro. Mas desiste depois da maior decepção. Porque talvez, na realidade esse tal verdadeiro amor nem exista. Ou exista e a gente esteja ocupado demais pra percebê-lo. Amor é subjetivo, é mágico, metafísico... Embora haja decepções daquelas que fazem a gente pensar “Nasci pra ser sozinho”, depois de conhecer outra pessoa a gente volta a sentir aquilo tudo novamente. As pernas bambas, o calor no rosto, o coração batendo tão forte que é possível senti-lo na garganta...”


Eu tive vontade de lhe dizer tudo isso naquela ocasião. Porque depois daquela noite, a lua nunca mais brilhou de uma forma tão bela. Nunca mais, meu coração bateu tão acelerado, sentindo tua respiração quente no meu rosto, pele na pele, boca com boca, olhos nos olhos e eu pude sentir teu coração batendo perto do meu.

Por mais que o tempo já tenha passado, essa noite é uma das lembranças mais remotas e felizes que tenho de nós dois. O dia em que pelo menos por um único momento, meu sentimento foi correspondido. Impossível prever que seria a pessoa mais feliz do mundo quando estivesse do teu lado. Mais impossível ainda era prever que eu sentiria a tua falta mais do que qualquer outra coisa e que as tuas mãos, somente as tuas, poderiam me proporcionar os carinhos que me transmitiam segurança e proteção.

Não estava nos meus planos, me apaixonar. Também não estava, passar tanto tempo do teu lado. Era pra ser algo de só um dia, só do momento, nada sério. Apenas um passatempo, porque afinal, pra mim os homens sempre foram apenas passatempos e eu queria me divertir sem me apegar a compromisso algum.

Mas quando você me beijou eu senti como se tudo ao nosso redor sumisse. E de repente só existia nós dois. Teus olhos são lindos, de perto são mais castanhos. Parecem ter um brilho especial, ou seriam os meus que se refletiam neles? E as tuas mãos... Ah as tuas mãos são grandes e eu gosto de mãos que se encaixem perfeitamente nas minhas. As tuas costas largas de homem que protege a mulher num abraço aconchegante. E o teu cheiro, as notas amadeiradas e o âmbar... Elas estão impregnadas na minha mente até hoje. E cada vez que eu sinto teu cheiro, lembro do quanto me fizestes sentir tantas coisas da forma mais intensa.


Não sei se é uma coisa saudável me apegar só à lembranças, mas tenho vontade de comprar teu perfume pra ficar sentindo o cheiro dele cada vez que eu sentir saudades.


Eu já tirei tuas fotos da minha vista, só que não tive coragem de jogá-las fora. Estão guardadas numa agenda que fica sempre à mãos. Por mais que eu não as veja o tempo todo. Elas ficam lá. Bem acessível caso bata a vontade de olhar pro nosso momento casal, registrado num pedaço de papel que eu já deveria ter queimado, mas que me queima por dentro cada vez que eu tento isso.


Mas o nosso chocolate preferido continua sendo o meu chocolate preferido. Não sei se ainda é o seu, porque eu também não sou mais sua preferência em nada. Mas eu continuo gostando do chocolate, gostando de colecionar as figurinhas que vem nele. Um dia desses eu comi com um amigo. Não foi a mesma coisa. Ele jogou fora a embalagem com a figurinha. Você jamais faria isso. Sempre me davas a figurinha. Mas ele não é você. E foi quando eu virei pro lado olhei pra ele e percebi que a embalagem tinha ficado na lixeira foi que eu percebi que eu também tinha ficado pra trás no seu caminho. Assim como a figurinha na embalagem. Será que eu fui uma figurinha? As vezes eu acho que sim.

Eu tô sofrendo. Sofrendo muito. E cansei de me esconder sob uma capa de mulher-maravilha que é forte o bastante pra ser inabalável. Eu cortei meu cabelo, mas antes mesmo disso, eu já me sentia meio Sansão. O que eu tô querendo ao me mostrar forte, centrada, decidida e super-heroína? Você pra mim é kriptonita e eu senti isso hoje, em poucos minutos que ouvi sua voz no telefone, me tratando de igual pra igual. Eu te ignoro, você me ignora. Eu te desprezo e você me despreza.

Mas no fim, eu te amo. E você? Nem sei...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Tenho mais cérebro do que bunda

Falei com ele mais cedo no MSN. Até cogitei a possibilidade de voltar, mas eu não vou negar que estou com um certo receio. Acho que porque apesar de descobrir que eu o amo, nossa relação terminou muito desgastada.

Recebi a ligação de um amigo me convidando pra sair. Disse que ia pensar e retornaria a ligação em alguns minutos. Pensei em ter que tirar a camisola, tomar um banho, me arrumar, arrumar o cabelo, fazer maquiagem e encarar um salto alto. Era um trabalho muito árduo e eu tava morrendo de preguiça. Mas aí pensei que eu podia conhecer alguém interessante na noite. Sempre conheci gente interessante na Belém by night. Mas como são raríssimas essas minhas saídas, geralmente eu nunca mais encontro, depois.

