segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Passa o tempo. Tempo passa. Passatempo.

“A gente passa a vida toda procurando o amor verdadeiro. Mas desiste depois da maior decepção. Porque talvez, na realidade esse tal verdadeiro amor nem exista. Ou exista e a gente esteja ocupado demais pra percebê-lo. Amor é subjetivo, é mágico, metafísico... Embora haja decepções daquelas que fazem a gente pensar “Nasci pra ser sozinho”, depois de conhecer outra pessoa a gente volta a sentir aquilo tudo novamente. As pernas bambas, o calor no rosto, o coração batendo tão forte que é possível senti-lo na garganta...”


Eu tive vontade de lhe dizer tudo isso naquela ocasião. Porque depois daquela noite, a lua nunca mais brilhou de uma forma tão bela. Nunca mais, meu coração bateu tão acelerado, sentindo tua respiração quente no meu rosto, pele na pele, boca com boca, olhos nos olhos e eu pude sentir teu coração batendo perto do meu.

Por mais que o tempo já tenha passado, essa noite é uma das lembranças mais remotas e felizes que tenho de nós dois. O dia em que pelo menos por um único momento, meu sentimento foi correspondido. Impossível prever que seria a pessoa mais feliz do mundo quando estivesse do teu lado. Mais impossível ainda era prever que eu sentiria a tua falta mais do que qualquer outra coisa e que as tuas mãos, somente as tuas, poderiam me proporcionar os carinhos que me transmitiam segurança e proteção.

Não estava nos meus planos, me apaixonar. Também não estava, passar tanto tempo do teu lado. Era pra ser algo de só um dia, só do momento, nada sério. Apenas um passatempo, porque afinal, pra mim os homens sempre foram apenas passatempos e eu queria me divertir sem me apegar a compromisso algum.

Mas quando você me beijou eu senti como se tudo ao nosso redor sumisse. E de repente só existia nós dois. Teus olhos são lindos, de perto são mais castanhos. Parecem ter um brilho especial, ou seriam os meus que se refletiam neles? E as tuas mãos... Ah as tuas mãos são grandes e eu gosto de mãos que se encaixem perfeitamente nas minhas. As tuas costas largas de homem que protege a mulher num abraço aconchegante. E o teu cheiro, as notas amadeiradas e o âmbar... Elas estão impregnadas na minha mente até hoje. E cada vez que eu sinto teu cheiro, lembro do quanto me fizestes sentir tantas coisas da forma mais intensa.


Não sei se é uma coisa saudável me apegar só à lembranças, mas tenho vontade de comprar teu perfume pra ficar sentindo o cheiro dele cada vez que eu sentir saudades.


Eu já tirei tuas fotos da minha vista, só que não tive coragem de jogá-las fora. Estão guardadas numa agenda que fica sempre à mãos. Por mais que eu não as veja o tempo todo. Elas ficam lá. Bem acessível caso bata a vontade de olhar pro nosso momento casal, registrado num pedaço de papel que eu já deveria ter queimado, mas que me queima por dentro cada vez que eu tento isso.


Mas o nosso chocolate preferido continua sendo o meu chocolate preferido. Não sei se ainda é o seu, porque eu também não sou mais sua preferência em nada. Mas eu continuo gostando do chocolate, gostando de colecionar as figurinhas que vem nele. Um dia desses eu comi com um amigo. Não foi a mesma coisa. Ele jogou fora a embalagem com a figurinha. Você jamais faria isso. Sempre me davas a figurinha. Mas ele não é você. E foi quando eu virei pro lado olhei pra ele e percebi que a embalagem tinha ficado na lixeira foi que eu percebi que eu também tinha ficado pra trás no seu caminho. Assim como a figurinha na embalagem. Será que eu fui uma figurinha? As vezes eu acho que sim.

Eu tô sofrendo. Sofrendo muito. E cansei de me esconder sob uma capa de mulher-maravilha que é forte o bastante pra ser inabalável. Eu cortei meu cabelo, mas antes mesmo disso, eu já me sentia meio Sansão. O que eu tô querendo ao me mostrar forte, centrada, decidida e super-heroína? Você pra mim é kriptonita e eu senti isso hoje, em poucos minutos que ouvi sua voz no telefone, me tratando de igual pra igual. Eu te ignoro, você me ignora. Eu te desprezo e você me despreza.

Mas no fim, eu te amo. E você? Nem sei...

sábado, 17 de janeiro de 2009

Tenho mais cérebro do que bunda

Falei com ele mais cedo no MSN. Até cogitei a possibilidade de voltar, mas eu não vou negar que estou com um certo receio. Acho que porque apesar de descobrir que eu o amo, nossa relação terminou muito desgastada.

Recebi a ligação de um amigo me convidando pra sair. Disse que ia pensar e retornaria a ligação em alguns minutos. Pensei em ter que tirar a camisola, tomar um banho, me arrumar, arrumar o cabelo, fazer maquiagem e encarar um salto alto. Era um trabalho muito árduo e eu tava morrendo de preguiça. Mas aí pensei que eu podia conhecer alguém interessante na noite. Sempre conheci gente interessante na Belém by night. Mas como são raríssimas essas minhas saídas, geralmente eu nunca mais encontro, depois.

E lá fui eu. Decidi por um look básico com pouco brilho. Também não abusei de maquiagem. Uma sombra dourada com degradê marrom e gloss. Apenas me certifiquei de esconder bem as olheiras das noites de sono conturbadas e colocar um blush rosa pra aparentar saúde. Ultimamente eu tenho aparentado muita saúde física. Ter emagrecido alguns quilos tem me garantido elogios dos amigos e umas e outras cantadas. Pena que só de homem comprometido.

Eu tava apresentável. Com um salto médio pra não cansar muito e num look bem natural (eu não faço o tipo que se liga em tendência de moda. Visto o que acho que fica bom em mim e sempre acerto, ainda bem!). Quando encontrei com meus amigos, uma amiga disse:”Hoje promete. Vou te arrumar um namorado! Missão da noite”. Ela e outra amiga saíram decididas a fazer isso, depois da fossa que eu passei quando terminei com o meu ex, em meio a muitas decepções, brigas e discussões que me fizeram declarar pros meus amigos: Não quero mais vê-lo nem pintado de ouro. Odeio ele. Quero que ele se exploda!

Era um dia chuvoso. Um típico dia cinza. Eu tava com raiva e disse isso pela milésima vez. E foi então que o meu melhor amigo me deu o veredicto dele: “Não vou mais permitir isso. Tu não vais voltar com ele”.

Fomos para um lugar legal, eu tava morrendo de frio, mas a comida tava ótima. Não bebi nada além de coca zero. Minha amiga tava revoltada. Sempre saímos e enchemos a cara pra afogar as mágoas ou simplesmente pra ficar falando merda e rindo. E eu lá com hipotermia e tomando coca-cola. Eu não tava afim de beber. Não era um dia pra beber. Embora eu tivesse muitas mágoas pra afogar, a minha cabeça não tava aqui. Tava lá, tava lá do lado dele, com ele, nele. Sei lá. Mas depois de ler um “Sinto muitas saudades também”, eu queria ficar em casa, me agarrando ao fio de lembrança que restava dos melhores momentos com ele. Minha família descobriu nosso relacionamento, de algum modo descobriu. Então isso me rendeu certas represálias. Eu disse que já tinha acabado, e eu achei que já tinha mesmo. Mas um dia eu acordei com aquela mesma sensação de 6 meses atrás. Que é ele que eu quero. Que é ele que eu amo. E que vale à pena viver essa história porque ele me completa.