E lá fui eu. Decidi por um look básico com pouco brilho. Também não abusei de maquiagem. Uma sombra dourada com degradê marrom e gloss. Apenas me certifiquei de esconder bem as olheiras das noites de sono conturbadas e colocar um blush rosa pra aparentar saúde. Ultimamente eu tenho aparentado muita saúde física. Ter emagrecido alguns quilos tem me garantido elogios dos amigos e umas e outras cantadas. Pena que só de homem comprometido.

Eu tava apresentável. Com um salto médio pra não cansar muito e num look bem natural (eu não faço o tipo que se liga em tendência de moda. Visto o que acho que fica bom em mim e sempre acerto, ainda bem!). Quando encontrei com meus amigos, uma amiga disse:”Hoje promete. Vou te arrumar um namorado! Missão da noite”. Ela e outra amiga saíram decididas a fazer isso, depois da fossa que eu passei quando terminei com o meu ex, em meio a muitas decepções, brigas e discussões que me fizeram declarar pros meus amigos: Não quero mais vê-lo nem pintado de ouro. Odeio ele. Quero que ele se exploda!

Era um dia chuvoso. Um típico dia cinza. Eu tava com raiva e disse isso pela milésima vez. E foi então que o meu melhor amigo me deu o veredicto dele: “Não vou mais permitir isso. Tu não vais voltar com ele”.

Fomos para um lugar legal, eu tava morrendo de frio, mas a comida tava ótima. Não bebi nada além de coca zero. Minha amiga tava revoltada. Sempre saímos e enchemos a cara pra afogar as mágoas ou simplesmente pra ficar falando merda e rindo. E eu lá com hipotermia e tomando coca-cola. Eu não tava afim de beber. Não era um dia pra beber. Embora eu tivesse muitas mágoas pra afogar, a minha cabeça não tava aqui. Tava lá, tava lá do lado dele, com ele, nele. Sei lá. Mas depois de ler um “Sinto muitas saudades também”, eu queria ficar em casa, me agarrando ao fio de lembrança que restava dos melhores momentos com ele. Minha família descobriu nosso relacionamento, de algum modo descobriu. Então isso me rendeu certas represálias. Eu disse que já tinha acabado, e eu achei que já tinha mesmo. Mas um dia eu acordei com aquela mesma sensação de 6 meses atrás. Que é ele que eu quero. Que é ele que eu amo. E que vale à pena viver essa história porque ele me completa.

E me certifiquei disso ontem. O lugar era legal, tinha caras bonitos. Conversei com uns tantos. Conheci um amigo de uma das meninas. Estávamos todos juntos olhando o show, a banda tocava “Último Romance”. Ele me disse que também adorava Los Hermanos e lamentava o fim da banda. Não gostei do sorriso dele, era forçado e dava na cara que a qualquer momento ele ia me roubar um beijo. Mas gostei do perfume dele, era marcante, diria quase envolvente. Notas amadeiradas. Definitivamente, adoro perfume masculino. Mas aquele em especial me trazia à memória, só o meu amor. Seria um complô do universo? Conheço um cara numa noite que saí confusa entre partir pra outra ou voltar pra mesma e quando conheço alguém que parecia interessante, ele usa o mesmo perfume. Maldito cheiro. Por várias vezes, ele ficou impregnado na minha pele depois de um abraço. Quando de repente, o cara entre uma cerveja e outra, falou no meu ouvido: Você tem um bumbum lindo, desculpa mas não deu pra não reparar.

Eu já ouvi isso um monte de vezes e a minha resposta pra isso é só uma: Ignoro. Simplesmente ignoro. Posso conversar com uma planta até, mas a pessoa eu deixo de lado.

Eu sempre fui isso pra todos os homens que eu conheci na minha vida. Só uma bunda bonitinha. Tô de saco cheio disso! Tenho muita cultura, entendo de vários assuntos. Li um monte de livros, vi um monte de filmes, sou uma companhia agradável na maior parte do tempo.

E aí eu posso dizer que nisso, ele é diferente. Lógico que ele deve ter achado a minha bunda excitante, mas ele não ficava falando isso. Quando eu perguntei pra ele uma vez, o que mais tinha chamado atenção dele em mim, ele respondeu que era o jeito despreocupado que eu vivia os meus dias. Ele disse que adora o brilho do meu olhar quando eu falo empolgada sobre girafas, ou sobre alguma coisa da faculdade. E ele disse que eu sou muito engraçada. Mas nunca, nos primeiros 3 meses, sequer mencionou palavras baixas que se referiam a imensa massa adiposa que localiza-se na minha parte glútea.