E me certifiquei disso ontem. O lugar era legal, tinha caras bonitos. Conversei com uns tantos. Conheci um amigo de uma das meninas. Estávamos todos juntos olhando o show, a banda tocava “Último Romance”. Ele me disse que também adorava Los Hermanos e lamentava o fim da banda. Não gostei do sorriso dele, era forçado e dava na cara que a qualquer momento ele ia me roubar um beijo. Mas gostei do perfume dele, era marcante, diria quase envolvente. Notas amadeiradas. Definitivamente, adoro perfume masculino. Mas aquele em especial me trazia à memória, só o meu amor. Seria um complô do universo? Conheço um cara numa noite que saí confusa entre partir pra outra ou voltar pra mesma e quando conheço alguém que parecia interessante, ele usa o mesmo perfume. Maldito cheiro. Por várias vezes, ele ficou impregnado na minha pele depois de um abraço. Quando de repente, o cara entre uma cerveja e outra, falou no meu ouvido: Você tem um bumbum lindo, desculpa mas não deu pra não reparar.

Eu já ouvi isso um monte de vezes e a minha resposta pra isso é só uma: Ignoro. Simplesmente ignoro. Posso conversar com uma planta até, mas a pessoa eu deixo de lado.

Eu sempre fui isso pra todos os homens que eu conheci na minha vida. Só uma bunda bonitinha. Tô de saco cheio disso! Tenho muita cultura, entendo de vários assuntos. Li um monte de livros, vi um monte de filmes, sou uma companhia agradável na maior parte do tempo.

E aí eu posso dizer que nisso, ele é diferente. Lógico que ele deve ter achado a minha bunda excitante, mas ele não ficava falando isso. Quando eu perguntei pra ele uma vez, o que mais tinha chamado atenção dele em mim, ele respondeu que era o jeito despreocupado que eu vivia os meus dias. Ele disse que adora o brilho do meu olhar quando eu falo empolgada sobre girafas, ou sobre alguma coisa da faculdade. E ele disse que eu sou muito engraçada. Mas nunca, nos primeiros 3 meses, sequer mencionou palavras baixas que se referiam a imensa massa adiposa que localiza-se na minha parte glútea.

Pronto! Custava os homens serem assim? Não, ele não é perfeito, caro leitor. Mas ele foi o que mais se afastou do meu conceito de “Imperfeição”. Ele também não é o meu príncipe encantado, mas ele me acordava com um beijo e sempre que eu corria algum “perigo”, se ele não pudesse me salvar pelo menos ele me abraçava pra eu não me sentir tão sozinha. E mesmo que ele não fosse o homem dos meus sonhos, eu sonhei com ele por muitas noites quando me descobri apaixonada.

Tudo o que queria era um cara que me respeitasse como mulher. Que entendesse minha TPM, mesmo que nem aturasse, mas que pelo menos entendesse. Que me enxergasse como uma mulher inteligente, culta, simpática, autêntica e interessável. Tudo, menos só mais uma bunda bonita.

E o cara de ontem, me deu uma certeza de uma vez por todas. Que não devo sair por aí à procura de outras pessoas. Meu coração já pertence a alguém. Um alguém que eu tô contando os dias, os 11 exatamente, a contar de hoje, pra reencontrar e voltar a ser feliz.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Eu senti medo.

O amor definitivamente não é o tipo de sentimento que covardes possam sentir. O amor exige coragem. Muita coragem.
Coragem de enfrentar preconceitos, de acreditar que vai dar certo, de não se importar com opiniões pessimistas. Coragem pra viver a vida a dois. Pra saber a hora certa de dizer sim e não. Pra saber se vale à pena insistir quando tudo se desgastou ou se é melhor sacrificar sua felicidade em nome da felicidade do outro.
Eu fui corajosa, todos os dias. Sentir o frio na barriga me dava essa certeza. Porque só podia saber que estava sendo corajosa quando sentia medo. O medo de parecer vulgar ao tomar a iniciativa. O medo de ouvir um não quando pedia um beijo. O medo de ver que estava sendo usada. Senti medo, e não me envergonho por isso. Acho que até me sinto orgulhosa.
Sim! Palmas pra mim que senti medo de amar e superei esse medo!
A vida toda eu procurei um bom motivo pra não me envolver, pra não pensar sequer em depender de alguém pra tornar meus dias mais interessantes. Gastei muito tempo me tornando interessante que esqueci de me tornar interessável.
Mas aí um belo dia eu olhei por lado e vi que ele sempre esteve lá. Que era quem me conhecia e me aturava até na TPM. Que era quem nem ligava se a minha bolsa não combinava com o meu sapato, ou se eu não tinha feito chapinha. Era pra quem eu chorava todas as minhas dores e dividia todas as minhas alegrias. Com quem eu sonhei ir ao altar com um vestido cor de pérola bordado de cristal, o buquê de rosas vermelhas e a minha sobrinha de dama de honra.
Não vou dizer que a gente não deu certo. A gente deu certo pelo tempo que tinha de dar. Eu fiz muitas loucuras, me desfiz de pessoas, de coisas, de sentimentos que não me eram mais úteis. Escondi ele da minha família e de quem mais não enxergasse que o nosso relacionamento era algo bonito e verdadeiro. Cometi um grande erro para nos privar preocupações posteriores. Ele me deu um novo ponto de vista pra olhar a vida. Ele me fez melhor. Se a gente errou se envolvendo, não foi culpa de ninguém. Ele me amou no tempo dele e eu descobri isso muito tardiamente. Tão tarde que ele mal aproveitou.
Claro que eu deveria dar uma chance pra nossa amizade. Mas eu não consigo, eu simplesmente não consigo. É um defeito, eu sei. Mas espero que ele acredite que “Pra sempre” não dura só até amanhã de manhã. E enquanto essa pontinha de frustração de ter ficado no “quase” insistir em ficar alojada no meu coração, eu simplesmente não poderei olhá-lo com outros olhos.
Também não vou me culpar se eu não sou bonita o suficiente, se não sou gostosa, se não curto os mesmos programas. Um amigo em comum disse que não conseguia entender porque eu e ele nos dávamos tão bem, sendo tão diferentes. Uma pessoa emendou: Os opostos se atraem.
A verdade é que nada disso se explica. Que o amor não se explica. Só se sente. Unicamente isso.
Ele vai viver a vida dele e eu vou viver a minha. Vai levar muito tempo pro nosso tempo passar pra mim e eu fico feliz que já tenha passado pra ele que pelo menos não é mais tão doloroso. Vou tentar ao extremo, voltar a ser sua amiga. Ainda tem litros de lágrimas pra chorar, cada vez que eu ver que ele já me superou, mas também haverá mil sorrisos cada vez que eu notar que ele está feliz. Porque eu tentei fazê-lo feliz, mas sendo a felicidade algo tão subjetivo, jamais saberia os seus parâmetros para julgar isto.
E eu fico em paz, porque afinal... Ninguém é culpado por não termos ficado juntos pro resto das nossas vidas.

domingo, 26 de outubro de 2008

Salve-se quem puder!