Pronto! Custava os homens serem assim? Não, ele não é perfeito, caro leitor. Mas ele foi o que mais se afastou do meu conceito de “Imperfeição”. Ele também não é o meu príncipe encantado, mas ele me acordava com um beijo e sempre que eu corria algum “perigo”, se ele não pudesse me salvar pelo menos ele me abraçava pra eu não me sentir tão sozinha. E mesmo que ele não fosse o homem dos meus sonhos, eu sonhei com ele por muitas noites quando me descobri apaixonada.

Tudo o que queria era um cara que me respeitasse como mulher. Que entendesse minha TPM, mesmo que nem aturasse, mas que pelo menos entendesse. Que me enxergasse como uma mulher inteligente, culta, simpática, autêntica e interessável. Tudo, menos só mais uma bunda bonita.

E o cara de ontem, me deu uma certeza de uma vez por todas. Que não devo sair por aí à procura de outras pessoas. Meu coração já pertence a alguém. Um alguém que eu tô contando os dias, os 11 exatamente, a contar de hoje, pra reencontrar e voltar a ser feliz.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Eu senti medo.

O amor definitivamente não é o tipo de sentimento que covardes possam sentir. O amor exige coragem. Muita coragem.
Coragem de enfrentar preconceitos, de acreditar que vai dar certo, de não se importar com opiniões pessimistas. Coragem pra viver a vida a dois. Pra saber a hora certa de dizer sim e não. Pra saber se vale à pena insistir quando tudo se desgastou ou se é melhor sacrificar sua felicidade em nome da felicidade do outro.
Eu fui corajosa, todos os dias. Sentir o frio na barriga me dava essa certeza. Porque só podia saber que estava sendo corajosa quando sentia medo. O medo de parecer vulgar ao tomar a iniciativa. O medo de ouvir um não quando pedia um beijo. O medo de ver que estava sendo usada. Senti medo, e não me envergonho por isso. Acho que até me sinto orgulhosa.
Sim! Palmas pra mim que senti medo de amar e superei esse medo!
A vida toda eu procurei um bom motivo pra não me envolver, pra não pensar sequer em depender de alguém pra tornar meus dias mais interessantes. Gastei muito tempo me tornando interessante que esqueci de me tornar interessável.
Mas aí um belo dia eu olhei por lado e vi que ele sempre esteve lá. Que era quem me conhecia e me aturava até na TPM. Que era quem nem ligava se a minha bolsa não combinava com o meu sapato, ou se eu não tinha feito chapinha. Era pra quem eu chorava todas as minhas dores e dividia todas as minhas alegrias. Com quem eu sonhei ir ao altar com um vestido cor de pérola bordado de cristal, o buquê de rosas vermelhas e a minha sobrinha de dama de honra.
Não vou dizer que a gente não deu certo. A gente deu certo pelo tempo que tinha de dar. Eu fiz muitas loucuras, me desfiz de pessoas, de coisas, de sentimentos que não me eram mais úteis. Escondi ele da minha família e de quem mais não enxergasse que o nosso relacionamento era algo bonito e verdadeiro. Cometi um grande erro para nos privar preocupações posteriores. Ele me deu um novo ponto de vista pra olhar a vida. Ele me fez melhor. Se a gente errou se envolvendo, não foi culpa de ninguém. Ele me amou no tempo dele e eu descobri isso muito tardiamente. Tão tarde que ele mal aproveitou.
Claro que eu deveria dar uma chance pra nossa amizade. Mas eu não consigo, eu simplesmente não consigo. É um defeito, eu sei. Mas espero que ele acredite que “Pra sempre” não dura só até amanhã de manhã. E enquanto essa pontinha de frustração de ter ficado no “quase” insistir em ficar alojada no meu coração, eu simplesmente não poderei olhá-lo com outros olhos.
Também não vou me culpar se eu não sou bonita o suficiente, se não sou gostosa, se não curto os mesmos programas. Um amigo em comum disse que não conseguia entender porque eu e ele nos dávamos tão bem, sendo tão diferentes. Uma pessoa emendou: Os opostos se atraem.
A verdade é que nada disso se explica. Que o amor não se explica. Só se sente. Unicamente isso.
Ele vai viver a vida dele e eu vou viver a minha. Vai levar muito tempo pro nosso tempo passar pra mim e eu fico feliz que já tenha passado pra ele que pelo menos não é mais tão doloroso. Vou tentar ao extremo, voltar a ser sua amiga. Ainda tem litros de lágrimas pra chorar, cada vez que eu ver que ele já me superou, mas também haverá mil sorrisos cada vez que eu notar que ele está feliz. Porque eu tentei fazê-lo feliz, mas sendo a felicidade algo tão subjetivo, jamais saberia os seus parâmetros para julgar isto.
E eu fico em paz, porque afinal... Ninguém é culpado por não termos ficado juntos pro resto das nossas vidas.