Ainda agora eu falava pra minha mãe e uma vizinha que anulei meu voto para prefeito no segundo turno, sem dó nem piedade. Por simples falta de opção. Um só promete e com certeza não iria cumprir e o que se reelegeu só promete o que não pode cumprir e quando cumpre, melhor se nem tivesse prometido. No primeiro turno confiei meu voto a um cara que eu sabia que era muito preparado. Ele não foi pro segundo turno e acabou apoiando o candidato que eu jamais daria o meu precioso voto. Não vendo, não troco, não dou meu voto pra mais ninguém. Sabe por quê? Porque simplesmente há tempos atrás (e eu faço aqui um farofão pra esse episódio, o dos caras-pintadas e tantos outros de revolução e luta contra opressão), mulheres assim como eu, foram às ruas pra garantir que seriam muito mais do que receptoras de esperma, genitoras e serviçais... Provaram que tinham vez e voz perante a sociedade e conquistaram um direito, o de escolher o futuro político da nação onde vivem. Que me taxem de feminista, pouco me importo! Mas besta, eu não sou. O meu voto não vai pro espertalhão que aparece aqui de 4 em 4 anos distribuindo comida, roupas, calçados, asfalto vagabundo, dinheiro, empregos temporários e principalmente papeizinhos com uma seqüência de números que pra mim mais parecem um código que acionam uma bomba-relógio. E ela explode aos pouquinhos, dia após dia nos 4 anos subseqüentes!!
Policiais matam pessoas inocentes por pura confusão. Eu sei o que é que tá confundindo. O cara vai pras ruas, sem nenhum preparo psicológico, com um arma de fogo na mão enquanto fica pensando na família que na maioria das vezes, é ele que sustenta sozinho. Tem também o verme asqueroso que ganha R$ 14 mil por mês e podendo ter quem ele quiser nesse mundo capitalista e materialista, o cara resolve manter relações sexuais com uma criança. Uma coisa no mínimo repugnante! Mas como reza a sabedoria popular, “nada está tão ruim que não possa piorar”. Então descobre-se que no meio dessa história, existe uma mãe que leva sua própria filha e a amiguinha pro desgraçado do procurador aliciar. Pô, eu tô doida ou de repente o sentimento maternal tá cagado? Tenha a santa paciência! (diria divina?).
Depois, vem um monte de gente me dizer que o político beltrano é melhor do que o ciclano porque ele aparenta ser mais confiável. Mermão, eu que não confio mais nem no meu próprio organismo por ter sido traída pelo meu pâncreas, vou confiar num desgramado com cara de santo? Todo ser humano tem um potencial homicida ou suicida dentro de si. E com isso não se brinca.
Vou continuar anulando meus votos. Porque acho que o Código Penal brasileiro deveria ser reformulado. Porque acho que políticos têm muitas regalias. Porque acho que a política brasileira é uma grande piada de humor negro. Porque eu não sou só mais um número. Porque acho que vergonha é sustentar 10 pessoas com R$ 415 por mês. Porque repudio a política de pão e circo. Porque não posso sequer sair na rua em segurança. Porque tenho meus direitos esmagados pela pseudo-ditadura que Belém vive. Porque estou cansada de sair de casa e deixar minha mãe rezando para eu voltar sã e salva. Porque o verde da bandeira predomina mostrando a imaturidade da nossa nação ante os ideais de justiça, e principalmente ordem e progresso. Porque quero mais investimento em educação e emprego. Porque tenho vergonha de viver numa cidade de caos que tá morena de tão queimada.

sábado, 25 de outubro de 2008

Volta TV Colosso!

Minha mãe embrulhava presentes pra festa do colégio dela. Meu pai lia as últimas notícias na internet.
Eu, tentava enrolar na cama. Geralmente é assim, eu acordo e posso passar horas tentando lutar contra a força que me prende ao colchão.
Gosto de ficar pensando, pensando, pensando.. Pensando naquilo que deu certo, no que não deu, numa frustração que me arrebatou no dia anterior, no que eu vou fazer mais tarde, se enrolo as pontas do cabelo pra fora ou pra dentro na hora da chapinha, como eu vou estar daqui a 15 anos.
Essas coisas, banais, importantes, indispensáveis.
De repente, ouço do quarto, minha mãe comentar com meu pai sobre o caso da menina que foi assassinada pelo ex namorado que a sequestrou e matou. Sim, caros amigos, ela mesmo. A Eloá.
Eu simplesmente, acho incrível - só pra eufemizar, porque eu iria dizer mesmo era, que é inaceitável e inacreditável - que de repente essa menina tava mais dentro das nossas casas do que nós mesmos.
Aqui então, a cada flash da globo e da record, mamãe soltava o suspiro de "Ai meu Deus. Eles apareceram na janela. Ele tá atirando. Cuidado!". Um dia, durante as 100 horas de sequestro, olhei até pra janela pra ver quem era que tava lá. Ninguém.
Aliás, janela por janela, pobre Isabela que também não teve uma relação muito saudável com uma janela. Nem com a Globo. Ainda bem que minha casa só tem um pavimento, se eu cair da janela, só ralo o joelho! Mas eu tava falando da Eloá, a filha mais velha dos brasileiros, a Isabela era a caçula. Depois falo dela que também sofreu a mesma coisa.
Enfim, a Eloá de repente conquistou o que toda menina na idade dela, sonhou um dia. Popularidade. Duvido se não tem um monte de crianças batizadas com o mesmo nome em homenagem a ela. Só é uma grande lástima que essa popularidade tenha vindo sob um enfoque tão triste e trágico.
Mas tristezas à parte, vou falar sobre algo que definitivamente me incomoda muito.
Eu nunca vi essa menina pessoalmente, nunca fomos apresentadas, não sabia nem quem era Nayara, Lindemberg, os outros reféns, os pais deles, o capitão da polícia e nem os vizinhos que dão entrevistas e depoimentos. Mas aí, foi só a Globo jogar no Jornal Nacional que a vida Eloá cruzou com a minha.
Não, eu não tava lá, eu não fui lá, eu só fui saber do sequestro, na verdade, no último dia ouvindo uma brincadeira do meu melhor amigo que disse "Te cuida com o teu ex, de repente ele tenta te sequestrar!" e por uma mulher que fez o meu pão com queijo na padaria.
Foi aí que na hora do jantar, eu me dei conta que meus pais se rendiam a uma espécie de reality show dos horrores. Eles e o resto do Brasil.
As pessoas acompanharam cada minuto do sequestro. Minha tia podia escrever o inquérito todo, contando cada detalhe. Se quiser, ela dá até a opinião!
Minha prima vai pro msn e coloca na mensagem de exibição, "Luto! Eloá Cristina Pimentel. Nós sempre te amaremos. Saudades eternas". Cheguei a perguntar quantas vezes ela foi a Santo André nos 11 anos de vida dela.
O meu pai acredita que o cara é um inescrupuloso e que deve responder de acordo com os crimes que cometeu, sem ter direito a atenuante algum. Papai não é advogado, ainda bem.
Mamãe também não é advogada, ainda bem. Aliás, é a única pedagoga que eu conheço que não acredita em reabilitação social. "Nada de reinserção na sociedade. Pena de morte pra ele" brandava ela enquanto eu tranquilamente passava requeijão no meu pãozinho, no dia subsqüente ao fim do sequestro, em que todos se acham psiquiatras, advogados, juízes, peritos, sociólogos, filósofos...
A titia perguntou o que eu acho. Fui categórica, "Acho que esse caso já encheu o saco! A menina já morreu, deixa ela descansar em paz. Prende o cara, faz ele pagar pelo crime dele e volta Os Normais, Tv Colosso, Tv Pirata e Sai de baixo."
Acho que a Globo perde muito tempo fazendo todo mundo de fantoche. E deveriam respeitar os sentimentos e os pesares das famílias que eles colocam na berlinda cada vez que um crime acontece. Eu que já quase nem assistia tv, nas últimas 2 semanas aumentei minha coleção de filmes baixados na internet. Lendo dois livros simultaneamente. Os vizinhos me acham estranha, porque eu sento no jardim pra ler e porque não assisto novela. Quando me perguntam algo sobre novela, eu fico voando.
Acho que a essa hora tá passando pela sua cabeça "Nossa, que menina insensível." Acredite, eu imagino a dor da família de todos os envolvidos, lamento a perda de mais uma vida inocente e peço a Deus a iluminação devida as vítimas e seus familiares.
Mas esse fato de que de repente todo mundo se sente parente da Eloá, enche o saco. Eu não sei as proporções da dor que a mãe dela tá sentindo, como os pais do Lindemberg estão ao saber que o filho é um assassino, como tá se recuperando os ferimentos da Nayara. Nada disso.
Eu só sei o que a tv mostra, o que as pessoas comentam no ônibus, o que a mulher da padaria do supermercado falou de manhã cedo enquanto eu tomava meu café, e foi aí que fui saber o que tava acontecendo, que se tratava de um ex namorado desesperado com fim de um namoro.
Um especialista disse que ele tinha dificuldades em lidar com frustrações. Ora, eu não sou formada em PN e sei disso, ok? Por isso que sempre digo: Acreditem no poder do Carbolitium e da fluoxetina!

Agora é esperar pelo próximo acontecimento trágico que a Globo vai ficar bombando.
Se tiver outro sequestro nessas proporções, não deixe de aproveitar. Compre o pay-per-view pra acompanhar minuto a minuto.

É, isso é Brasil.
Eu odeio a Globo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A ambigüidade do "Eu te amo"

Um dos piores sentimentos experimentados por um ser humano, com certeza é a decepção.
Frustrar-se com algo ou alguém em quem você depositou uma confiança tamanha é simplesmente atormentador. É de perder o sono mesmo. Noites e noites. E ficar olhando pro nada, mais vegetando do que vivendo, se perguntando "Aonde foi que eu errei?"
Ora, eu não errei. Não errei porque em nenhum momento faltei com a verdade - Embora tenha quebrado o pacto individual de nunca se apaixonar - nas minhas atitudes e palavras. Não errei porque amar não é o erro, não se deixar ser amado é que é errado. Não errei porque fui corajosa. Porque não sei ser aquilo que esperam de mim sempre. Não abaixo a cabeça e digo que aceito se estou descontente. Assim como também não digo que não me importo se passo dias tentando saber se está tudo bem. E acima de tudo, não minto ou omito sobre o que estou sentindo. Se falei que amava, é porque amava.
Um "Eu te amo" é a mais linda frase que alguém pode dizer e ouvir, não é banal, não é torpe, não merece cair em desuso. Sei muito bem o peso dessas palavras, e o que elas significam em sua essência. Por isso que eu não errei!

Uma certa pessoa me falou que existem muitos significados escondidos por trás de um "Eu te amo", que ele pode significar "Fica comigo o resto da minha vida", ou que também pode ser interpretado como um "Me esquece". E completou dizendo que isso seria inerente a forma com que é dito, a intensidade, e o jeito de expressar. Porque afinal de contas, tudo é relativo.

Lógico que é. Viver por si só, já é relativo. Eu posso não gostar da chuva que me pega despreparada ao caminhar pela rua, enquanto essa mesma água alimenta a terra que dará bons frutos pra minha subsistência. Eu também posso reclamar ao ter que levantar cedo pra um compromisso ou simplesmente agradecer a Deus por ter acordado mais uma manhã. E posso ficar lembrando sempre de alguém que amei verdadeiramente, ou simplesmente esquecer que existimos conjugando os verbos na 1ª pessoa do plural.
Tudo é muito relativo. Ele tinha razão quando disse que dependia da pessoa que dizia o "Eu te amo".
Pois se antes o meu "Eu te amo" significava "Fica comigo o resto da minha vida", querendo dividir o que já nem cabia mais em mim, sonhando em ser feliz ao lado de alguém como ele, hoje esse mesmo "Eu te amo" que um dia eu disse com todas as forças do meu ser, colocando o meu coração em cada linha que teci pra dizer que era puro, verdadeiro e forte.. Ah.. esse que antes era maleável e sentimental, enrijeceu-se e tornou-se um ríspido, sutil e quase suplicante, "Me esquece"!

A vida dá muitas voltas. Não dá pra mudar nada do que aconteceu, mas dá pra refazer o plano de caminhada daqui pra frente. E sem dúvida, o "nós" deu lugar ao "você" e ao "eu". Separados. Cada um com a sua vida. Cada um no seu caminho que na verdade, nunca deveria ter cruzado o do outro.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mudar é uma questão de força de vontade

Essa não é mais uma carta de amor. Sequer uma declaração apaixonadamente recalcada. Na verdade, se for pra classificar, acho que isto é uma carta-suicídio. Calma, eu não me mataria por você. Aliás, não valeria ser suicida ou homicida por um motivo tão banal.

Mas estou matando uma parte de mim. A parte que tu conhecestes nesses 9 meses. A menina, que fala como criança, que é 24h por dia, teu apoio, teu porto seguro, entregue à tua submissão. Matando a menina que move céus e terras pra te fazer sorrir. Que deixou de viver a própria vida em razão de viver a tua. A menina que chorava cada vez que tu causava a frustração dela.

Estou suicidando a menina, que um dia ousastes achar que era tua.

Enquanto tu saías com os amigos pra beber, farrear e se esbaldar na esbórnia, eu ficava em casa procurando motivos pra entender porque eu simplesmente não conseguia ser teu amor. Se era o corpo que não tava em forma, se era a diferença de assuntos que nos agradassem. Numa das nossas DRs tu falastes que não tínhamos nada a ver. Engraçado que era só pra algumas coisas. Devo dizer que fora das quatro paredes, então? Se for, realmente não temos nada a ver um com outro.

Enquanto tu viras inúmeras garrafas de cerveja, eu tomo uma ou duas latinhas porque eu tenho que estudar no outro dia e porque eu bebo pra mim, não pros outros. Enquanto tu procuras novas mulheres pra acrescentar à tua lista enorme do celular, eu procuro novas pessoas que me ensinem coisas novas, úteis à minha vida. Que se tornem amigos. Que me contem sobre viagens, me mostrem uma visão de mundo diferente da minha. Enquanto tu dormes com outros corpos, pensando em como ganhar o título de garanhão, eu durmo pensando em como eu vou crescer intelectualmente. Enquanto tu pensas pra que farra vai no fim de semana, eu penso como vai ser a minha vida daqui há 5 anos. Enquanto tu calculas quantas cervejas precisa dar pra menina que estais de olho pra ela poder acabar na tua cama no fim da noite, eu calculo quanto tempo eu vou precisar ter pra aprender um novo idioma, pra estudar um assunto novo, pra malhar, nadar e treinar. Aliás, volto a treinar essa semana porque precisarei desenvolver mais a minha mente do que os meus músculos. Já perdi 7 kg. Não porque tinhas vergonha de me apresentar pros seus amigos. E sim porque eu tenho de melhorar a minha saúde e meu condicionamento físico pra estar no time que disputará o próximo campeonato.

Estou matando a menina que te ligava todo dia pra saber como estavas. A mesma menina que se preocupava se estavas triste ou com raiva e agüentava calada todas as respostas ríspidas e as atitudes estúpidas, típicas de quem não ta nem aí pra quem tá sempre do lado.

E agora renasci mulher. A que não vai atrás de outros homens, pra dar na mesma moeda o troco que merecias. Nem a que vai sair pra bares e lugares que freqüentas, pra forjar um encontro por acaso e emprestar um amigo que não conheces e fingir que é o atual namorado. Ganho mais ficando em casa.

Mas sim a mulher que vai ter o tempo pra si mesma. Pra aprender um novo idioma, pra conhecer um novo estilo de pintura. Pra estudar, pra ler um novo autor. Pra ver muitos filmes. Aliás, desde que você se distanciou, acrescentei mais 9 à lista. E uma série nova. Uma que tu me apresentou. Obrigada!

E obrigada por mostrar que a vida é melhor sem ti. Sem as madrugadas em claro tentando adivinhar se estavas bem. Os fins-de-semana sem notícias tuas, o gasto menor com as ligações do celular, as horas a menos na internet e olhando o mundo lá fora, as leituras a mais, o tempo livre para os amigos, pra mudar a decoração da sala, pra mudar meus móveis de lugar, pra cuidar das minhas plantinhas, pra passear com a minha cadela, pra ver o pôr-do-sol... Enfim, por todas as mudanças que provocastes, muito obrigada!Porque definitivamente minha vida só é completa com você... Com você bem longe! =D